Móveis de Valor - Edição 209

48 moveisdevalor.com.br soas físicas e pessoas jurídicas. “O primeiro objetivo do Pix foi democratizar a trans- ferência de dinheiro e a diminuição da circulação de moedas físicas. Ele faz com que as pessoas não precisem ficar sacando dinheiro toda hora e se habituem com a moeda digital. Ob- viamente, as pessoas físicas aderiram ao sistema por não serem cobradas tarifas como as do TED, mas, por outro lado, quem está pagando essa conta são os CNPJs”. O especialista conta que os bancos cobram de R$ 0,99 a R$ 10,00 para cada transfe- rência feita por PJ utilizando o Pix. Outro ponto negativo é a conciliação que ainda não existe, diferente do que é feito por em- presas de cartões, por exemplo. “Esses dois fatores acabam invia- bilizando o uso do Pix no varejo, por sim- plesmente não valer a pena quando se anali- sa o valor da compra e a taxa que precisará ser paga, que muitas vezes é bem maior que das operadoras de cartão. E quando falo sobre conciliação, estou me referindo ao fato de o cliente pagar e o dinheiro cair direto na conta corrente do estabelecimento sem a referência do item que foi comprado. Isso faz com que o empresário não tenha total controle sobre os valores que estão entrando”. Arnaldo Blasques também comenta sobre as no- vidades que devem aparecer no segundo semestre. “Um ponto falho do Pix quando se trata de seu uso no varejo é o fato de o comprador ter de acessar o seu aplicativo do banco para poder fazer a transfe- rência, o que faz com que a pessoa passe mais tempo no caixa, sendo péssimo em estabelecimentos como supermercados, por exemplo. A solução pode vir com o lançamento de um app semelhante ao Google Pay e Apple Pay, que agiliza o processo de pagamen- to e deve estar disponível em breve”, avalia. O especialista dá sua opinião sobre quando é vantagem para a pessoa jurídica usar o Pix, por enquanto. “Quando o varejo vende bens de valor mais elevado, pode sim valer a pena optar por esse meio de pagamento, mesmo com todos os problemas que apontei anteriormente, pois a en- trada instantânea do dinheiro e a taxa baixa em relação ao valor total são benefícios. Assim como o uso para transferências entre dois CNPJs, que geralmente envolvem grandes quantias, sendo mais vantajoso que as alternativas de transferên- cia oferecidas pelos bancos”. Blasques prossegue dizendo que “depois que as novidades pensadas para o varejo chegarem, pro- vavelmente em setembro, o comércio contará com o Pix agendado ou chamado também de parcela- do, que cumprirá a função de um boleto ou de um cheque pré-datado. O único empecilho pode ser se não houver um esquema para poder protestar Pix, mas acredito que empresas vão criar cartas de crédito para assegurar os vendedores”. Para finalizar, o especialista deixa a sua sugestão do que deverá ser uma boa opção para os varejistas. “Eu acredito muito nas parcerias entre varejo e ban- cos digitais. Os bancos tradicionais cobram tarifas muito altas dos empresários e costumam brigar intensamente pela abertura de contas por pessoas físicas. Os bancos digitais têm a oportunidade de oferecer serviços mais baratos para os varejistas, es- timulando a adesão do pequeno comércio, que ainda faz muita TED e tem gastos enormes com taxas bancárias. Isso é uma boa forma de tirar um pouco dessa carga e criar competição no mercado”. ARNALDO BLASQUES, SÓCIO DA OMNIROOTS - UNIDADE DA GOUVÊA ECOSYSTEM

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