Móveis de Valor - Edição 222
54 moveisdevalor.com.br produtos. O movimento do varejo iniciado no segundo se- mestre de 2020 e que se prolongou por boa parte de 2021, criou a expectativa de que a demanda continuasse a ocorrer entre os meses de julho e novembro. Ocorre que as vendas não foram como o comércio havia planejado e a maioria festejou o réveillon de 2022 com volumes de produtos “em casa” bem acima do normal. Daí o freio em novas compras, fato que fez a produção brasileira despencar nesse ano. MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL O presidente eleito sabe que não terá contra ele apenas a oposição de 58 milhões de eleitores. Entre suas primeiras tarefas, além de enfrentar o rombo fiscal de 2023, está a missão de fazer a economia girar, criar empregos, em meio a guerra na Ucrânia, inf lação elevada e ameaça de recessão em diversos países por causa da alta de juros. As perspectivas são sombrias para a América Latina, segundo projeções do FMI. O crescimento deve recuar de 3,2% neste ano para 2,7% no próximo. No caso dos latino-a- mericanos, a queda deve retroceder de 3,5% para 1,7%. Com expansão estimada de 2,8% e 1% nesses dois períodos, o Brasil pode conti- nuar perdendo espaço na economia global, com crescimento bem inferior às taxas de outros emergentes. Pelas contas do mercado interno, o Brasil deve apresentar neste ano um PIB 2,7%. No primeiro semestre, enquanto a indústria de transformação mundial cresceu 0,1%, o desem- penho do parque fabril brasileiro teve perda de 2% sobre o igual período de 2021, segundo dados do IEDI (Instituto de Estudos para o De- senvolvimento Industrial), com base em dados da ONU, informa o Estadão. O País ocupa a 100ª colocação em um ranking de 113 países. Outra missão árdua é equacionar o endivi- damento das famílias. Em setembro atingiu 79,3%, conforme a Confederação Nacional do Comércio. Um ano antes estava em 74%. O endividamento se manteve em 75,9% entre as famílias com renda mensal superior a 10 salários-mínimos. Entre aquelas com ganho inferior a esse padrão a parcela das endivida- das passou de 79,9% para 80,3%. As dívidas de cartões de crédito representam 85,6% do total. A boa notícia é a atratividade do Brasil para Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs). Conforme a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos dois primeiros trimestres o Brasil foi o terceiro país que mais atraiu IEDs, depois de EUA e China. Mesmo com uma desaceleração global no se- gundo trimestre, o País manteve um bom ritmo. A Agência das Nações Unidas para o Comér- cio e Desenvolvimento (Unctad) estima que os fluxos entre janeiro e setembro atingiram US$ 66 bilhões, 31% a mais do que o total investido em 2021. No ano pas- sado, o Brasil ficou na sétima posição entre os países que mais rece- beram IEDs. Agora, a Unctad estima que deve fechar o ano no grupo dos cinco países mais atraentes. Nada mal para o final do governo Bolsonaro.
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