Móveis de Valor - Edição 219

32 moveisdevalor.com.br Por Guilherme Arruda, jornalista convidado Como lidar com a inflação globalizada O RETORNO DA ATIVIDADE NO MUNDO PÓS-PANDEMIA GEROU ELEVADA DEMANDA POR BENS, QUE AFETOU A CADEIA DE SUPRIMENTOS E PRESSIONOU A ALTA DOS PREÇOS N ão tem como errar. Indicadores econômi- cos quando apontam juros em ascendência, atividade econômica em declínio e taxa de desemprego em alta, querem dizer apenas uma coisa: ameaça ao desenvolvimento. Quando acres- cido de uma inflação três vezes maior que o cen- tro da meta, esse ambiente, em bom economês, recebe o nome de estagflação. É justamente esta combinação que assusta o Brasil. Parte substancial desse quadro deriva do am- biente externo que se mantém adverso e volátil. As pressões advindas, tanto de uma demanda por bens persistentemente alta como de cho- ques de oferta ligados à guerra na Ucrânia, à política chinesa de combate à Covid-19, e às medidas que restringem o comércio de produ- tos agrícolas em países produtores de commo- dities, podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inf lacionárias prolon- ECONOMIA gadas. Algumas economias avançadas sugerem pressões mais ainda fortes. Mais recentemente, o mundo tem observado certa normalização incipiente nas cadeias de suprimento e uma acomodação nos preços das commodities. Aliada à recomposição nos estoques de produtos industrializados, esses movimentos podem implicar moderação nas pressões inflacio- nárias vinculadas a bens, item que estimulou os preços no retorno da atividade econômica mun- dial, devido a uma elevada demanda reprimida combinada com escassez de suprimentos. Os preços ao consumidor nos países da OCDE estão subindo 10,3%, ano a ano, o ritmo mais rápido de aumento em pelo menos três décadas para o acumulado nos últimos 12 meses encer- rados em julho. Na Holanda, se aproxima de 12%, enquanto na Estônia é superior a 22%. No

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