Móveis de Valor - Edição 219

29 moveisdevalor.com.br Uruguai e Reino Unido. Como o principal proble- ma é o desequilíbrio da balança comercial – saída de dólares maior que as entradas - as autoridades montaram um labirinto burocrático para desesti- mular os empresários a importarem. São medidas protecionistas que incluem a pe- regrinação por órgãos oficiais, como exigir do importador que comprove se tem Capacidade Financeira Econômica (CEF) suficiente e quem calcula é a Administração Federal de Ingressos Públicos (AFIP), cuja metodologia é desconhe- cida. Caso seja validado, é preciso preencher formulários e encaminhar ao Sistema Integrado de Monitoramento de Importações (SIMI) junto com um plano anual de importação, aumento de funcionários e investimentos, entre outros itens. É o SIMI que autoriza ou não a operação. “Se o pedido é aceito ou não, depende dos prazos que eles determinam”, conta Andres Sobrero, dono da Muebles Natalia Recoleta, de Santa Fé. “Eles dizem se você pode ou não importar, quantos dólares o Banco Central autoriza e qual a NCM. Tudo isso, sempre feito de forma não oficial. Nada é deixado por escrito. Eles ligam de um número desconhecido e dizem o que acham que você pode importar este ano”, conclui Andres. “Cada vez fica pior”, desabafa. A avaliação de que o comportamento das impor- tações de móveis do Brasil no segundo semes- tre será ruim é compartilhada pelo empresário Gerardo Maretich, sócio gerente da Maretich Abertura de Madera, de Córdoba. “Acredito que o governo argentino continuará restringindo as impor- tações em geral, principalmente, produtos que podem ser fabricados em nosso país”, conta Gerardo. “A percepção é que o nível de vendas de móveis brasileiros em nosso país será reduzido”, prevê. CONJUNTURA DE MOMENTO O atual ministro da Economia, Sergio Massa anunciou medidas para restabelecer a ordem fiscal, com emissão zero de moeda e inclusão social apoiadas no inves- timento na produção e exportações. Contudo, são propostas sem aderência da população. O rombo das contas externas se complica com a falta de crédito externo do país e pelas reservas que não passam de US$ 2,3 bilhões. Em uma cultura dolarizada, resta ao governo continuar subindo o juro e a emissão de moe- da, na prática um risco para mais inf lação, que pode levar o país na direção da hiperinf lação e da recessão. Difícil é conter a corrida por dólar. Até o fechamento desta edição era preciso 137 pesos para comprar um dólar no câmbio oficial e 314 pesos no paralelo. Nas ruas, comerciantes tentam atrair consumi- dores com dizeres “Compre hoje mais barato do que amanhã” estampados em placas. Faz todo sentido. Em julho, os preços avançaram 7,4% em relação ao mês anterior, maior taxa mensal dos últimos 20 anos. O IPC acumula alta de 46,2% em sete meses e 71% em 12 meses encerrados em julho. Projeções mais otimistas indicam que a inflação deve fechar o ano em 90%. Algumas consultorias estimam acima de 100%. O BC da Argentina elevou a taxa básica de juros para 69,5% ao ano, a oitava vez no ano, na ten- tativa de estimular o correntista a realizar apli- cações bancárias em vez de continuar correndo para comprar dólares. Surpreendentemente, o quadro geral da economia argentina neste mo- mento mostra avanço de 2,7% do PIB, mas com chances reais de enfrentar forte turbulência em 2023, ano de eleição presidencial. 131,5 2016 2015 2014 2013 2012 2021 2020 2019 2018 2017 121,7 85,4 67,7 67,4 65,2 53,4 33,5 28,3 49,7 EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS PARA A ARGENTINA - EM US$ MILHÕES FONTE: IBGE

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