Anuário de colchões 2022
164 Anuário de Colchões Brasil 2022 de molas, era de 208 molas por metro quadrado. Hoje nosso molejo mais vendido, tem 170 molas/ m² e performance muito similar ao antigo 208”, explica Lemos. “Entretanto, a redução na densi- dade de molas e uso de material, é um fenômeno que não vemos comumente em outros países”, admite o presidente da Legget. Em relação aos molejos, a busca por molas apa- rentes, em substituição às ensacadas, também tem sido recorrente. Há também aqueles que pedem molas com menor altura e, neste caso, compensam a perda de altura com mais EPS. Outro fator que influencia nesse fenômeno do downgrade no Brasil é que, quando o assunto é insumos, o país é refém do preço negociado in- ternacionalmente, sobre o qual não se tem con- trole. “Diante disso, existe uma certa dificuldade e limitação em baixar o custo dos produtos sem perder a qualidade”, reforça o diretor comercial da BekaertDeslee. E os efeitos a longo prazo podem ser catastróficos. “O downgrade de produtos pode chegar a um limite onde o consumidor perceba diretamente este efeito e sinta-se lesado, causando uma perda importante na imagem dos colchões que foi duramente adquirida ao longo dos últimos anos, através do trabalho realizado pela Abicol e seus associados e fornecedores”, analisa Prezia. “Enquanto o mercado estrangeiro está cada vez mais preocupado com a transparência dos pro- dutos, mostrando para os consumidores o que foi feito, como foi feito e como será descartado, no Brasil o consumidor é forçado a aceitar o que tem”, observa Charlene Vaz. Segundo ela, os consumidores de outras partes do mundo têm se tornado cada vez mais conscientes, preocupados com a sustentabilidade e com os benefícios que aquele produto traz para sua qualidade de vida, “e caso o produto não esteja de acordo com o que eles desejam e acreditam, eles simplesmente não compram”, afirma Charlene. Com o poder de compra cada vez menor e as em- presas diminuindo a qualidade dos produtos, os consumidores brasileiros ficam sem escolha. Mas Charlene Vaz acredita que o consumidor brasilei- ro vai despertar e, quando isso acontecer, cobrar a indústria e o varejo. “Quando descobrirem que estão comprando produtos com componentes inadequados, as vendas de colchões vão cair e só assim o mercado vai se dar conta que diminuir a qualidade dos produtos não é o caminho para contornar a crise”, conclui. Já Rogerio Coelho, Presidente da Abicol, consi- dera que o consumidor brasileiro tem um aliado que nenhum outro consumidor no mundo tem no momento. Uma etiquetagem que mostra de forma completa o que está dentro do colchão, em um detalhamento que, sendo observado atentamente pelo consumidor, vai determinar o que ele deseja comprar. “Colchões produzidos nos EUA e na Europa pos- suem apenas informações básicas quanto à sua construção, não detalhando a contagem de molas, espessuras e densidades das espumas e tecido, por exemplo. Nemmesmo os sites dos fabricantes in- formam este detalhe. O consumidor deve acreditar no que o revendedor diz, mas não tem como atestar. Este é um diferencial que a certificação compulsória do Inmetro trouxe ao setor colchoeiro, que pode auxiliar o consumidor para não ir para este down- grade”, destaca o presidente da Abicol. Rogério lembra que os fornecedores de matérias- -primas também são responsáveis por este movi- mento, ao ceder a pressões do mercado, do mesmo modo que os fabricantes de colchões, à contra- gosto, tem que ceder às pressões que recebem dos lojistas. E o que é pior, ao ceder a estas pressões e ofertar produtos ditos “razoáveis” que somente o fornecedor, num primeiro momento, pode atestar sua durabilidade, pode induzir todo o mercado à procura sem fim da redução de custos. AC Um dos efeitos do downgrade é o das molas dos colchões que está diminuindo de tamanho
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