26 moveisdevalor.com.br Quando se fala de controle das contas do governo, a situação não é nada boa. Vejamos. O Comitê de Política Econômica avisou que deve subir a Selic nas duas primeiras reuniões desse ano (28-29 de Janeiro e 18-19 de março) em um ponto percentual por vez, o que levaria a taxa para 14,25% anuais – remetendo aos níveis de 2015-2016. A razão é o descontrole da inflação. O IPCA bateu em 4,87% ano passado, acima da margem de tolerância da meta. O outro lado da moeda é que esse mesmo juro agrava o pagamento da dívida do governo. Assim, elevar a Selic significa alimentar a bola de neve dos gastos públicos. Para descrever essa situação, economistas tiraram do baú a expressão “dominância fiscal”, que vem a ser a situação em que não há mais nada que possa ser feito pelo Banco Central para controlar a inflação. Nesse quadro, tudo dependeria da questão fiscal, ou seja, fica na mão do governo federal cortar gastos e criar uma atmosfera de segurança para atrair dinheiro. O novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, é conhecido por pensar fora da caixa, já foi definido como um "heterodoxo não ortodoxo". Sua missão é costurar um caminho viável para a economia não travar no curto prazo nem se tornar insustentável no médio. O juro no Brasil é desanimador, com a terceira maior taxa do mundo Taxas de juros elevadas mais do que abalam a confiança dos empresários – eles desestimulam investimentos, privilegiam especuladores e limitam o desenvolvimento do país. Atualmente, o juro real – descontada a inflação – está em torno de 8%, a terceira taxa mais alta do mundo. Como dito antes, para os consumidores, significa que os empréstimos e financiamentos ficam mais caros e isso desencoraja o consumo. Fica atraente para quem investe, pois encontra retornos mais atrativos em aplicações financeiras que oferecem juros reais próximos ou superiores à taxa de 8%. O empresário Horácio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, se diz preocupado com as conversas ventiladas no governo de que a atual turbulência econômica poderia ter sido causada por ataques especulativos. Para ele, parece haver no entorno do governo alguma dificuldade de transmitir ao presidente as verdades incômodas sobre a situação econômica. Avalia que falta apoio do PT a Fernando Haddad e que o próprio Ministro da Fazenda, assim como a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, têm sido atropelados. Para o ex-ministro da Fazenda, Luis Carlos Bresser Pereira, a economia brasileira está presa em um círculo vicioso da quase estagnação desde 1980. Para ele, a causa direta é a taxa de investimento muito baixa. Tanto o investimento privado quanto o público são sistematicamente inferiores a 17% quando deveria girar em torno de 25% do PIB. Sete pontos percentuais é uma diferença muito grande. Ainda há tempo para reverter o quadro. A solução está dentro do setor público. O ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto resume: “É muito difícil ter juros mais baixos se o fiscal não estiver organizado”. Situação atual só é boa para investidores que ganham muito em aplicações financeiras
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