ANO 24 • EDIÇÃO 248 • JULHO DE 2025 O FAROL DO MERCADO MOVELEIRO O impacto da nova tecnologia Brasil importa mais do que exporta no 1º semestre Veja como ganhar com a geração prateada Personalização em massa: novo modo de produção @moveisdevalor ROTTENG
6 moveisdevalor.com.br Por Inalva Corsi, editora E o segundo semestre começou sem as boas notícias esperadas por todos. O mercado está apreensivo com o anúncio do presidente Donald Trump de que vai taxar em 50% os produtos brasileiros exportados para os EUA. E não é para menos, afinal é o principal destino das exportações de móveis, com 26% do total. A resposta do governo brasileiro não havia ocorrido até o fechamento desta edição, mas tomara que não tenha sido em forma de reciprocidade às taxas de importações do Brasil. Como muitos insumos, especialmente para fabricação de colchões, vem do mercado americano, a alta taxa de Trump pode significar aumento no preço dos produtos. Aliás, antes mesmo do tarifaço, o governo brasileiro já havia penalizado a indústria de colchões com a aplicação de taxas antidumping sobre as importações de poliol da China e dos Estados Unidos. Mas, como diz o CEO da Móveis de Valor, Ari Bruno Lorandi, na coluna Cá Entre Nós, “não há tempestade, por mais perfeita que seja, que dure para sempre. Porém, é preciso agir com inteligência para enfrentá-la, trabalhar de forma coordenada e comunicar com clareza”. Na editoria MV Observatório desta edição mostramos uma ampla reportagem sobre o envelhecimento da população brasileira e chamamos atenção das indústrias de móveis e colchões para as oportunidades de desenvolver móveis pensando na chamada economia prateada (pessoas acima de 50 anos). Na reportagem você conhece exemplos de empresas que fornecem ferragens, molejos e mecanismos para facilitar a produção de móveis acessíveis a esse público. Outra boa oportunidade, que inclui as lojas de colchões, móveis seriados ou móveis planejados, está na qualificação das equipes. Estudos revelam que empresas com colaboradores engajados são 23% mais rentáveis e 18% mais produtivas. Personalização em massa. Isso é possível no setor de móveis? Uma reportagem nesta edição mostra que sim e que já tem empresas fazendo. Além disso, a reportagem aponta a Indústria 4.0, a Inteligência Artificial e o uso de e-commerce e plataformas digitais, como os principais aliados nesta missão. Na editoria ESG News, que agora conta com apoio de conteúdo da Micropet, destacamos a importância de mostrar as práticas ambientais, sociais e de governança da sua empresa. Afinal, uma gestão transparente melhora a relação com os colaboradores, clientes e fornecedores e pode impactar favoravelmente na atração de investimentos, além de servir de “escudo” para crises que possam surgir. E você sabia que pode inclusive contar com a ajuda da IA para isso? Sim, veja como nesta edição. E a crescente preocupação com sustentabilidade, considerando toda a vida útil do móvel (da produção ao descarte) tem levado empresas a olharem para o plástico como matéria-prima. Seguindo os passos da Europa, que tem tradição no uso do plástico em móveis de design, alguns profissionais brasileiros vêm aderindo ao material em peças úteis, resistentes, bonitas. E, claro, sustentáveis. Sim, afinal o plástico pode ser parte de soluções mais sustentáveis quando inserido em cadeias de economia circular. Mas esta edição tem muito mais conteúdo, incluindo a cobertura de feiras e eventos, como o Salão de Gramado e o Conemov, além de uma prévia do que deve ser mostrado na Fimma Brasil, no VEX, da Gazin, e no Encontro das Indústrias de Colchões, da Abicol. Para ficar por dentro de tudo o que acontece no setor diariamente, nos siga nas nossas redes sociais e no Portal www.moveisdevalor.com.br. Afinal, a Móveis de Valor é o farol do mercado moveleiro! REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Rua Dep. Estefano Mikilita, 125 - 3º andar CEP 81070-430 - Portão Curitiba – PR – Brasil CONTATO Fone (41) 99912-9877 www.moveisdevalor.com.br moveisdevalor@moveisdevalor.com.br DIRETORES Ari Bruno Lorandi aribruno@moveisdevalor.com.br Inalva Corsi inalvacorsi@moveisdevalor.com.br ADMINISTRAÇÃO/FINANÇAS Juliana Pinheiro financeiro@moveisdevalor.com.br REDAÇÃO Inalva Corsi – 3035 PR Jornalista Responsável inalvacorsi@moveisdevalor.com.br Natalia Concentino – 10431 PR natalia@moveisdevalor.com.br João Caetano Guimarães caetano@moveisdevalor.com.br Guilherme Arruda – 5955 RS Jornalista convidado guilherme@moveisdevalor.com.br DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Bruna Rosário arte@moveisdevalor.com.br ASSINATURAS E CIRCULAÇÃO assina@moveisdevalor.com.br COMERCIAL – SUL Inalva Corsi - (41) 99912-9877 | 99991-2974 inalvacorsi@moveisdevalor.com.br COMERCIAL – SUDESTE Cidinha Leal - (17) 98114-3666 cidinha@moveisdevalor.com.br CARTA DA EDITORA @moveisdevalor Acesse a versão digital desta edição
