Móveis de Valor - Edição 237

67 moveisdevalor.com.br LUIZ C. PIMENTEL Nos momentos em que você é impactado por aumento de preços em um mercado recessivo, você tem uma situação delicada porque a resis- tência para fazer repasse de preço é grande. Pode até repassar, mas corre o risco de não ter vendas do produto. As vendas podem cair ainda mais com o novo preço – suas e do cliente. É mais problema com suas margens. Nessa hora é preciso uma análise profunda da si- tuação. Imagino que a margem do setor seja entre 3% e 12%. Quem está na faixa de 3% enfrenta dificuldades sérias, principalmente fábricas que trabalham com móveis seriados para as classes C, D e E, e que dependem muito de volume. Pega o Brasil que é montanha-russa, muita gente despen- ca 15% 20% e certamente, estão trabalhando no vermelho. Eles terão dificuldades para chegar a 3% de margem. quatro anos sem conseguir repassar reajustes dos custos fixos, como energia, salários, juros, entre outros, e que somados acumulam 7%. “Na pandemia havia capital de giro com taxa de 0,9%. Hoje quem busca recurso para vender com prazo maior para o lojista paga entre 2% e 3,5%”, relata, lembrando que no passado, as vendas ao varejo eram de, em média, 45 dias. Hoje, ultrapassa 100 dias. Aquino reforça que é imprescindível gerar mar- gem para reinvestir, modernizar para melhorar a competitividade e remunerar o capital investi- do no negócio. “Esse é o ponto central. E questão de sobrevivência”, destaca. Para ser competitivo o ideal seria ter uma margem em torno de 15%. Atualmente, gira ao redor de 3%, algumas 4% e poucas de 5%. Nos móveis planejados é um pouco melhor. “Seria preciso aumentar o preço dos produtos entre 15% e 20% para tornar as nossas operações sadias”, calcula. Pelo lado dos fornecedores de chapas de madei- ra, os principais players do mercado elevaram o preço dos produtos em 5% entre abril e maio, conforme relato dos moveleiros. Sérgio Possato, gerente geral de vendas e marketing da Pla- cas do Brasil, confirma que reajustou o MDF Natural em 5% em função de realinhamento de custos dos principais componentes de painéis de MDF, como madeiras, resinas, papéis de- corativos, manutenções industriais, energias e força laboral. “Outro fator importante tem sido a demanda internacional aquecida em outros segmentos que se utilizam dos mesmos componentes básicos necessários para fabricação de resinas e papéis decorativos que são aplicados na fabricação dos painéis de madeira” comenta o executivo, que sinaliza a possibilidade de alguma readequação para o segundo semestre, período em que, segundo ele, tradicionalmente as demandas nacionais e internacionais são mais aquecidas. Informações não confirmadas dão conta que a Arauco também pretende majorar seus pre- ços em mais 5%, possivelmente em julho. E, extraoficialmente, comenta-se que a Duratex tem a intenção de anunciar mais um aumento. JOSÉ LOPES AQUINO A margem operacional lí- quida dos moveleiros é um problema sério. Ou estão trabalhando no ponto de equilíbrio ou com mar- gem negativa. Essa é uma realidade em todo Brasil. São quase quatro anos sem conseguir repassar aumento dos custos fixos. Nesse período, tivemos escassez de mão de obra. Foi preciso dar aumen- to real para reter empregados. Tudo isso tomou a margem líquida. Para tornar nossas operações saudáveis teria que elevar o preço dos produtos entre 15% e 20%. Hoje, empresas que estão melhor trabalham com margem líquida de 3%, algumas 4% e poucas de 5%. Móveis planejados é um pouco melhor. Para ser competitivo precisaria ser de algo em torno de 15%. É fundamental porque precisa- mos fazer investimentos para manter a competitivi- dade e rentabilizar o capital investido no negócio.

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