Móveis de Valor - Edição 224
69 moveisdevalor.com.br chineses ao con- sumo também devem travar o crescimento econômico. De acordo com pro- jeções do FMI, o mun- do pode recuar de um crescimento de 3,2% neste ano para 2,7% no próximo. No caso dos latino-americanos, a taxa deve recuar de 3,5% para 1,7%. Com expansão estimada de 2,8% e 1% nesses dois períodos, o Brasil deve perder espaço na economia global, com crescimento bem infe- rior às taxas de outros emergentes. terceiro trimestre em relação a igual período de 2021, mas dificilmente será suficiente para che- gar à meta do governo de 5,5%. O FMI projeta um PIB de 2,8% o que, se confirmado, vai refletir na necessidade menor de importação de commod- ities. Há outro fator relevante, no entanto, que pode contribuir fortemente para a desaceleração da economia chinesa. Relatório do 20º Congresso do Partido Co- munista Chinês (PCC), realizado no final de outubro, é o mais carregado em tintas ideológi- cas dos últimos 40 anos. Ficou evidenciado ao fim do encontro o afastamento de princípios de mercado. Externamente, o país abandona a linguagem-padrão de paz e desenvolvimento, que vigorava desde os anos 90, para conclamar o partido a escalar a militarização e prepará-lo para a “tempestade”. De acordo com a revista inglesa The Economist, o Ocidente tem suas razões para estar alarmado. Mas não desesperado. A China tem suas fraquezas e a obsessão por controle de Xi Jinping pode agravá-las. A direção autoritária da economia e da política tende a torná-las menos dinâmicas e criativas. Desde a década de 70, com a morte de Mao Tsé-Tung e a aproximação estratégica aos Es- tados Unidos para conter a URSS, acalentaram-se esperanças de que a China abandonaria seu passa- do comunista mortífero. O Congresso consagrou a ideologia de Xi, a combinação de um nacionalismo agressivo com a revitalização do ideário marxista-le- ninista. Ele reverteu as reformas políticas e econômicas de Deng, fortalecendo o controle do PCC sobre os chineses e o seu controle sobre o Partido. Externamente, tomou de assalto Hong Kong, intensificou atritos com países vizinhos e no Pacífico, e ampliou as ameaças a Taiwan. O Brasil pode sofrer no longo prazo com uma possível desaceleração da China, principal parceiro comercial e maior importador de minério de ferro. A torcida por aqui é que a China cresça para que compre mais minério, grãos, proteína, tudo que a gente possa vender. Mas se a China crescer “de lado” o Brasil ficará com crescimento limitado. O envelhecimento da população e a menor tendência cultural dos FOTO: DEPOSITPHOTOS A CHINA ESTÁ CADA VEZ MAIS AGRESSIVA COM O OCIDENTE, APESAR DO QUE PREGA O SÍMBOLO DO PCC
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