Móveis de Valor - Edição 231

55 moveisdevalor.com.br Agora, a geopolítica entra no radar dos obser- vadores – e das empresas. Embora não se sai- ba a real extensão e profundidade desse emba- te, alguns economistas apontam que o conf lito pode representar um típico choque de oferta, capaz de afetar o Brasil pela alta de preços do petróleo e pelo câmbio. Tudo vai depender dos desdobramentos. Seja como for, o cenário deve inspirar mais cautela dos governos na condu- ção da política monetária, em meio ao ciclo de corte de juros e a desafios para implementar os seus planos fiscais. TAXA DE JURO A perspectiva inicial do Banco Central era a de que a situação iria piorar nos próximos meses, antes de melhorar no próximo ano. A taxa Selic deve fechar 2023 em 11,75% e até o dia 7 de outubro, os prognósticos aponta- vam juros de 9,25% em 2024. O fato é que a postura austera do BC, que tem alertado para o risco de o agravamento da situação interna- cional limitar as baixas da Selic, pode também ter ajudado a conter os impactos negativos. O que preocupava os analistas eram os vários sinais de que os juros nos EUA seriam man- tidos por mais tempo do que o previsto, por causa da persistência da inf lação que se nega a recuar em um ritmo mais adequado rumo à meta de 2%. Os sinais antes da guerra em Gaza eram de que os mercados reduziriam as chances de uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros americanos na próxima reunião do Federal Reserve (FED) de novembro. A ques- tão agora fica em suspense. O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Pierre-Olivier Gourinchas, prevê que a recuperação da economia global pode ser prejudicada por um possível aumento dos preços do petróleo causado pela guerra em Gaza. Ele calcula que um aumento de 10% nos preços do petróleo reduziria o crescimento do PIB mundial em 0,15% e elevaria a inflação global em 0,40%. Na primeira semana do con- flito, o barril da commodity havia subido 40%. No caso brasileiro, as previsões iniciais para a inf lação eram de 4,8% em 2023 e de 3,6% para 2024. Na avaliação de Gourinchas, do ISRAEL COM A CÚPULA DA MESQUITA E O MONTE DAS OLIVEIRAS EDIFÍCIO-SEDE DO BANCO CENTRAL DO BRASIL FMI, a economia mundial tem demons- trado uma “notável resiliência”, apesar da guerra entre Rússia e Ucrânia, aumento das taxas de juros pelos bancos centrais para enfrentar a inf lação e os efeitos duradou- ros da pandemia de covid-19. COMÉRCIO EXTERIOR Em nove meses desse ano, o superávit da balança comercial brasileira alcançou redondos US$ 71 bilhões, bem acima dos US$ 47,4 bilhões do mesmo intervalo do ano passado e dos US$ 61,5 bilhões de todo ano de 2022. A expectativa é que ao final deste ano, o superávit fique entre US$ 80 bilhões e US$ 85 bilhões. Esse ritmo pode mudar em 2024, pois alguns economistas acreditam que o

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