Móveis de Valor - Edição 212

75 moveisdevalor.com.br 1968) em que o artista abandonou a criação de designer e passou a dedicar-se integral- mente a criação artística. A última exposição da obra de Tenreiro com essa abrangência aconteceu em dezembro de 1999, na mostra “Joaquim Tenreiro o Mestre da Madeira” realizada pela Pinacoteca do Es- tado de São Paulo, o que reforça a importância de relembrar agora, em 2021, o trabalho desse artista que foi fundamental para a construção do mobiliário brasileiro atual. “Tenreiro pode ser considerado o principal nome do proces- so de modernização do mobiliário brasileiro. Desde o início de sua atividade como criador de móveis, no começo da década de 1940, ele se engajou na superação dos estilos tradicionais de mobília, de traços ecléticos e historicistas, que prevaleciam até então”, conta o curador Jayme Vargas. “Ele definiu o seu trabalho a partir dos elementos formais do móvel mo- derno, como leveza, ausência de ornamentos, transparência, contenção formal, busca de linhas puras e informalidade”, completa. Tenreiro buscava trazer elementos de brasili- dade para o móvel, como o emprego das ma- deiras brasileiras, que ele passou a conhecer em profundidade, e de outros materiais que ele julgava adequado ao uso no país. “Ele teve uma formação múltipla, que incorporou a tradição da marcenaria artesanal da sua região natal ao norte de Portugal, a prática artística no Núcleo Bernadelli, um importante grupo de artistas sediados no Rio de Janeiro no início da década de 1930”, explica Vargas. “E ainda contou com a convivência com profissionais competentes e que tinham experiência no projeto e na confec- ção de mobiliário, com quem trabalhou em em- presas importantes deste setor antes de iniciar a sua trajetória de autor”, continua o curador. O artista embasou a fabricação de móveis em sua formação na marcenaria de qualidade praticada pelo pai e pelo avô em sua região natal, na Serra da Estrela, em Portugal. “Em- bora tenha manifestado interesse em aderir a produção industrial, ele manteve o seu trabalho nos quadros da produção artesanal ou semiar- tesanal”, conta Vargas. O curador explica que este modo de fazer, que caracterizou também PEÇAS PRODUZIDAS POR TENREIRO JAYME VARGAS, CURADOR DA EXPOSIÇÃO ATÉ HOJE JOAQUIM TENREIRO É CONSIDERADO UM DOS PRINCIPAIS NOMES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO BRASILEIRO

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