Móveis de Valor - Edição 241
72 moveisdevalor.com.br brasileiros está sendo moldado por uma com- plexa rede de fatores econômicos, sociais e emocionais: para 63% dos entrevistados, gastos com alimentação são os que mais pesam em seu orçamento, seguidos por energia elétrica (50%) e água (34%). Essas pressões econômicas afe- tam todas as classes sociais. Outro fator que contribui para a evasão de di- nheiro do consumo é o acúmulo de dívidas: cerca de 21% relatam dificuldades com contas que se tornaram impagáveis, como cartões de crédito e financiamentos. Esse cenário está sendo agrava- do pelo aumento das taxas de juros (18%), o que significa que mais dinheiro está sendo direciona- do para o pagamento de parcelas, e menos para o consumo de produtos e serviços. O varejo online deve seguir em forte crescimento. Marketplaces e aplicativos de entrega estão se transformando como canais de compra mais desejados pelos brasileiros. Os dados mostram que compras online, aplicativos ou sites de compra multimarcas e sites de marcas chinesas ou orientais estão se consolidando como os mais desejados pelos brasileiros. O segredo? Preços competitivos, variedade de produtos, prazos de entrega mais rápidos e aumento na confiabilidade. CONSUMIDOR DO AMANHÃ O estudo “Consumidor do amanhã 2024”, desenvolvido pela Mosaiclab, empresa de in- teligência de mercado da Gouvêa Ecosystem, revela que o comportamento de consumo dos Entidades lançam manifesto contra “bets” Dezesseis entidades dos setores de comércio, indústria e varejo divulgaram um manifes- to na Latam Retail Show alertando sobre o crescimento das apostas eletrônicas e suas consequências sociais, econômicas e de saúde pública. O documento aponta impacto nega- tivo, especialmente nas classes mais baixas. O comportamento compulsivo ocorre parti- cularmente entre jovens e pessoas emocional- mente vulneráveis, levando ao endividamento e a problemas psicológicos para apostadores e suas famílias. “O manifesto expõe com clareza o impacto das apostas eletrônicas, especialmente nas classes mais vulneráveis”, explica Marcos Gouvêa, di- retor geral da Gouvêa Ecosystem. “Não se trata apenas de um problema de comportamento individual, mas de uma questão urgente de saú- de pública e econômica. As medidas propostas no documento são cruciais para enfrentar essa realidade e proteger a nossa sociedade”, exalta. “Claramente parece haver, no âmbito gover- namental, um sentimento de leniência com os danos, especialmente os mentais e outros ge- rados pelo crescimento exponencial das “bets.” É preciso entender que isso traz um grande drama para a saúde pública, aumenta a inci- dência de doenças mentais e leva a um desvio de recursos que muitas vezes, nos segmentos de classes mais baixas, saem da alimentação para o jogo”, afirma Gouvêa. Pelas estimativas do Banco Central os bra- sileiros têm gastado entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões ao mês com apostas e jogos on-line. Em termos anualizados, isso representa 15% da receita do comércio vare- jista brasileiro e 3% do consumo nacional previsto para 2024. Se o míni- mo mensal registrado até agora fosse observado no ano todo, o valor bruto só com Pix totalizaria R$ 216 bilhões. Segundo o BC, em agosto, cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix para essas empresas durante o período analisado. A maior parte desse público tem entre 20 e 30 anos, embora as apostas sejam realizadas por indivíduos de diferentes faixas etária. Ainda de acordo com o BC, cerca de 17% dos cadastrados no Bolsa Família fizeram apostas em agosto, com base no cadastro de 2023. Cinco milhões de pessoas pertencentes ao programa colocaram dinheiro nas plataformas no mês passado: 80% são chefes de família. Os beneficiá- rios do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões, via Pix, para empresas de apostas virtuais em agosto, segundo análise técnica do BC. A mediana dos gastos foi de R$ 100.
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