Móveis de Valor - Edição 205

49 moveisdevalor.com.br LUIZ RABI, ECONOMISTA DO SERASA EXPERIAN gamos nesses dados do Serasa Experian sobre o pagamento de dívidas. “Apesar de termos um número elevado de inadimplentes assim que a pandemia começou, isso foi mudando com o pagamento do auxílio emergencial e com a facilidade de renegociação e alonga- mento das dívidas, que movimentaram a eco- nomia e fizeram com que os brasileiros con- seguissem ir acertando suas contas”, comenta Luiz Rabi, economista do Serasa Experian. O economista explica que o auxílio emer- gencial gerou uma compensação proporcio- nal, no geral, em relação à perda de renda sofrida pela população. Outro ponto impor- tante foi a prioridade dada no pagamento das dívidas. “Na pesquisa nós vemos que a representação das dívidas com o sistema bancário, cartões e financeiras diminuiu em 2020 e outros setores apareceram com uma porcentagem maior de endividados, como é o caso do varejo, já que a população mos- trou que o importante era garantir crédito na praça, por isso fizeram o acerto das dívi- das bancárias. Mas, em números absolutos, houve uma queda geral da inadimplência em todos os setores”. Só que o cenário positivo de 2020 não deve se repetir neste ano. A pandemia está ain- da mais descontrolada por conta das novas variantes do coronavírus e o Brasil passa por uma crise sanitária que afeta diretamente a economia. “O momento vivido com a proli- feração das novas variantes é muito compli- cado e mais letal, por isso dará um prejuízo muito maior. Nós já estamos vendo várias medidas de restrição sendo implantadas por governadores e prefeitos para conter os avanços, além da possibilidade iminente de lockdown. Isso tudo leva à paralisação dos setores e é inevitável o aumento da inadim- plência”, garante Rabi. O economista acrescenta mais fatores que irão influenciar no aumento do endividamen- to geral. “O auxílio emergencial, que ainda não está sendo distribuído em 2021, corres- ponderá à cerca de 15% do que foi pago no ano passado, tornando o reforço econômico muito menor. Fora isso, temos a inflação que vem subindo constantemente e afeta o preço de alimentos e combustíveis, que são dois componentes que corroem a renda dos brasi- leiros, e, para piorar, o Banco Central aumen- tou a Selic, deixando o crédito mais caro e as negociações mais difíceis”. Para Rabi, a esperança de um segundo semestre melhor economicamente está na vacinação em massa. “Mesmo assim já sa- bemos que os setores não bancários serão os mais prejudicados, pois a população prefere deixar de pagar uma prestação de um pro- duto comprado no varejo a ficar sem crédito no banco”. Ele ainda comenta que: “o final de 2020 veio como um sinal de alerta, com o auxílio baixando para R$ 300,00 e o aumento da inadimplência não bancária”. CAOS NA REGIÃO NORTE Segundo o economista Luiz Rabi, a crise no sistema de saúde do Amazonas e em outros estados do Norte do país já deu uma amostra do que pode acontecer enquanto a pandemia ainda estiver descontrolada. “51% dos ama- zonenses terminaram o ano inadimplentes, liderando o ranking por estado, e os resquí- cios disso devem permanecer por mais um tempo. Aliás, a população do Norte do Brasil é a que tem a menor renda per capita, e essa crise sanitária vem afundando a geração de renda na região”. Para finalizar, Rabi deixa um lembrete: “So- mente resolvendo melhor a questão sanitá- ria é que faremos a economia voltar a andar. E já podemos esperar um primeiro semestre de 2021 fechando com aumento generaliza- do da inadimplência.”

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