Móveis de Valor - Edição 227

68 moveisdevalor.com.br pando-se apenas em sustentar-se a si próprio com todas as suas benesses e seu famigerado cabide de empregos, usando dinheiro público para comprar, de forma insolente, quórum para suas esperadas aprovações no congresso, e tudo isso às nossas custas, os pagadores de impostos. Vemos um arcabouço fiscal, aprovado pelo legis- lativo, que prevê limitação de gastos de acordo com a receita, mas que também prevê aumento de gastos acima da inflação, o que em outras palavras significa aumento de receita para suportar aumen- to de gastos. Espera-se um superávit com base em aumento de receita e não com base em redução de gastos, e quem irá pagar essa conta? Diferente- mente de uma empresa que pode não obter receita se seu preço estiver acima do mercado, a receita do governo é garantida, afinal, basta uma legislação e o contribuinte será obrigado a cumpri-la. Ah, mas o governo está reduzindo impostos no se- tor automotivo para incentivar a compra de carros populares. Sim, mas quem exatamente irá se bene- ficiar deste incentivo? Certamente não será o povo humilde e trabalhador, quando já temos um índice altíssimo de famílias brasileiras endividadas. Será que estas famílias estão realmente preocupa- das em comprar carros novos, ou estariam mais preocupadas com suas necessidades básicas, como alimentação, saúde, educação, segurança... Este “benefício” impactará de forma muito negativa para a população, aumentando ainda mais o índice de endividamento das famílias e reduzindo o valor de seus veículos usados. E como se isso não bas- tasse, ainda pagaremos a conta desta redução de alguma forma, afinal, de acordo com o arcabouço fiscal, o governo precisa aumentar sua receita para suportar seus gastos, portanto, estejamos prepara- dos pois aumentos de impostos virão. Enfim, esta é a nossa realidade, e só poderemos mudá-la quando a maioria de nós se conscientizar de que é necessário acompanharmos de perto a po- lítica e o que cada um de nossos representantes faz ao ocupar sua vaga por nós concedida. Enquanto ainda houver democracia, está em nossas mãos escolher representantes que façam algo pelo povo e não apenas em prol de seus próprios interesses. Carga tributária, benéfica ou danosa? A elevada carga tributária brasileira é um as- sunto constantemente em pauta, e para man- ter a máquina pública com seus gastos exage- rados e desperdícios, é provável que tenhamos que pagar ainda mais, além do que já nos é imposto. Tributos em excesso geram reflexos no desem- penho e desenvolvimento da economia, restrin- gem investimentos, prejudicam negociações pois tornam o valor do produto mais caro, refletindo na necessidade de redução de gastos, que por vezes impactam na redução de folha de pagamento e consequente aumento do desemprego. Outra consequência da elevada carga tributária é a geração de impostos sem o respectivo pagamento, resultando em acúmulos de dívida tributária, ou ainda a chamada sonegação, onde emite-se notas fiscais em volume menor do que as vendas realiza- das, quando a composição do preço de venda não comporta tamanho gasto para repasse. Mas afinal, por que isso acontece? Bem, se a carga tributária fosse justa e se os valores arrecadados fossem em sua totalidade bem aplicados, tenho certeza de que boa parcela destes problemas se- riam resolvidos. Mas esta não é a realidade que po- demos observar, e para que as empresas consigam se manter competitivas no mercado, ou mesmo sobreviver, algumas delas acabam sonegando parte de seus impostos por não conseguirem repassar o total deste gasto ao consumidor, afinal, o mercado dita algumas regras e o preço de venda precisa estar de acordo com o que o mercado aceita pagar. Nossa carga tributária está entre as mais elevadas do mundo, e a questão não é apenas o volume da carga tributária, mas também, e talvez ainda mais importante, é o fato de não percebermos o retor- no destes tributos à sociedade. Se bem aplicados fossem os tributos, talvez os considerássemos mais benéficos do que danosos. Há muito tempo se fala em reforma tributária, mas qual esperança nossos empresários podem ter de que algo positivo possa ser feito em relação à elevada carga de tributos? Vemos um governo nada preocupado com a economia do país, preocu- ARTIGO Eliane Maria Vignatti, da Evcons Consultoria Empresarial Por Eliane Maria Vignatti

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