7 moveisdevalor.com.br SUMÁRIO NOSSA CAPA Ilustra capa desta edição RottStop Convencional, da Rotteng – Mecanização e Automação Industrial, de Limeira (SP) (19) 3441-2887 www.rotteng.com.br 70 MATÉRIA-PRIMA Solução durável e sustentável, o plástico ganha espaço no setor 82 BED REPORT Impactos da taxa antidumping deixa colchoeiros preocupados 88 MV DECOR Salão de Gramado mostra inovação nos lançamentos e design autoral SEÇÕES 8 CÁ ENTRE NÓS Ari Bruno Lorandi define o momento da economia como “A tempestad e perfeita” 10 NOTAS INDÚSTRIA Produção de móveis aumenta o ritmo, mas sem alta 18 FEIRAS E EVENTOS Fimma Brasil propõe moldar o amanhã das indústrias de móveis 12 DE FRENTE COM OS NÚMEROS Brasil importa mais do que exporta no primeiro semestre 30 MV OBSERVATÓRIO Veja como os moveleiros podem ganhar com a geração prateada 40 CAPACITAÇÃO Lojas que investem em capacitação retêm talentos, vendem mais e melhor 44 GESTÃO Por que alguns lojistas têm sucesso com a inovação e outros não? 52 INDÚSTRIA A personalização em massa é um novo modelo de produção 62 ESG NEWS A importância de mostrar as práticas ESG da sua empresa 24 FEIRAS E EVENTOS Conemov tem recorde de público e reafirma a força do Nordeste 28 FEIRAS E EVENTOS VEX, da Gazin, reúne grandes nomes para debater o futuro do varejo 46 ARTIGO O real potencial do branding e como ele pode trazer valor à marca 50 ARTIGO Forma de negociação e seus impactos na loja de móveis planejados 58 DESTAQUE DE CAPA Rotteng oferece tecnologia nacional com confiança comprovada 97 PONTO DE VENDA Vendas no comércio estão ruins, mas já estiveram piores
8 moveisdevalor.com.br A TEMPESTADE PERFEITA O setor moveleiro brasileiro enfrenta o que talvez seja o seu pior cenário em décadas. Uma sucessão de golpes, externos e internos, compõe um cenário devastador – e o pior: com pouca ou nenhuma reação do governo brasileiro. Mas nada está tão ruim que não possa piorar. Quando a indústria ainda tentava se reerguer dos abalos recentes, o governo aplicou uma pesada sobretaxa antidumping sobre o poliol, um dos insumos mais estratégicos da cadeia colchoeira. O impacto é brutal: o custo da espuma pode saltar mais de 40%, comprometendo drasticamente a competitividade do setor. Ao mesmo tempo, a indústria de painéis de madeira – principal matéria-prima para a fabricação de móveis – reajustou seus preços em média 7% distribuidos em julho e agosto. Um movimento que pressiona as margens e sufoca ainda mais a produção. Como se não bastasse, os Estados Unidos, principal destino dos móveis brasileiros, com 26% das Por Ari Bruno Lorandi, CEO da Móveis de Valor exportações, impuseram uma tarifa de 50% sobre os produtos nacionais. Uma barreira comercial que praticamente fecha as portas de um dos únicos mercados que ainda dava algum respiro à indústria. Internamente, o cenário também é desolador. O governo repete que “a economia vai bem”, mas o varejo de bens duráveis conta outra história: os juros continuam altos, o crédito continua retraído, e a inadimplência afasta o consumidor das lojas. De janeiro a maio, o consumo de móveis no Brasil caiu 2,1%, refletindo a perda de fôlego do mercado interno. E enquanto as exportações estagnam, as importações crescem com força: subiram 9,4% no primeiro semestre – e 44% de tudo vem da China. O resultado? Um déficit de 14 milhões de dólares na balança comercial de móveis. E o pior: sem nenhuma salvaguarda por parte do governo brasileiro. É uma tempestade perfeita. E não há como enfrentá-la sem ação coordenada, sem inteligência estratégica e, sobretudo, sem coragem para mudar a rota. Porém, é importante considerar que toda tempestade, por mais intensa que seja, um dia passa. E quem sobrevive a ela não volta igual — volta mais forte, mais preparado, mais estratégico. É hora de agir com inteligência, comunicar com clareza e, acima de tudo, manter o propósito firme: fortalecer a indústria, proteger empregos, gerar valor e reconstruir competitividade. O setor moveleiro brasileiro já superou outras crises e pode, sim, sair dessa mais resiliente — desde que haja união, liderança e coragem para transformar a adversidade em oportunidade. A tempestade é real. Mas juntos, – como fizemos na pandemia em 2020 – podemos atravessar esta tempestade também.
