MV 200

79 com isso, até que recebi um convite do meu irmão e, desde então, somos parceiros na criação de mobiliário”, afirma Jack, o irmão mais novo. Sérgio acabou procurando Jack por conta de sua experiência com tecidos e por estar sempre de olho nas tendências. “Um sempre admirou muito o trabalho do outro e quando meu irmão me chamou para fazer móveis junto com ele e explorar o uso dos tecidos, algo que eu estava habituado, já aceitei de primeira. Comecei a pensar em que tipo de costuras e pontos poderíamos usar, colocando essa carga que eu tinha no projeto. A fusão das duas mentes acabou sendo muito boa e começamos a explorar outros materiais além da madeira”, orgulha- -se Jack Fahrer. E essa admiração que um tem pelo trabalho do outro permite que eles sobreponham seus desenhos, ajustem detalhes e desen- volvam suas peças, como conta o designer. “Nosso processo de criação começa com uma conversa e com estudo de material, pensando em tipos de dobras e soldas, por exemplo, para extrair o que tem de melhor em cada matéria-prima”. Jack ainda fala um pouco mais sobre o jeito deles de desenhar. “A gente desenha junto, gostamos de usar o papel vegetal, usamos uma escala muito semelhante, aí naturalmente acabamos de- senhando do mesmo tamanho e podemos fazer uma sobreposição, literalmente, dos desenhos. Ou usamos o projeto inicial que achamos mais interessante”. Ainda sobre o processo de criação, os ir- mãos Fahrer contam que se inspiram muito em coisas do cotidiano. “A memória afetiva, aquilo que vivemos na nossa infância, coisas que vemos no nosso dia a dia, são as maiores inspirações. Um exemplo disso é a cadeira Miramar, que foi inspirada nas cadeiras que víamos em praias argentinas quando ainda éramos crianças. Aliás, o Sérgio também se inspirou na Argentina ao criar a Chaise Paso Doblé, pensando na imagem que viu ao assistir um casal dançando tango”, contam. Lógico que a dupla também tem grandes designers e obras como referência, e isso permite que eles façam algumas releitu- ras de coleções que admiram. Quando o assunto é inovação, o grande destaque dos Fahrer é o uso de materiais não muito comuns para construção de móveis. “A gente tem uma loucura por pesquisar, amamos conhecer coisas e materiais novos, para possibilidades novas. Um exemplo foi quando, em 2009, a gente desenvolveu uma linha muito delicada com alumínio de aviação (que é usado para construir as asas dos aviões), mas já traba- lhamos com fibra de carbono, fibra de vidro (material muito delicado) e também fizemos algumas peças com ripa de madeira plás- tica, buscamos usar materiais recicláveis e reciclados, temos uma preocupação muito forte com o meio ambiente”, comentam. E tem novidade no estúdio dos irmãos designers, a arquiteta Heloísa Samaia se juntou a eles para desenvolver os projetos. “Esse ano ela começou a desenhar com a gente, trazendo muita provocação e um terceiro olhar. E, mesmo assim, seguimos o mesmo processo de criação com as interferências necessárias nos desenhos”, explica Jack. Aliás, ele completa falando um pouco mais sobre as criações e os objetivos da equipe: “A peça que criamos precisa nos seduzir, nos convidar a olhar para ela. Também nos preocupamos muito com ergonomia, tem que ter a coisa do olhar e do sentar-se, aquilo tem que te fazer bem, fazer você se sentir bem. Pro- curamos fazer uma peça que seduza e ao mesmo tempo acolha”. A POLTRONA CHEVELE É BASEADA EM UM CARRO QUE O JACK TEVE A CADEIRA MIRAMAR É INSPIRADA EM UMA MEMÓRIA AFETIVA DOS IRMÃOS SÉRGIO FAHRER ESTAVA NA ARGENTINA E ACHOU INTERESSANTE O ÂNGULO EM QUE ASSISTIA A UMA APRESENTAÇÃO DE TANGO E CRIOU A CHAISE PASO DOBLÉ

RkJQdWJsaXNoZXIy MzE5MzYz