Móveis de Valor - Edição 228
63 moveisdevalor.com.br ANA LUÍSA, PROPRIETÁRIA DO APARTAMENTO de vida bem diferentes do dela, partiu do con- texto em que ela estava quando decidiu sair da casa dos pais: com apenas 21 anos e recém-for- mada, ela não conseguia pagar um apartamento sozinha e o custo de vida em São Paulo é alto. Desde então, Ana e Isabela moram juntas. Em janeiro de 2023 a casa ganhou mais uma integrante: a jornalista Emilia Jurach, de 24 anos. Emilia é de Telêmaco Borba, no interior do Paraná e estava morando em Curitiba quan- do recebeu uma proposta de emprego em São Paulo e decidiu se mudar para a capital. Com a mudança, ela passou a ocupar o último quarto vago da casa de Ana e agora as três dividem o mesmo apartamento. Além da diferença de idade, as três também possuem rotinas e hábitos bem diferentes, no entanto, logo de primeira a convivência entre elas funcionou bem, visto que, dividindo o apar- tamento, elas passaram a ter um estilo de vida mais econômico e prático. A história de Ana, Isabela e Emilia aponta para uma tendência que tem crescido muito no Brasil nos últimos anos: as casas multigeracionais. Já citadas pela Móveis de Valor no MV Observatório como uma tendência para o futuro, esse tipo de moradia agora já é realidade e tem cada vez mais pessoas adeptas a essa realidade. No Brasil, estima-se que atualmente 55% dos paulistanos aceitariam dividir a casa com outras pessoas de diferentes idades. Além disso, só no último ano o coliving cresceu mais de 21% no país. Em outras partes do mundo essa tendência também tem mostrado que chegou para ficar. Pesquisas apontam que em 2040 cerca de uma em cada seis residências na Inglaterra serão lares multigeracionais, o que vai representar mais de 15% de todas as unidades residen- ciais do país. Esse fenômeno também pode ser observado nos Estados Unidos, onde apro- ximadamente 18% das pessoas já vivem em moradias assim. O que explica o crescimento dos lares multigera- cionais é que eles prometem ser uma estratégia para proporcionar moradia de forma segura para pessoas de todas as idades que podem ISABELA LEMOS, LOCATÁRIA DE UM DOS QUARTOS DO APARTAMENTO EMILIA JURACH, LOCATÁRIA DE UM DOS QUARTOS DO APARTAMENTO interagir, colaborar e explorar valores e potenciais de cada geração em dinâmicas cotidianas e diárias. Além disso, essa ten- dência é potencializa- da pelo aumento no número de divórcios, que já chegam a quase 400 mil por ano no Brasil e o aumento na quantidade de jovens entre 24 e 34 anos que decidem sair da casa dos pais teve uma alta de 69% comparado há 10 anos. Nesse cenário, tem cada vez mais pessoas de diferentes idades buscando por auto- nomia e independên- cia, no entanto, com os aluguéis cada vez mais altos no Brasil (só nos últimos 12 meses foram 17% de aumento) a me- lhor solução passou a ser dividir casas e apartamentos com pessoas, até então, desconhecidas, e que possuem rotinas e estilos de vida dife- rentes, permitindo que cada um dos membros da casa tenha seu espaço e sua privacidade, sem afetar os demais. Ana conta que no começo estranhou ter alguém que ela não conhecia dentro do seu apartamento, mas que aos poucos, foi se acostumando
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