Anuário de colchões 2023

Anuário de Colchões Brasil 2023 117 ção de agentes biológi- cos em cada caso. “Ana- lisamos colchões com três, cinco e dez anos de uso e detectamos qual a quantidade de ácaros e bactérias por centíme- tro quadrado em cada item. Também observa- mos quais as espécies de agentes biológicos que são encontrados em cada caso e os riscos que eles representam à saúde das pessoas’’, explica Taher. Além disso, o estudo também leva em conside- ração os hábitos das pessoas em seus quartos e o quanto eles influenciam na aceleração da insa- lubridade de um colchão. “Nas próximas fases da pesquisa queremos relacionar a quantidade e as espécies de bactérias encontradas no colchão com os hábitos dos usuários. Tem pessoas que se alimentam em cima dos colchões, tem aqueles que trabalham, estudam ou só deitam para ver séries. Queremos entender também como esses hábitos influenciam e aceleram esse processo de insalubridade”, esclarece o doutor. “Nosso objeti- vo é entender se existe um prazo de validade ideal para os colchões. Isso porque, pela aparên- cia, pode parecer que estão em condições de uso, mas mesmo que as molas, o tecido e a espuma estejam intactos, podem existir microrganismos invisíveis atuando no colchão e o tornando im- próprio para a utilização”, reforça Taher. O doutor também enfatiza que, mesmo que o col- chão seja frequentemente higienizado, essa limpeza costuma ser superficial e os ácaros podem estar em camadas mais profundas do produto. “Quando um colchão chega a um estado permanente de infecção ele se torna impróprio para consumo e não há ne- nhum tipo de higienização que possa reverter essa situação”, destaca. Ainda segundo o doutor, essa é uma pesquisa inédita no Brasil. “É a primeira vez que a insalu- bridade dos colchões é estudada de acordo com os hábitos dos brasileiros, sendo também a primeira Dhyogo Miléo Taher, doutor em engenharia e ciência dos materiais vez que poderemos afirmar o real tempo de va- lidade deste item”, reitera Taher destacando que o estudo é de suma importância para alertar os consumidores sobre colchões que são vendidos com grandes períodos de garantia, como se, fisi- camente, os componentes do mesmo suportariam um longo período de tempo sem se importar com um fator tão importante quanto a salubridade do colchão. “É preciso conscientizar e orientar as pessoas sobre como, mesmo que os componentes de um colchão estejam bons, ele ainda assim pode apresentar riscos à saúde”, afirma o doutor. Em relação aos resultados que a pesquisa encon- trou até agora, Taher adianta que um dos colchões testados apresentou 260 unidades formadoras de colônias de agentes biológicos por centímetro quadrado. Um número que alerta para o gran- de perigo que a utilização de um colchão fora da validade pode oferecer. “Além dos números assus- tadores, também estamos encontrando espécies de ácaros e bactérias que representam sérios riscos à saúde das pessoas”, enfatiza Taher. Outro ponto importante que precisa ser levado em considera- ção é que a testagem dos colchões foi feita durante o inverno, com temperaturas inferiores a 10º, ou seja, em altas temperaturas esses resultados po- dem ser ainda mais alarmantes. O estudo que ainda está em fase de decodifica- ção de bactérias está previsto para ser concluído até meados de 2023 e, depois disso, a expec- tativa é que ele seja publicado em uma revista científica para que possa ser utilizado como um material de referência por todo o setor colchoei- ro, dando respaldo científico para a definição de datas de validade para colchões. AC

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