Móveis de Valor - Edição 213

39 moveisdevalor.com.br MAS, AFINAL, QUAIS OS REFLEXOS DA SOMA DE TUDO ISSO NOMERCADO? Consumidores com menor poder aquisitivo, mas querendo (e precisando) comprar, enquanto a indústria sofre com o preço dos insumos que está encarecendo o valor final dos produtos e dificultando as vendas, é uma nova realidade que paira sobre o Brasil, criando o fenômeno chamado downgrade. Em contraposição ao upgrade, termo muito usado para mostrar elevação no nível de um produto ou serviço, o do- wngrade consiste na mudança dos componentes habitual- mente utilizados por similares de menor custo. Essa tem sido a fórmula adotada por algumas indústrias de móveis e colchões para driblar os sucessivos aumentos no preço das matérias-primas e a ausência de componentes que desa- pareceram do mercado, a fim de conseguir oferecer preços menores aos consumidores. Mas será que é possível fazer isso sem perder a qualidade do produto? “No fenômeno do downgrade, ao invés da concorrência ser utilizada para estimular as indústrias a produzirem itens cada vez melhores, ela passa a fazer o contrário, e as marcas vão se afundando cada vez mais”, sentencia Charlene Vaz, diretora de marketing e design da Bekaert da América do Norte. Para Gustavo Lemos, presidente da Legget da América do Sul, essa é uma tendência do nosso mercado. “O desafio tem sido manter, ou pelo menos minimizar a perda de performance com essas reduções de custo”, comenta Lemos. “Existe uma pressão enorme das grandes varejistas pela redução de preços. Isso faz com que os fabricantes procurem quase sempre opções mais baratas para conseguir reduzir seu ticket médio. O fato é que isso faz com que o mercado se nivele para baixo”, completa o presidente da Legget. Buscar baixar o preço dos produtos sem perder a qualidade é uma tarefa bastante desafiadora. A Leggett, por exemplo, introduziu algumas inovações na geometria das suas molas, reduzindo o consumo de insumos sem perda de performan- ce. “Obviamente isso tem um limite e acredito que já tenha- mos chegado nele. Até seis anos atrás, o nosso molejo ensa- cado com a menor quantidade de molas, era de 208 molas por metro quadrado. Hoje nosso molejo mais vendido, tem 170 molas/m² e performance muito similar ao antigo 208”, explica Lemos. Outro fator que influencia nesse fenômeno do downgrade no Brasil é que, quando o assunto é insumos, o país é refém do preço negociado internacionalmente, sobre o qual não se tem controle. “Diante disso, existe certa dificuldade e limitação em baixar o custo dos produtos”, reforça o diretor comercial da MARCO ANTONIO PREZIA, DIRETOR COMERCIAL DA BEKAERTDESLEE CHARLENE VAZ, DIRETORA DE MARKETING E DESIGN DA BEKAERT DA AMÉRICA DO NORTE GUSTAVO LEMOS, PRESIDENTE DA LEGGET DA AMÉRICA DO SUL

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