Móveis de Valor - Edição 241

45 moveisdevalor.com.br O advogado e contador afirma que hoje é dife- rente, pois “buscando a RJ no tempo adequado, é mais fácil de se recuperar. Agora a lei permite uma flexibilidade maior para desenhar um plano de recuperação de acordo com as necessidades de cada empresa”. Alcides comenta que a lei atual está muito mais parecida com as que vigoram nos Esta- dos Unidos e Europa. “Antes a concordata era só de dois anos, o que levava a muitas falências. Hoje as empresas podem fazer planos de mais anos, basta agir com bom senso para os credores aprovarem o plano nas assembleias”, observa. O advogado lembra que alguns tipos de crédito não são sujeitos a RJ e que bens essenciais não podem ser retirados pelos credores até a aprovação do plano. Pedimos, então, para que Wilhelm nos explicasse de forma objetiva o que acontece quando uma empresa entra com o pedido de recuperação judi- cial. “A empresa faz o pedido e tem um prazo para apresentar o plano, tendo proteção contra penho- ra, como citei anteriormente, e uma carência de 1 a 2 anos. Geralmente, as empresas costumam conseguir um prazo de 10 anos para pagarem suas dívidas”, resume. Ele explica que o empresário deve mexer onde está realmente o problema. “Às vezes é preciso mexer no leque de produtos oferecidos, a empresa tem de se reinventar para ter sucesso. Existe também um período de dois anos de fiscalização para ver se a empresa está cumprindo o que prometeu no pla- no aprovado”, destaca. O advogado ainda diz que essa empresa pode buscar ações e novos sócios, por exemplo, mas ele lembra que algumas empresas saem da RJ e anos depois precisam entrar com o pedido novamente. “O empresário precisa ter como objetivo analisar o que está sendo feito e reinventar o seu negócio, contando com uma equipe de profissionais para dar suporte, como advogados e contadores. É impor- tante também que ele tente construir um plano de recuperação dialogando com seus credores, fazendo os ajustes necessários antes de apresentá-lo em as- sembleia”, pontua Alcides Wilhelm. Ele ainda acres- centa que se o plano não for aprovado, os credores agora podem oferecer um outro plano. “Antigamen- te, se eles não aprovassem, a empresa já entrava em Alcides Wilhelm, advogado e contador falência, mas as coisas mudaram com a nova lei, porque o custo da falência é maior do que o custo para reestrutu- rar uma empresa”. E, para que a empresa não precise chegar ao ponto de entrar com um pedido de RJ, o advogado orienta: “A transparência com for- necedores é fundamen- tal, é preciso sempre informar o ocorrido (no caso do acúmulo de dívidas) para come- çar as negociações e trazer os credores para o seu lado. Se perder o timing, já não tem mais duplicatas, porém a empresa deve entrar enquanto ainda tem ativos no mercado, porque depois da RJ vai ter que pagar as coisas à vista”. PEDIDOSDERJSÓ AUMENTAMNOBRASIL Não é difícil se depa- rar com notícias sobre pedidos de recuperação judicial feitos aqui no Brasil, principalmente por parte de varejistas. No setor de móveis e eletros, por exemplo, este ano a Móveis de Valor já noticiou o pedido de RJ da Novo Mundo, varejista goiana commais de 68 anos de mercado, além da Schumann, cata- rinense que realizou o segundo pedido de recuperação emmenos de uma década e que

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