Móveis de Valor - Edição 224
16 moveisdevalor.com.br Ainda segundo ele, a melhor maneira de evitar inconsistências contábeis é ter uma controladoria atuante. Entretanto, ele sugere que o responsável por essa controladoria não seja o mesmo que atua na área de contabilidade da empresa. “Assim como quem faz compras não pode ser a mesma pessoa que faz o recebimento, no sentido de receber as mercadorias compradas ou atestar os serviços prestados”, exemplifica Poit. “Essas operações compõem uma corrente de atribuições que se fo- rem feitas pelo mesmo departamento, podem dar margem a irregularidades”, continua o economista, acrescentando que uma boa política de governança procura minimizar o risco das operações e ampliar a eficácia dos controles. Outra dica de Poit para evitar situações inde- sejadas com as finanças de uma empresa, é a contratação de um consultor sênior, ainda que seja apenas para uma avaliação periódica do desempenho e dos planos. “Uma visão externa traz diagnósticos que podem não nos agradar, mas é como ir a um médico: se você recebe a notícia de que está doente e, ao mesmo tempo, a receita e a prescrição do remédio para a cura, você salva sua saúde e melhora a qualidade de vida”, exemplifica o economista. CUIDADO COMOPERAÇÕES DE RISCO SACADO Como citado acima, o risco sacado é uma ope- ração de antecipação simples de recebíveis e muito comum no f luxo de negociação de gran- des empresas com seus fornecedores, princi- palmente no mercado varejista. “Em resumo, a operação consiste no adiantamento de pa- gamentos negociados pelo fornecedor junto a um agente financeiro, considerando a solidez e a credibilidade de seu cliente (sacado) como garantia para a definição de taxas de juros mais vantajosas aplicadas nas operações de anteci- pação”, explica a CEO da FIND Soluções Tribu- tárias, a economista Thaís Carneiro. “Após a realização da negociação, a dívida do cliente (sacado), que inicialmente é contra o fornecedor, se torna contra o agente financeiro concedente do crédito”, continua a especialista. “Apesar de ser uma operação comum, a falta de gestão para mitigação de riscos e o reconhe- cimento contábil incorreto podem impactar a confiabilidade das demonstrações contábeis e financeiras”, alerta a CEO. Daniel Poit também sugere cautela ao fazer esse tipo de operação. “O risco sacado não ofe- rece segurança”, explica o economista. “Quando se faz uma operação classificada dessa for- ma, significa que está sendo feita dívida sobre uma dívida”, continua Poit. “O que eu posso sugerir é que uma em- presa em dificuldades busque outras opções de crédito, a custos me- nores e prazos maiores para reequilibrar o fluxo financeiro, des- de que pague aquelas dívidas que estejam pressionando no curto prazo e com isso ganhe um fôlego, para inten- sificar suas operações e conseguir reequilibrar suas condições financei- ras”, aconselha. O especialista também orienta que se a em- presa precisar de mais dinheiro e não tiver crédito disponível (por ter usado todo o seu potencial de crédito), há a possibilidade de rea- lizar captação através do aporte de sócios, da emissão de ações ou de debêntures. “Enfim, é preciso ter bons proje- tos, que sejam atrativos, que ofereçam algum grau de segurança e que tenham viabilidade para serem executados com a captação, que vai ser feita junto aos sócios ou a eventuais inves- tidores e acionistas”, finaliza Poit. THAÍS CARNEIRO, CEO DA FIND SOLUÇÕES TRIBUTÁRIAS DANIEL POIT, ECONOMISTA
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