Móveis de Valor - Edição 236
17 moveisdevalor.com.br Miron, dentro do orgânico assimétrico, que seria o mais exótico, é possível ver mesa redonda ou retan- gular com os cantos redondos, ambos comerciais. Vai depender do mercado. “Consumidor de linha A, por exemplo, compra o móvel do jeito como ele é, ou seja, o mais exótico. À medida que vai descendo para a classe média e classe mais baixa, tende-se a dar uma afunilada no gosto e nas formas para acompanhar a tendência e não ficar um exótico que essas faixas não entendam”, explica. Nessa linha de pensamento, Miron confirma que Milão é provocativo. Faz de tudo para abismar o público. E consegue. “É para que a gente fique envolvo com aquela atmosfera de coisas novas. Sa- bemos que existe a tendência, mas vamos sempre à procura de novidades. E eles acabam mostrando coisas que a gente ainda não viu”, define a feira. DE VOLTA AOS ANOS 70 Ainda segundo Miron, o que foi visto em Mi- lão em 2024 foi uma reinterpretação do que foi apresentado nos anos 1970. Para demonstrar que nada é novo, o designer relembra das mesas das casas de suas tias durante sua infância, que comumente eram feitas de mármore redondo. “Havia muita mesa de mármore com pés cilíndri- cos de madeira ou de mármore na feira”, recorda. Mas afinal, o que está por trás desse retorno aos anos 70? Como se formam as tendências? E, para responder estas questões, é preciso fazer um mer- gulho no tempo. Pensadores da moda e do design em geral, conta Miron, dizem que a Itália está sempre fazendo releituras do passado, um movimento que vem desde os anos 1950 com insights até os dias de hoje. “É um ciclo”, aponta o designer. “Quando comecei a visitar Milão, duas décadas atrás, os anos 50 estavam em evidência. Depois vieram os anos 60 e agora estamos nos anos 70, início dos anos 80. Isso também acontece na moda. Você vê uma cor nas vitrines, rosa pêssego, por exemplo, e chega na feira e vê o mesmo rosa pêssego no sofá, nos tapetes, nos objetos. É uma coisa só que vai formando essas tendências”, explica. Segundo ele, por trás dessa “coincidência”, há um trabalho das indústrias químicas de pigmen- tos, que se reúnem dois anos ou três anos antes, fazem estudos, analisam o gosto do público em Mesa com tampo redondo com bordas retas e que podem também ser arredondadas. Os veios são aparentes, às vezes lisos e muitas vezes com relevos da madeira. Estar composto por sofá e poltronas da coleção Lunam e mesas da linha Undique, por Patricia Urquiola para Kartell Créditos da foto: Sharon Adalla/Revista HAUS Miron Soares, designer geral para saber qual é a sensação, o clima do momento e captam estas necessidades e desejos das pessoas. “São as indústrias químicas que indicam a cor que vai estar na moda. Eles são experts em criar conceitos. Quando você vê, já está envolvido com aquele conceito”, elucida. LINK COM SUSTENTABILIDADE Outro elo interessante que vincula os anos 1970 ao mobiliário mostrado na feira des- te ano remete à pre- servação da natureza. “Sustentabilidade foi o tema da feira. É o que todo mundo fala hoje”, frisa Miron, lembran- do que a conscienti- zação sobre `tudo ser natural´ nasceu cinco décadas atrás. “Você via isso na música, na moda. E quando traz de volta os anos 70 é porque tudo surgiu lá atrás. Lembra os anos 60? Era tudo sintético, a descoberta do nylon,
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