Móveis de Valor - Edição 242

64 moveisdevalor.com.br precisamos estar com a indústria e a produção cheia”, diz Vitor Guidini. A RENTABILIDADE FICOU MENOR A margem de rentabilidade foi outro tema que tomou conta da agenda das empresas. “Aqui deve fechar com leve queda devido à dificuldade de repassar reajustes de preços para os lojistas", aponta Patricia Guimaraes, de Mirassol. Os custos de painéis de madeira, tintas e vernizes, ferragens, acessórios, materiais de embalagem, vidros e espelhos foram os mais impactantes. “O reajuste nos painéis varia de 12% a 18%, enquanto ferragens, acessórios, revestimentos, cola e tinta tiveram aumento médio entre 10% e 20%”, enumera. Vitor Guidini, de Linhares, assinala que os painéis aumentaram 26% no ano, ao passo que ferragens, acessórios, embalagens e outras matérias-primas ficaram na faixa de 28 a 32% - puxado pelo vidro. “Além de painéis e outros insumos, é preciso consi- derar o problema logístico dos containers por causa da infraestrutura portuária”, reforça Luis Pimentel, de Santa Catarina. Guilherme Brito, de Pernambuco, acredita que pode haver uma chance de alguma reposição de móveis no final do ano por causa da Black Friday. “Alguns clientes estão se movimentando para receber produtos em dezembro, e muitos mais especificamente ficaram para janeiro”, observa. Ele sugere, porém, realizar a Black Friday no mês de fevereiro. “Não tem sentido fazer em novembro e sim em fevereiro que é o pior mês de venda para nós”, propõe. “É um assunto para ser discutido com as entidades do varejo”, conclui. Mas não é o único fabricante de móveis que reclama do período da Black Friday e sugere um calendário específico para venda de móveis que, por ser um bem de consumo durável, se diferencia da maior parte dos itens comercializados nas datas tradicionais de promoção do varejo, especialmente a Black Friday. Projeções preli- minares mostram que em 2025 as vendas continuarão no campo positivo, mas em ritmo me- nor – flertando com um PIB de 1,3%, ante 3,3% previsto para esse ano. O nível de emprego se manterá em bom nível no ano que vem, mas o ritmo de crescimento da atividade econô- mica, hoje sustentado pelo consumo, não se manterá. O cenário-base é de arrefecimento. A taxa de investimento em relação ao PIB continua baixa. O estoque de capital não está crescendo. Esses são alguns sinais de alerta. O bommomento da atividade, que deveria ser motivo de júbilo, é fonte de preocupações cada vez mais prementes a respeito de sua sustentabilidade. É sabido que boa par- te do vigor do PIB decorre do impulso de gastos públicos. Não por falta de alerta, houve grave erro de dosagem na PEC da Gastança, aprovada na transição de governo, que ampliou despesas em cerca de R$ 150 bilhões anuais. Com inflação se distanciando da meta e desconfiança cada vez maior a respeito da trajetória da dívida pública, o Banco Central iniciou um ciclo de elevação da taxa bá- sica de juros e poderá levar a taxa Selic a 13% anuais nos próximos meses. O resultado é conhecido: o crédito tende a desacelerar, como vem antecipando alguns bancos, comprometendo o consumo. Somente um ajuste fiscal sério pode afastar o risco de instabilidade financeira e de uma recaída recessiva. Uma preocupação é que a manutenção de uma política fiscal expansionista possa pressionar a inflação e comprometer a capacidade de crescimento futura. Há uma expressão usada na economia para descre- ver um padrão que se caracteriza por um crescimento econômico rápido e temporário, seguido de uma desace- leração igualmente rápida. Esse padrão que resulta em um ciclo de altos e baixos é chamado de “voo de galinha”, bem conhecido dos brasileiros. Lamentavelmente, o país caminha nessa direção. Por Guilherme Arruda, jornalista convidado Mais dúvidas do que certezas rondam o ano de 2025

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