Móveis de Valor - Edição 208
73 moveisdevalor.com.br Blanc, o projeto avan- çou e passou a contar com um grupo mul- tidisciplinar de ser- ralheiros, arquitetos, artesãos, estudantes, marceneiros e tape- ceiros, criando renda extra e incentivando a economia circular. “O resultado do projeto é mais de uma dezena de mesas, acessórios e principalmente lumi- nárias, objetos im- pregnados do universo poético dos poemas de Manoel, sempre conectado com os rios, os pássaros, animais e mistérios do Pantanal”, comenta Luciana. “Da árvore evola ama- relo, do alto bem-te-vi- -cartola e, de um salto pousa envergado no bebedouro a banhar seu louro pelo enrama- do…”, assim como esse trecho do poema “Um bem-te-vi”, de Manoel de Barros, mostra que sua inspiração estava na rica flora e fauna de sua cidade natal, os artistas do design poético seguiram esses mesmos passos. Serie- ma, sabiá, bem-te-vi e quero-quero, são os nomes dos pássaros encontrados no pan- tanal que inspiraram algumas das peças de- senvolvidas no projeto. As luminárias, mesas e balanços, receberam influências diretas de elementos da cultura sul-mato-grossense e, MESA BEM-TE-VI ABAJOUR CAMALEOA LEI ALDIR BLANC A Lei Aldir Blanc é resultado de uma grande pressão da clas- se artística no último ano, após meses de quarentena que acarre- taram diretamente em uma crise no setor cultural brasileiro. A lei foi instituída para tentar driblar a negligência que o setor sofreu com a falta de medidas emergenciais para socorrer um departamento atingido em cheio pelas medidas de distanciamento social. Através do decreto, foi transferido, em meio à pandemia, um “socorro” ao setor cultural de R$ 3 bilhões para os estados e municípios. os nomes das peças, além de te- rem sido inspirados nos nomes de animais nativos da região, também utilizam palavras em tupi-guarani, como “Aysú”, que significa amor. O principal diferencial do Design Poético é a proposta de criar transversalidade com outra vertente artística, neste caso, a poesia. Além de estar pautado nos princípios da sustentabi- lidade, da inclusão e da valorização do que é feito à mão. A arquiteta conta que a inspiração das peças desenvolvidas no projeto vem “das pesquisas sobre arte, ancestralidade e cultura brasilei- ra, principalmente do chamado litoral central, o Mato Grosso do Sul”. Para a idealizadora do projeto, um dos pontos mais importantes que ele traz é a valorização da mão-de-obra e a pro- moção da economia criativa. A propos- ta veio para ressignificar a produção de móveis e objetos de decoração através do reaproveitamento de sobras que antes seriam descartadas, reforçando a ideia de que o futuro do design será pautado sobre a sustentabilidade. BALANÇO SÁBIA
RkJQdWJsaXNoZXIy MzE5MzYz