Móveis de Valor - Edição 220
71 moveisdevalor.com.br rente e fazer peças que envolvam a mistura de materiais. “Gosto de experimentar novos mate- riais, pois tenho muita curiosidade nesse aspecto. Uma das coisas que posso dizer que tenho bas- tante experiência e gosto de usar para diferenciar meus móveis é o corte a laser em chapas metá- licas, algo que usei muito quando trabalhei em outras áreas do design. Inclusive, já criei móveis 100% feitos em chapa dobrada”, afirma. Aciole Félix prossegue dizendo que a interação de materiais, como a madeira e o metal, enriquece o produto. “Essa também é uma forma de criar com- binações e até fazer personalizações nos móveis. Aliás, eu sempre uso como inspiração na hora de criar as viagens e as culturas que vou conhecendo por meio delas, por isso sempre observo as formas e materiais mais utilizados em cada lugar”. E, por falar em inspiração, o designer conta que Brasília é, sem dúvida, a sua maior fonte. “Minhas criações costumam ter um design mais limpo, minimalista, algo que se assemelha à paisagem de Brasília, que é bastante plana quando olhamos para o horizonte, além de possuir os traços mo- dernistas da arquitetura de Oscar Niemeyer, que também preza pela simplicidade que traz beleza. Não gosto de criar móveis com muitos elementos e linhas, acredito na filosofia de que menos é mais”. GRANDE PARCEIRO DAS INDÚSTRIAS Aciole Félix possui sua marca própria, porém a maior parte do seu trabalho é dedicada às parce- rias feitas com as indústrias nacionais de móveis. “Mesmo podendo dar asas à minha imaginação,- quando trabalho com a minha marca, gosto muito de desenhar para as indústrias. Atualmente estou preparando lançamentos para a coleção 2023 de cinco grandes marcas e tento sempre separar a identidade desses produtos, mesmo quando estou lidando com eles em paralelo”, explica. Aciole comenta que gosta de entregar o máximo possível quando faz parcerias. “Eu sempre en- trego mais que o desenho, faço o detalhamento técnico dos produtos, informando raios, ângulos e encaixes. Gosto de fazer esse trabalho um pouco mais braçal, digamos assim, e isso ajuda a indús- tria a produzir, sem precisar fazer adaptações, fazendo com que o móvel saia exatamente como foi imaginado e aprovado”. POLTRONA LABECCA, DA SITTI POLTRONA LAGUNA, DESENVOLVIDA PARA A UULTIS CADEIRA VERSA, PARA A MSUL Uma das característi- cas de Félix é seu co- nhecimento de chão de fábrica, que adquiriu ao trabalhar em outras áreas do design. “Atuando em seg- mentos diferentes eu fui ganhando conhecimento sobre vários processos de produção, por isso gosto de entregar mais que o desenho, como já disse, apresentando soluções para a execução”, reforça. Para encerrar, Aciole Félix conta que está vendo a indústria brasileira de móveis passar por uma transição, em que várias marcas começaram a valorizar mais o traba- lho do desig- ner. “Anos atrás muito do que era feito aqui era apenas uma cópia do que as empresas de fora estavam fazendo. Hoje em dia, ain- da mais com o tanto de informação a que temos acesso, muitas indústrias já perceberam que devem fazer parcerias com designers para cria- rem algo novo. É sempre importante propor algo diferente do que já existe e, para isso, é preciso pesquisar o que já está sendo feito (todo ano vou à alguma exposição internacional) para ter um bom repertório de inspirações e se diferenciar”. (Por Natalia Con- centino, jornalista)
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