Móveis de Valor - Edição 230
34 moveisdevalor.com.br tarifa para desincentivar o parcelado sem juros tão longos. Hoje, segundo ele, a média é de 13 parcelas. “Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que fique um pouco mais disciplinado, de forma bem faseada, para não afetar o consumo. Uma alternativa seria simplesmente limitar os juros, mas as instituições simplesmente iriam cortar o número de cartões.” O uso do rotativo do cartão de crédito, ampla- mente difundido entre a população de baixa renda, mais do que dobrou nos últimos três anos. A concessão cresceu 108% entre junho de 2020 e junho de 2023, quando alcançou R$ 30,2 bilhões, segundo dados do BC. Em junho de 2022 havia 190,8 milhões de cartões de crédito em uso no Brasil, quase o dobro da população economica- mente ativa (107,4 milhões). À época, 20% dos usuários tinham três ou mais cartões. QUAL A POSIÇÃO DA FEBRABAN? "A Febraban afirma que não há qualquer pre- tensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito. A entidade participa de grupos multidisciplinares que analisam as cau- sas dos juros praticados e alternativas para um redesenho do rotativo, de um lado, e, de outro, o aprimoramento do mecanismo de parcelamento de compras. Portanto, nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia. Defendemos que o cartão de crédito deve ser mantido como relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias. Isso porque estudos indicam a necessidade de medidas de reequilíbrio do custo e do risco de crédito. Para tanto, é necessário debater a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros. Os estudos da Febraban mostram, ainda, que o prazo de financiamento impacta diretamente no custo de capital e no risco de crédito, e a inadimplência das compras parceladas em longo prazo é bem maior do que na modalidade à vista, cerca de 2 vezes na média da carteira e 3 vezes para o público de baixa renda. o varejo será impacta- do? As empresas vão reduzir a taxa cobra- da dos comercian- tes (MDR)? “Essas mudanças vão ajudar no custo de antecipa- ção dos recebíveis?”, pondera Gonçalves. Com a proliferação do pagamento a prazo, a antecipação de rece- bíveis tornou-se uma operação frequente no comércio. Por meio dela, o lojista ante- cipa o valor que tem a receber do cliente, o qual foi parcelado. Para isso, ele pode acionar o banco ou a operadora do cartão. E, obviamente, paga uma taxa por isso. NOVA PROPOSTA PARA O ROTATIVO Enquanto o Congresso debate a criação de um teto de juros para o rotativo do cartão de crédito, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sugere que a modalidade deve deixar de existir. “Sem rotativo, a fatura não paga iria direto para o parcelado, com juros ao redor de 9% (ao mês, ou cerca de 180% ao ano)” afirma Campos Neto, comprometendo-se a anunciar uma solução nas próximas semanas. Além do fim do rotativo, Campos Neto disse que deve ter algum tipo de "Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo no Brasil" Campos Neto, presidente do Banco Central PRESIDENTE DO BANCOCENTRAL, ROBERTOCAMPOS NETO
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