Móveis de Valor - Edição 242

90 moveisdevalor.com.br tipo de informação seja passado de forma clara para os consumidores. “Nenhum produto é 100% sustentável, a gente deixa pegadas. Os produtos acabam usando recursos naturais de toda forma. Por exemplo, se eles são transportados, então eles emitem pegadas de carbono e usam combustível nesse processo”, explica. “Ou seja, sempre terá um impacto ambiental, é por isso que a comunicação das empresas moveleiras precisa ser feita de forma assertiva, especificando em quais pontos aquele item é de fato sustentável e não apenas resumindo um móvel ao título de ecológico”, esclarece. Segundo ela, também é preciso que os consumidores olhem de uma forma cada vez mais crítica para as marcas que se posicionam como sustentável, especialmente por se tratar de um tema em ascensão e ganhando cada vez mais repercussão. “É preciso saber ler as informações sobre os produtos com esse olhar crítico, questionando e pedindo mais informações e esclarecimentos”, orienta a consultora. “No caso dos varejistas, por exemplo, é preciso pedir a comprovação dos fornecedores sobre todos os atributos de sustentabilidade dos produtos que estão sendo adquiridos pela sua loja para ter a certeza de que esses móveis realmente são ecológicos e repassar isso para os consumidores com clareza, sem enganá-los”, destaca. Por fim, Letícia reitera que o marketing de sustentabilidade quando feito da forma correta, é muito importante para o mercado como um todo. “Eu sou super a favor da comunicação de sustentabilidade, as empresas têm que comunicar cada vez mais seus diferenciais ecológicos, especialmente porque tem demanda para esse tipo de produto e as pessoas estão cada vez mais interessadas nesses itens”, enfatiza. “Além disso, através de um bom marketing de sustentabilidade as empresas estimulam seus concorrentes a se preocuparem com esse tema também. Portanto, quando as campanhas são feitas de forma correta, clara e específica, com comprovações e evidências, elas podem ter ótimos resultados”, finaliza a consultora. Social washing X Greenwashing Assim como o greenwashing é uma prática que, infelizmente, tem crescido no mercado, outra prática comumente aplicada é a do social washing. “Enquanto o greenwashing é focado no green, ou seja, em questões que envolvem resíduos, materiais reciclados, carbono neutro, redução de desperdício de recursos naturais, entre outros, o social washing, como o próprio nome diz, é mais focado no âmbito social”, elucida Letícia. Ou seja, trata-se de dizer que a empresa apli- ca ações relacionadas à diversidade e inclu- são ou aponta que determinadas peças são produzidas por pequenos produtores locais capacitados pela própria marca quando, na verdade essas são ações muito pequenas ou pontuais e estão sendo potencializadas por uma campanha de marketing. “Também é comum que empresas passem anos enfati- zando uma ação pontual do passado como sendo algo que é aplicado até os dias atuais”, explica a consultora. “Nesse caso, as mesmas punições relaciona- das a divulgação de informações incorretas ou mascaradas que levam aos consumidores a enganos no greenwashing podem ser aplica- das no social washing com o mesmo nível de gravidade”, alerta Letícia, reforçando que tan- to ações sustentáveis quanto ações sociais, ao serem divulgadas pela empresa, precisam ser devidamente especificadas para não influen- ciar os consumidores de forma enganosa.

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