Móveis de Valor - Edição 215

55 moveisdevalor.com.br FLUXO DE PROCESSO INDUSTRIAL COM APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ECODESIGN E ECONOMIA CIRCULAR te, mas nenhuma das empresas fazia o reaprovei- tamento. “Vi que algumas faziam o descarte em caçambas, outras tinham parcerias com fabricantes de chapas, mas ninguém dava uma outra destinação à madeira, sendo que a sobra é grande”. Marcela percebeu que a economia circular ainda é um assunto pouco conhecido. “Perguntava a eles por que não aproveitavam a madeira e uma boa parte deles dizia que o uso das sobras impli- caria em um custo maior com mão de obra e mais tempo de trabalho, o que não valia a pena”. Por outro lado, a pesquisadora já sabia que mui- tos designers acabavam não tirando suas criações do papel por conta dos altos custos para produ- ção. “Muitos colegas não conseguem fazer parce- rias com grandes empresas e acabam ficando sem produzir suas peças. Pensando nisso, entendi que era possível juntar esses dois lados e encontrar uma solução proveitosa para ambos, foi assim que sugeri um modelo de negócio”, explica. Esse modelo de negócio pode ser traduzido como uma parceria sem vínculo empregatício entre designer e indústria, no qual essa indústria doa as sobras de material para o profissional que faz a coleta, cataloga e transforma essa madeira em um novo produto a partir de um projeto autoral. De acordo comMarcela, nesse modelo designer e indústria arcam com 50% cada um dos custos gerados pelas sobras. “Essa parceria resolve o problema do descarte, evita o uso de espaço da Desenvolvimento de produto Processo de extração da matéria-prima Manufatura Distribuição Uso/Consumo Fim de vida (EOL) O produto final poderá ser reciclado ou remanufaturado Reuso Desenvolvimento de produto com sobra de MDF MARCELA LOPES MENDES É A PESQUISADORA RESPONSÁVEL POR PROPOR UMMODELO DE NEGÓCIO PARA O SETOR CRÉDITO: PAULO RIBEIRO / UNISO fábrica para armazena- mento e ainda pode ser um marketing positivo para a indústria. Já o designer pode criar seu produto autoral com custo reduzido, venden- do e ficando com todo o lucro proveniente desse móvel”, informa. Para deixar claro o funcionamento desse modelo, a pesquisado- ra elaborou um guia, mas, por enquanto, ele está circulando somente no meio acadêmico. Porém o objetivo é fazer com que ele alcance as indús- trias de móveis brasileiras, principalmente as pequenas. “Às vezes só está faltando um pouco de comunicação nessas empresas para que os profis- sionais consigam mudar sua visão e ir em busca de designers para fazer parcerias, e são vários que estão disponíveis em mercado”, diz Marcela. A pesquisadora insiste sobre a qualidade do material que costuma ser desperdiçado sim- plesmente por falhas no processo de reaprovei- tamento. “A gente sabe que o MDF usado por essas empresas vem de reflorestamento, ou seja, os fornecedores já estão inseridos nesse esque- ma de economia circular, assim como algumas das grandes empresas, mas precisamos que essa cultura seja disseminada por toda a cadeia mo- veleira”, finaliza. Acesse o QR Code para ter mais informações sobre a pesquisa.

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