Móveis de Valor - Edição 212

55 moveisdevalor.com.br Sócia-proprietária de outra empresa brasileira fa- bricante de móveis de papelão, a Cartone Design, Ana Serino de Rezende, lembra de algo muito comum, mas que as pessoas às vezes esquecem: as caixas de papelão sempre foram usadas para transportar coisas pesadas. “A resistência dos nossos produtos é basicamente feita por encaixes e utilizando a coluna de força do papelão, que, definitivamente, é um material forte”. Daniela Bueno levanta outro ponto importante que é a durabilidade dos móveis de papelão. “Isso é muito relativo, a gente fala que dura o tempo que a pessoa vai precisar. Ele pode durar muito. Eu, por exemplo, tenho móveis na minha casa, inclusive no quarto dos meus filhos adolescentes que já duram dois anos. É bom lembrar que o adolescente já não cuida tanto do móvel, então sempre vai depender muito de quem está cuidan- do e manuseando o móvel”, analisa. “O que eu acho que ainda há é uma resistência pelo desconhecido, porque vemos que as pessoas ainda se impressionam ao sentar em uma cadeira de papelão, por exemplo, e ver que ela realmente aguenta o peso”, prossegue Ana Serino ao falar so- bre o material e a aceitação por parte das pessoas. Mas há também aqueles que já estão se acostu- mando com a ideia e pensando no lado susten- tável da utilização do papelão. “Eu comecei a trabalhar com isso já faz 20 anos e posso garantir que a aceitação de hoje é completamente diferen- te. Antigamente as pessoas não pagariam nada por algo feito de papelão, hoje não apenas pagam, mas entendem até que não é necessariamente uma questão de valor e sim uma questão de con- ceito”, afirma Daniela, que ainda completa dizen- do que “as pessoas estão preparadas para usarem isso. Eu acho que as empresas estão incorporan- do bem mais o papelão, desde embalagem até eventos. Porque o papelão tem esse efeito rápido de sustentabilidade, o que é muito legal para a imagem das empresas hoje em dia”. A proprietária da Crafta Inteligente lembra que os japoneses já estão totalmente inseridos nesse universo, e que não foi só uma alternativa en- contrada para as Olimpíadas. “Eles já usavam móveis de papelão há muito tempo, além das camas eles têm até divisórias que foram usadas nas escolas agora na pandemia. O que acontece é uma utilização muito inteligente e nada pre- conceituosa. Eles são, de fato, pessoas avançadas nesse sentido. Afinal, para quê você vai ter 300 camas de madeira? Depois vai fazer o que com elas? E o transporte que vai levar? Quanto vai custar até doar essas camas que você teve que comprar somente para uso temporário? Então vamos pensar de forma inteligente, são situações temporárias, depois essas camas podem, rapida- mente, virar matéria-prima novamente”. DESIGN E CRIAÇÃO “Todos os nossos produtos são feitos sem cola, eles são feitos com encaixes para podermos enviá-los e o cliente mesmo montar. Focamos em encaixes possíveis de se- rem feitos para criar algo fun- cional, bonito e prático. São peças simples de montar e um exemplo é a nossa cadeira, tem três peças, ou o banco, com duas”, con- ta Ana Serino. Ela explica que por serem de encaixe, os de CAMAS UTILIZADAS NA VILA OLÍMPICA DE TÓQUIO CRÉDITO: STR/ JIJI PRESS / AFP ESTANTE FEITA EM PAPELÃO PELA CARTONE DESIGN

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