Móveis de Valor - Edição 226
54 moveisdevalor.com.br BED REPORT Petróleosegue pressionandocustos da indústria colchoeira N a quinta-feira, 28 de março de 2022, o preço do barril do petróleo tipo brent atingiu a marca de US$ 139,13, quase ummês após a Rússia invadir a Ucrânia. No início de abril, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), anunciou um corte de 1,1 milhão de bar- ris/dia da produção da commodity, atitude que se somou à redução de 2 milhões de barris/dia acor- dada pelos países do cartel em outubro do mesmo ano. Para piorar, a Rússia decidiu estender o corte de 500 mil barris/dia até o final desse ano. Não por acaso, o preço do poliéster utilizado pela indústria colchoeira brasileira está hoje cerca de 40% acima do valor praticado antes da pandemia. O que causou essa elevação foi, de um lado, a alta do preço do barril do petróleo, driver considerável que baliza os custos da matéria-pri- ma. E, de outro, a demanda, apesar de reprimi- da globalmente. A realidade é que os custos se impõem nos insumos após a cotação do barril de petróleo retomar ao patamar de US$ 80, embora a pretensão da Opep seja mais ambiciosa. “Há uma enorme pressão de inflação de custos nessa frente”, aponta Lars Müller, general ma- nanger da BekaertDeslee Brazil, colocando nessa conta ainda custos logísticos que sofreram impac- tos exorbitantes em 2021 e 2022, e agora sofrem importante esfriamento com os valores caindo para patamares mais aceitáveis. “Ainda assim, a pressão por recuperação de margens na indústria de transformação segue grande. Nesse momento penso que a indústria colchoeira deveria esperar estabilidade de preços, visto que quedas são irreais. Há ainda fatores de inflação local como salários e energia que segue sendo uma commodity de custos relevante”, indica o empresário. Outro componente relevante dentro dessa cadeia é a produção interna de fibras têxteis utilizados na fabricação de tecidos para colchão que não chega a atender 3% da demanda interna da indústria. Significa que há fortes probabilidades de o preço do poliéster subir no mercado interno. De acordo comMüller, o petróleo é um componente marcan- te, mas não é o único. A demanda tem influência significativa. “O petróleo basicamente determina os preços mínimos que se não forem acompanha- dos, tenderão a reduzir o interesse da cadeia pela indústria”, salienta. Questionado sobre o que a indústria colchoeira pode esperar até o final desse ano, Müller tem a percepção de que há interesse emmanter o petróleo perto dos US$ 100, mas isso não se dará pelo arre- fecimento da demanda. “Teremos um ciclo menos pressionado durante o meio do ano, com a proxi- midade do inverno de 23/24 no hemisfério Norte. Porém, haverá nova pressão, caso a situação junto aos fornecimentos da Rússia não se normalizem. O ambiente é incerto”, prevê o general mananger da BekaertDeslee Brazil. Do ano passado para cá, quatro fabricantes de fibras da China encerraram suas atividades e há a pers- pectiva de que mais duas possam seguir o mesmo caminho. Atualmente, 75%da produção mundial de fibras têxteis é feita na China e 10%na Índia. Para o empresário, a demanda seguirá sendo atendida pela Asia que se tornou um polo produtor eficiente globalmente. “O poliéster tem uma cadeia muito associada a petroquímica e a mobilidade da indús- tria não é simples. Amaturação de investimentos nessa área é de vários anos e serão muito limitados. A assimetria tributária inviabiliza qualquer intento de investimentos”, explica Lars Müller. DRIVER ESTRATÉGICOQUE BALIZAOPREÇODOPOLIÉSTER UTILIZADONAPRODUÇÃODECOLCHÕES TEMFUTURO INCERTODEVIDOÀPRESSÃOSOBREACOTAÇÃO
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