MV 200
75 Campana, à época em ascensão. Arquiteto de formação pela Faculdade Nacional de Arquitetura (atual FAU-UFRJ), não aceitava o rótulo de designer. Se autodefinia como um “desenhador de móveis”. Sérgio Rodrigues faleceu em 1º de setem- bro de 2014, aos 87 anos de idade, em consequência de um câncer. Foram seis décadas de dedicação a arte de criar mobi- liário com a cara do Brasil. Seu nome está associado a colaboração com gente do porte de Olavo Redig de Campos, Gregori Warchavchik, Lúcio Costa e Lina Bo Bardi. O resultado daquela conversa permane- ceu inédito até hoje. E, agora, com muito prazer, apresento aqui: Agrada-lhe ser chamado de referência no design de móveis? “Quando criei a poltrona Mole não foi para ganhar prêmios, mas por ser brasileiro, mais que qualquer outra coisa. Designer, arquiteto e artistas plásticos são criado- res. Eles criam tendências. Muita gente que não tem fábrica vive de criações estrangeiras, vai para Milão trazer coisas. Vários críticos argumentaram que fui o primeiro designer a fazer alguma coisa distante do modernismo, como chamavam (àqueles) fora da Bahaus. Fui chamado de “pós-moderno”. Nem sabia o que era isso. Não me interessava essa coisa toda porque não me considero designer. Faço o móvel para mim mesmo. Na verdade, seria, como alguns dizem, um escultor no sentido de artista plástico. Faz o que bem entende, não aceita encomenda. Faço o que tenho vontade de fazer naquele momento. Não dou satisfação a ninguém. Críticos para mim não têm valor, embo- ra perceba uma coisa e outra e às vezes tenha consciência das coisas que faço”. Tem acompanhado o design do móvel brasileiro? “Acompanho, e acho que está havendo realmente um despertar. Poderia citar de 20 ou 25 designers brasileiros com nível internacional, pessoas que realmente têm criatividade e que não dependem de tendências globais”. Assinaria alguma coleção? “O senhor está me considerando crítico e eu não sou crítico, faço meu trabalho, curto meu trabalho”. E como observador da evolução do móvel? “Para não citar nomes – posso estar ferin- do alguém, ou sendo injusto –, prefiro di- zer que tem alguns trabalhos que gostaria de assinar. Esta pergunta lembra o tempo do Tenreiro, que foi um grande amigo, e eu era o único designer que ele conside- rava. Ele dizia para mim: ‘Sérgio, você tem talento, mas nada do que você fez ou está POLTRONA DIZ FAZ PARTE DE GALERIA NOS ESTADOS UNIDOS
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