Móveis de Valor - Edição 226
18 moveisdevalor.com.br A face nefasta dos impostos PROJETOS DE LEI EMDISCUSSÃONO CONGRESSONACIONAL PRETENDEMSIMPLIFICAR A COBRANÇA E A BUROCRACIA A TRANSIÇÃODOMODELO ATUAL PARA ONOVODEVE VARIAR, CONFORME ALGUNS ANALISTAS, ENTRE 10 E ATÉ 50 ANOS PREOCUPAÇÃO É COMA ALÍQUOTA DO SETOR DE SERVIÇOS, QUE REPRESENTA 70%DO PIB EMAIS DE 60%DOS EMPREGOS Por Guilherme Arruda, jornalista convidado ECONOMIA D ados do Impostômetro, um painel instalado pela Associação Comercial de São Paulo na área central da capital paulista para acom- panhar em tempo real o que é pago de impostos no país, revela que o total pago pelos contribuin- tes aos governos federal, estadual e municipal, incluindo taxas, contribuições, multas, juros e correção monetária, foi de aproximadamente R$ 2,9 trilhões em 2022. Descontada a inflação do ano passado, esse montante corresponde a um crescimento real de 5,7% sobre 2021. O problema é que a arrecadação contém um conjunto de distorções enredadas entre si, ca- paz de penalizar bens de consumo com taxas demasiadamente altas e muito pouco a renda. O sistema atual formado pela soma de 27 sistemas diferentes, sufoca empresas, empregos e o poder de compra das famílias, principalmente consu- midores de baixa renda, que em última análise pagam proporcionalmente mais impostos que outras faixas salariais. Por tabela, isso reverbera na economia negativamente. A cobrança de impostos no Brasil gerou nas últi- mas seis décadas um dos mais caóticos, perversos e complexos sistema de arrecadação de tributos do mundo. A desmesurada burocracia mexe no bolso das pessoas, empresas, administrações mu- nicipais, estaduais e federal, tendo ainda o infeliz atributo de incitar a inadimplência e a sonegação. A história mostra que desde os anos 1960 essa obra tipicamente kafkiana não foi revista de uma forma ampla, equilibrada e justa por nenhum presidente da República. E 2023 pode ser o ponto da virada, já que o primeiro passo de uma longa jornada foi dado.
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