Anuário de colchões 2023

182 Anuário de Colchões Brasil 2023 O encantador de pessoas A frase dita por Diadorim, per- sonagem no clássico Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, cabe inteirinha na vida do empresário Hélio Silva, fundador da Castor, conhecido por Dr. Hélio. Realmente, a vida carece de ter coragem. Coragem de resistir à inércia, de superar obstáculos, en- frentar desafios e a brutalidade do mundo, coragem para empreender e ousar sem medo. Hélio Silva dispensa clichês, mas quem conviveu com ele sabe que era extremamente agradável, inteligen- te, ético, habilidoso, comunicativo. Em uma palavra: carismático. Tinha o dom de encantar pessoas pela sua gentileza, humanidade e simplicidade. Acima de tudo, corajoso. Empreendeu em uma cidade peque- na, afastada dos grandes centros urbanos e onde as chances de vencer eram previsivelmente remotas. Acontece que além de ser mestre na arte de fazer ami- zades, Hélio Silva era curioso, ousado e tinha talento para executar tudo bem-feito, na base da dedicação e do esforço. Outra qualidade sua era acreditar no empenho das pessoas. Desde que optou em ser empresário, manifestou a ambição de avançar para muito além da região de Ourinhos. Desejou ter uma fábrica maior, com galpões distanciados um do outro como proteção contra incêndios. Um sonho que conseguiu realizar em 1984. Imaginou asfaltar as ruas internas da Castor e conseguiu. “Quando pequena, brincava nos blocos de espuma e prestava atenção na sua educação peculiar para lidar com os empregados. Exercia uma liderança natural e isso me marcou. Era assim que passava o amor pelo colchão”, conta a filha Hedenise Silva de Oliveira. “Ele fez a diferença. Como pai, foi formidável. Tudo o que aprendi devo a ele e minha mãe. Difícil apontar uma só qualidade. Falar dele e de minha mãe toca o cora- ção”, complementa, sem esconder a emoção. “É indescritível falar dele”. Era admirável, também, a forma como aceitava os desafios. Um resiliente refinado. “Não era uma pessoa metódica. Ao contrário, era bastante flexível diante das necessidades, daí ser de fácil convivência. Respeitava opiniões diferentes”, recorda Maria Eunice, a esposa. “Foi um privilégio tê-lo como marido, pai dos nossos filhos e fundador desta empresa”, com- plementa a matriarca. Hélio Silva não se opunha a novidades. Quando alguém aparecia com uma ideia, se valia de uma técnica própria que consistia em observar, anali- sar e para somente depois decidir - quase sem- pre, a favor. Fora do expediente, em casa, gostava de ler. Ainda sol- teiro, sem recursos para comprar livros, recorria a um dos seus amigos, dono de uma papelaria que também vendia livros. Com certa frequência, tinha o hábito de sentar-se em uma cadeira disponível na loja e lia os livros que não podia comprar. “Gostava de viajar, uma vez ficamos 45 dias fora em busca de inovação de espuma pela Europa. Em Portugal, sentou-se em num banco ao lado de um português e puxou conversava. Queria conhecer melhor o modo de vida dele. Era curioso”, lembra Maria Eunice. Muito provavelmente, ele não tenha imaginado a Cas- tor chegar ao estágio em que se encontra atualmente. Seu legado nunca será esquecido. Basta sonhar e ter coragem e isso sua família tem. “VIVER É PERIGOSO. CARECE TER CORAGEM”. ESPECIAL

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