Móveis de Valor - Edição 237

68 moveisdevalor.com.br VITOR GUIDINI O aumento dos custos fixos compromete diretamente o desempenho financeiro das indústrias moveleiras, reduzindo as margens de lucro e a sua competitividade no mercado. O aumento das despesas operacionais exige que as empresas busquem alternativas de absorver esses custos, considerando que, dada a competitividade do mercado, repassar esse aumento para o preço de venda é sempre um grande desafio. O reajuste de 5% nos preços dos painéis de MDF e MDP se soma a uma série de aumentos anteriores, impactando ainda mais o custo dos produtos e afetando nossa competitividade, similarmente ao aumento dos custos fixos. Aqui no Espírito Santo, o aumento do frete marítimo encarece as exportações e a importação de insumos. Sem contar que esses insumos chegam com preços mais altos, aumentando o custo de produção. GISELE DALA COSTA Os fabricantes de chapas anunciaram aumento de 5% nos preços emmaio e junho. Junto com o im- pacto das chuvas aqui no Rio Grande do Sul, isso certamente irá impactar as margens. Sempre é delica- do passar aumento de cus- tos, e numa situação como a que vivemos atualmente é ainda mais delicado. Vivemos uma situação muito parecida com a pandemia, que foge do comum. É um momento de entendimento, de que vamos produzir móveis e vamos ter dificuldades. Nós sabemos que o poder de compra do consumidor que consome móvel popular tem uma renda comprometida com alimen- tação, vestuário, transporte. Estão endividados. Acho que será uma situação delicada fazer repasse de custos. Temos que ter esse olhar de investir em maquinário, na qualificação de mão de obra, e as indústrias estão buscando essa melhora. Fala-se em 7%. A Móveis de Valor entrou em contato com outros fabricantes para comentar, mas até o fechamento dessa edição não obteve retorno. O espaço permanece à disposição. Luiz Carlos Pimentel, do Sindusmobil, de Santa Catarina, explica que produtos populares em redes de varejo popular dependem basica- mente do giro. “Quando não há giro, fica difícil repassar 2% de custos. É a típica situação em que todo mundo opera com margem apertada”, chama a atenção, acrescentando que muitas ve- zes, o custo de entrada de um novo produto no mercado também é alto. “Apesar da resistência, o lojista tem que se reunir e negociar, porque senão fica sem o produto”, ressalta. OFERTA DEMAIS X DEMANDA DE MENOS No curto prazo, o tema se torna ainda mais complicado para negociar qualquer repasse de- vido a demanda, que continua em patamar alto. “Há oferta de produto no mercado”, constata Aquino, lastimando que o resultado disso seja o aumento da ociosidade frente a capacidade instalada. Ele calcula que nos últimos anos o móvel chegou ao consumidor acumulando alta de 40%, enquanto os salários não subiram na mesma proporção. Pimentel, do Sindusmobil, pondera que não haveria problema caso o mercado evoluísse acima da inf lação. “Se você cresce 6% no ano, vai conseguir preservar a margem. Mas caso não cresça nesse patamar e não enxugar os custos, certamente, terá resultado inferior ao que tinha antes, porque todos os anos você precisa reajustar mão de obra – inf lação e mais um ganho real – energia, plano de saúde. Quan- do há uma queda, você tem essa queda mais a inf lação”, ilustra. Vitor Guidini, do Sindimol, do Espírito Santo, concorda com Pimentel e Aquino: as fábricas precisam olhar para dentro, analisar custos fixos, melhorar a eficiência. “Não tem outro jei- to”, assegura Guidini, citando os fabricantes do polo capixaba que investiram em maquinário e processos nos dois últimos anos. A entidade reconhece as dificuldades das empresas para repassar custos e acha positivo um movimento de fabricantes da sua região. “O sindicato pode

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