Móveis de Valor - Edição 219

46 moveisdevalor.com.br maneira, em casos de divórcios o móvel pode ser facilmente adapta- do ao novo uso. De acordo com Curio- ni, cada vez mais o consumidor está atento às funções dos móveis e tem colocado isso na frente, inclu- sive, da estética do produto. “Se alguns anos atrás a aparência era o mais impor- tante, hoje o foco do consumidor está em como aquele produ- to vai atendê-lo e se aquele item realmente vai solucionar suas demandas”, explica o arquiteto. Para ele, outra forte tendência é que como as pessoas estão se fixando cada vez menos a relacio- namentos, cidades e trabalhos também ten- dem a comprar menos bens duráveis. “As pessoas estão optando cada vez mais por alu- gar casas, pois querem poder facilmente mi- grar de um lugar para o outro e a tendência é que isso também reflita nos móveis, que podem igualmente ser alugados ou compra- dos de segunda mão”, argumenta Curioni. Um exemplo disso é o novo programa de revenda da Ikea que tem crescido cada vez mais. Ao perceber um forte movimento de revenda dos seus móveis já usados através de plataformas como OLX e Mercado Livre, a marca decidiu começar a comprar esses móveis, revitalizá-los e revender por preços mais acessíveis. “Isso é perfeito para quem está em uma fase da vida que precisa, com pouco dinheiro e muita pressa, mobiliar uma casa”, comenta o designer. Outra tendência que precisa de um olhar mais atento por parte da indústria moveleira é a do crescimento da população idosa. “A economia prateada (como é denominado o mercado voltado para a população 50+) possui um grande poten- cial, mas que ainda é negligenciado pelas marcas”, alerta Jane Moo. “É difícil encontrar produtos voltados especificamente para as necessidades desse público e ainda mais difícil encontrar re- presentatividade em comunicação de marca e até campanhas publicitárias”, continua a especialista. Em relação a moradias, segundo Jane, será muito importante pensar na acessibilidade e no bem- -estar desse público. “A tecnologia é um grande aliado nesse quesito, com inovações que facilitam conexões, permitem o rastreamento de questões de saúde e podem ajudar em tarefas do dia a dia”, reforça. Já para Curioni, o essencial na hora de mobiliar uma casa para pessoas com mais de 60 anos é pensar nas necessidades apresentadas por esse público. “Eles precisam ter apoio, principal- mente das mãos, para ser combinado ao movi- mento das pernas, isso significa que uma poltro- na precisa ter um braço para que quando essa pessoa for levantar ou sentar ela consiga fazer força com as pernas e braços ao mesmo tempo”, exemplifica. “Os móveis, além de confortáveis, precisarão apresentar facilidade de manutenção e de limpeza”, afirma Curioni, destacando que mui- tos idosos possuem problemas de incontinência urinária e que isso reforça a necessidade dos itens possuírem tapeçarias de fácil higienização. Além disso, o arquiteto comenta sobre a importância desses itens também serem leves para que pos- sam ser levados de um canto a outro da casa sem o auxílio de outra pessoa e que eles possam ser desmontáveis para facilitar a armazenagem. Com tantas ideias e possibilidades de produtos para atender as demandas dos novos formatos de família, surge um questionamento: por que essas ideias não saem do papel? E a resposta quem nos TIAGO CURIONI, DESIGNER E ARQUITETO ADÉLIA COVRE, DESIGNER E ARQUITETA Observatório

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