Móveis de Valor - Edição 239
47 moveisdevalor.com.br Quantificar as empresas no Brasil que possuem área de gerenciamento de risco é exercício de pura suposição. A obrigatorie- dade é específica para setores regulamen- tados, com o financeiro, e varia para outros setores de acordo com o nível de governança determinada para empresas de capital aberto listadas na B3 (Bolsa de Valores). Boa parte do chamado Novo Mercado possui gestão de risco. A fragilidade da cadeia de suprimentos ocorrida na pandemia foi escancarada para a maior parte do universo empresarial. Fernando Lage, sócio líder de governança, risco e compliance da KPMG do Brasil, chama atenção para setores com alta dependência de componentes – especialmente, semicondutores – devido a produção concentrada em poucos países. “Ainda hoje, o setor automotivo sofre com isso”, comenta, acrescentando outros dois temas que ganharam importância pela sua magnitude em nível mundial: as questões geo- políticas e climáticas. “A primeira afetou o Bra- sil no fornecimento de fertilizantes”, lembra. Para Lage, pressão de custo, inflação e taxas de juros em outros países, tem representado riscos e podem ter impacto no cenário brasile- iro. “Vejo uma possível recessão ou desaquec- imento da economia nos Estados Unidos que pode, eventualmente, impactar o capital de giro no Brasil e isso pode ter reflexo em seto- res, como varejo que é, de certa forma, a ponta do setor moveleiro”, explica. Levando em conta que a compra massiva de móveis é parcelada, é possível acontecer de empresas imprimirem exigência maior na análise de crédito. Algumas já começam a inserir automação e inteligência artificial na gestão de crédito. Lage alerta: “É preciso ver como estas transformações podem refletir ou não na tomada de decisão equivoca- das”, analisa. CAPITAL HUMANO Outra preocupação é a probabilidade de não ter capital humano suficiente para gerencia- mento de riscos. No Brasil o nível de atenção corrente é de médio para alto. Para ele, é preciso investir na qualificação no quadro atual. “É bom lembrar que a transformação e a ruptura tecnológica são muito grandes, Fernando Lage, sócio líder de governança, risco e compliance da KPMG Há probabilidade de não ter capital humano suficiente para gerenciamento de riscos sem contar questões entre gerações e no- vas formas de pensar e trabalhar. Já há uma dificuldade para atrair e reter pessoas para o trabalho pres- encial. Muitas optam pelo trabalho remoto ou híbrido”, aponta. Para ele, a IA e uso de dados para as tomadas de decisões precisará de educação e investimento de vários setores. Atividades que usam processos manuais serão substituídas por outros mais avançados e com nível de assertividade muito alto. “A grande dificuldade é que as empresas
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