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77 cional e a ergonômica te atraem. Olho e já vejo quando uma peça tem ou pode vir a ter essas qualidades”. Qual foi a peça mais recente que lhe emocionou? “Cada peça é um filho. É complicado dizer que gosto mais de uma ou de outra. Respeito as análises dos críticos, mas tenho essas últimas peças que desenhei, ‘assento de flores’. Amo esse impulso. Para essa galeria americana que está entusiasmada em representar meus móveis atuais mandei a cadeira Diz”. Ainda se emociona com isso? “Ah, não tenha dúvida. Quando era garoto dormia com os aviõezinhos que fazia. Botava o aviãozinho no traves- seiro, fazia festa. Ainda tenho aquela mesma coisa, isso continua em mim quando uma peça me agrada”. O senhor se abastece dos jovens? “Não, realmente não. Estive pensando várias vezes: será que estou fazendo alguma coisa parecida ou semelhante? Tenho minha maneira de pensar. A Maria Schiavo diz o seguinte: meus móveis atuais poderiam ter sido criados na época que comecei, em 1955. Não existe uma diferença, um salto grande do que fazia inicialmente paras as coisas que faço atualmente. Existe uma sequência”. O que o move hoje? “O que sempre me moveu: qualquer feira internacional, ou mesmo as nacionais, como a do Anhembi (Fenavem), os grandes movimentos, como a Casa Brasileira. Fico excitadíssimo com determinadas peças. Penso: ‘Será que poderia fazer alguma coisa como isso aqui’? Vou para a pran- cheta e faço outras coisas completamente diferentes daquilo que fazia sempre. Fico empolgado, excitado toda vez que vou numa exposição dessas”. O que está fazendo agora? “Meu nome está sendo ligado a diversas atividades. Nos Estados Unidos estão apaixonados pelo estilo de móveis do século XX, e os meus, feitos nos anos 50, 60 e início dos anos 70, estão sendo valorizados lá. Uma empresa americana me procurou, estamos vendendo em Nova Iorque como obra de arte. Estão apaixona- dos pelos móveis que tenho feito de 2000 para cá. Estou também criando peças do século XXI para eles”. E no Brasil? “Recentemente (2006), uma empresa de Curitiba se interessou em produzir esses móveis considerados clássicos. Tem gente exagerada. Acho que clássico é depois que o camarada morreu. Aí, sim, se der algum valor a gente chama de clássico...” Algum outro desafio? “Tenho algumas coisas interessantes. Estão surgindo possibilidades de fazer um hotel, tipo hotel-butique em Nova Iorque. Há outras possibilidades em estudo no Oriente Médio, mas não posso entrar em detalhes... tenho medo de ser bombardeado!” SÉRGIO RODRIGUES ERA CAPAZ DE CRIAR PEÇAS COMO A CHIFRUDA, ONDE ELE REPETIA A POSIÇÃO DE DESCANSO DA POLTRONA MOLE

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