Anuário de colchões 2022
160 Anuário de Colchões Brasil 2022 “O preço do TDI no Brasil é influenciado, princi- palmente, pela variação cambial que faz com que o preço mude de uma semana para outra, e pela oferta e procura do mercado. Quando a procura cresce e a oferta cai, o preço aumenta. Quando a procura cai e a oferta cresce, o preço diminui”, explica Temponi, se referindo a mais famosa lei de mercado. Além disso, de acordo com Rogério Coelho, países onde não há um olhar atento e cui- dadoso para as políticas de proteção da indústria e de manutenção dos empregos e da renda aca- bam sendo os lugares mais afetados. “No nosso caso, como temos o dólar como base de todos os nossos principais insumos, e o real foi a moeda que mais se desvalorizou durante a pandemia, o resulto é trágico”, lamenta o presidente da Abicol. Soma-se a tudo isso o preço dos fretes que dis- parou mais de 500%, em média, desde o começo da pandemia. Para se ter ideia, as taxas de em- barques de contêineres da China para os Estados Unidos atingiram máximas acima dos US$ 20 mil por unidade de 40 pés. “O sistema logístico global foi afetado pela pandemia. O mundo, por enquan- to, está refém de algumas rotas e tanto a sobre- carga quanto a exploração são consequências inevitáveis neste contexto”, comenta Rogério. “É um fato que teremos que aprender a lidar até, e se, encontrarmos outras saídas. Fretes da China, com valores cinco a seis vezes maiores, impactam de forma dramática todo e qualquer item impor- tado. Algo nunca visto. E a situação deve perdu- rar em 2022”, finaliza o presidente da Abicol. Para completar a tempestade perfeita de proble- mas, o Brasil parece ter sido mais prejudicado do que os outros países com as altas no preço dos insumos. Quando o mercado internacional come- çou a mostrar indícios de estar voltando para os eixos e o preço do minério recuou, no Brasil nada mudou. Os preços das indústrias locais continua- ram nas alturas. E, para 2022, espera-se que os preços das matérias-primas continuem subindo, talvez em velocidade menor. “O mercado não su- portaria o ritmo atual. É possível que o surgimen- to de novas tecnologias, outras matérias-primas e processos industriais inovadores aliviem um pou- co a situação. Se espera para o segundo semestre um início da queda do frete internacional”, prevê Rogério. E o presidente da Asinec também vê o novo ano com bastante preocupação. “A popu- lação perdeu 30% do seu poder de compra e a volatilidade ainda está muito alta. Então será um ano de muitos desafios e de baixa expectativa de demanda do mercado”, finaliza Temponi. LUZ NO FUNDO DO CONTÊINER E se para o TDI e Poliol o problema é a importa- ção, no caso do aço a saída também passa pelos portos. Isso porque a importação de aço tem sido o caminho encontrado pelos fabricantes de mole- jos, que buscam em países como Turquia e China preços mais competitivos, apesar do custo do frete marítimo. A debandada dos clientes, pode forçar Gerdau e Belgo, que também anunciaram o religamento de fornos (o que vai aumentar a oferta), a rever sua política de preços. Para ilus- trar o tamanho dos aumentos, antes da pandemia o preço da tonelada do fio máquina aos fabrican- tes de molejos saia por pouco mais de R$ 3.000, em setembro de 2021 chegou a R$ 11.000. Outro elemento que deve forçar a redução do pre- ço do aço no Brasil é o fim da sobretaxa imposta à China por dumping, que vence em julho de 2022, isso se o governo não atender o lobby das siderúr- gicas como fez com o TNT, atendendo a pressão dos fabricantes de tecidos. AC O aço foi o insumo com maior aumento acumulado em 2021
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