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10 moveisdevalor.com.br A pesquisa mais recente do IBGE mostra que a produção física de móveis em maio foi um pouco melhor (ou menos ruim) do que a do mês imediatamente anterior. A variação acumulada nos primeiros cinco meses deste ano é positiva, com expansão de 3,8%, porém com viés de baixa considerando a mesma base de comparação nos meses anteriores. O índice de variação de 12 meses, sempre de acordo com a pesquisa mensal de produção industrial do IBGE, mostra alta de 9,4%, menos do que os 12 meses encerrados desde janeiro. O melhor desempenho nesta base de comparação é o das indústrias paranaenses com 12,6%, seguida do Rio Grande do Sul (6,5%) PRODUÇÃO DE MÓVEIS AUMENTA O RITMO, MAS SEM ALTA NOSSO ADEUS A FRANCISCO DIAS, UM DOS FUNDADORES DA ORTOBOM Faleceu, no dia 19 de junho, o empresário Francisco José Dias, aos 85 anos, no Rio de Janeiro. Francisco, junto com os irmãos Ernesto (já falecido) e Júlio Dias, construíram uma das maiores companhias do Brasil, a Ortobom, e deixa um grande legado ao segmento colchoeiro. Os três irmãos cresceram, aprenderam e empreenderam juntos. Com foco no trabalho duro e a disposição de visitar cada município, em todos os cantos do país, fizeram a Ortobom. Em 2016, os irmãos Dias, foram condecorados com o título de “Notáveis Industriais Colchoeiros” pela Abicol. ABICOL PEDE AO GOVERNO AVALIAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO PARA SUSPENDER TAXAS ANTIDUMPING A Abicol participou, no dia 15/07, de uma audiência em Brasília com o Departamento de Defesa Comercial (DECOM), como parte dos esforços institucionais para suspender a medida antidumping sobre o poliol, com fundamento no interesse público. Na ocasião, foi entregue a carta solicitando a suspensão imediata da medida, evidenciando os graves impactos sobre o setor colchoeiro, especialmente para as micro, pequenas e médias empresas. Na mesma data, o MDIC publicou a abertura do prazo para peticionamento formal de avaliação de interesse público referente à medida antidumping aplicada aos polióis poliéteres originários da China e dos Estados Unidos. A Abicol já iniciou a elaboração da petição de avaliação de interesse público. “Esta é uma etapa estratégica para reverter os efeitos da medida antidumping, que segue em vigor enquanto não houver decisão em sentido contrário”, destacou Adriana Pierini, diretora executiva da Abicol. e Santa Catarina. Porém, no quadro da variação acumulada entre janeiro e maio, a indústria catarinense mostrava maior desempenho com 10,3% enquanto o Rio Grande do Sul atuava em queda. INDÚSTRIA
11 moveisdevalor.com.br CLERIANE DENIPOTI ASSUME A DIRETORIA EXECUTIVA DO INER O Instituto Nacional de Estudos do Repouso anunciou, em 30 de junho, a nomeação de Cleriane Lopes Denipoti como nova diretora executiva. Ela assume a liderança estratégica da instituição em um momento decisivo de transição, com foco no fortalecimento institucional, na ampliação da credibilidade técnica e no aprimoramento contínuo dos processos de certificação. Administradora, com especialização em Engenharia da Produção e certificação como Auditora Líder em Sistemas de Gestão, Cleriane construiu uma trajetória consistente nas áreas técnica, regulatória e de certificação. TARIFAÇO DE TRUMP INTERROMPE EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS AOS EUA Até o fechamento dessa edição, pelo menos dois estados – Santa Catarina e Rio Grande do Sul informaram suspensão de embarques de móveis para os Estados Unidos em razão da tarifa de 50% determinada por Donald Trump e que passa a vigorar em 1º de agosto. Houve também casos em que pedidos foram cancelados e a preocupação dos moveleiros, independentemente dos resultados das negociações para redução da tarifa, é a demora na retomada dos negócios. ABIMÓVEL E ABICOL SE MANIFESTAM SOBRE O TARIFAÇO A Abicol emitiu uma nota assinada por seu presidente, Luciano Raduan Dias, afirmando que “embora ainda seja cedo para mensurar todos os efeitos no setor colchoeiro nacional, é importante destacar que medidas desse tipo podem alterar o equilíbrio do comércio internacional, encarecer insumos e provocar dificuldades no abastecimento, especialmente em cadeias que dependem de componentes importados”. Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel, defendeu a abertura de canais institucionais de negociação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, com o objetivo de buscar alternativas que preservem o fluxo de comércio e evitem prejuízos desproporcionais às indústrias brasileiras. INCÊNDIO DE GRANDES PROPORÇÕES ATINGE FÁBRICA DE MÓVEIS EM SC Um incêndio estrutural de grandes proporções atingiu a fábrica de móveis Finestra, localizada em Saudades (SC), na tarde de 27 de junho. O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado por volta das 15 horas e, ao chegar ao local, constatou que as chamas já consumiam três silos coletores de pó da empresa, que está em processo de expansão. Apesar da gravidade da ocorrência, não houve registro de feridos. INDÚSTRIA
12 moveisdevalor.com.br Brasil importa mais do que exporta no 1º semestre Pela primeira vez nos últimos cinco anos, as importações de móveis residenciais no primeiro semestre foram superiores às exportações. No fechamento de janeiro a junho desse ano, as compras externas somaram US$ 452,2 milhões, aumento de 9,5% em relação a idêntico período do ano passado, enquanto os embarques alcançaram US$ 438,1 milhões, alta de 6,1% na mesma base de comparação. O resultado dessa combinação é um déficit de US$ 14,1 milhões – em 2024 foi de apenas US$ 191 mil. Entre 2021-2025, porém, o saldo das trocas comerciais acumula um superávit de US$ 312,4 milhões. O que chama a atenção é o volume trazido da China, US$ 199,7 milhões, 7,2% acima do importado em 2024, recorde histórico para os seis primeiros meses do ano. Comparando a década 2006-2015 com a seguinte, vê-se que a participação média chinesa no período comparada ao total importado saltou de 23,7% para 38,8% - avanço de 15 pontos percentuais. Como curiosidade, entre 2016 e 2025, a China comprou do Brasil US$ 10,5 milhões (é o nosso 48º mercado), e vendeu US$ 1,39 bilhão, uma desigualdade de 132 vezes. O problema não é só a China: é toda a Ásia, que hoje responde por 57,3% de tudo que vem do A COMPRA DE MÓVEIS DO EXTERIOR REGISTROU EXPANSÃO DE 9,5% ENTRE JANEIRO E JUNHO SOBRE IGUAL PERÍODO DE 2024, COM AVANÇO DE 38,8% DA PARTICIPAÇÃO MÉDIA EM PRODUTOS DA CHINA COM RELAÇÃO AO TOTAL ADQUIRIDO PELO BRASIL OS EMBARQUES CRESCERAM 6,1%, INFLUENCIADO PELA RETRAÇÃO DO MERCADO NORTE-AMERICANO, MAS COMPENSADO COM A AMPLIAÇÃO DAS VENDAS EM MERCADOS TRADICIONAIS DA AMÉRICA DO SUL E, AINDA, COM A BOA SURPRESA DO MÉXICO DE FRENTE COM OS NÚMEROS Por Guilherme Arruda, jornalista convidado
13 moveisdevalor.com.br exterior. Entre 2006-2015 a participação média era de 38% e nos dez anos seguintes passou para 53%. Além de Japão, Índia, Tailândia, Coreia do Sul e Hong Kong, estão vindo produtos do Camboja, do Azerbaijão, Sri Lanka e Uzbequistão com frequência irregular e valores pouco expressivos, mas é importante não esquecer que são 26 países asiáticos de braços abertos a mercados externos e dispostos a vender. Sul e Sudeste são as regiões brasileiras que concentram os maiores volumes de importações – 81%. Ambas fazem compras praticamente no mesmo lugar, a Ásia, onde se concentram 65% e 46%, nessa ordem, do total de suas compras. Mas há uma terceira força que vem ganhando espaço, o Centro-Oeste, que elegeu a Ásia como seu centro de compras – de lá vem 98% de tudo o que importa. No primeiro semestre negociou US$ 40,4 milhões, aumento de 48% sobre o ano anterior. EXPORTAÇÕES A performance das exportações de móveis residenciais está sujeita ao comportamento de dois fortes compradores: Argentina e Estados Unidos. As vendas para a terra do Tio Sam encolheram 2,2%, batendo em US$ 115,6 milhões. Apesar de uma recuperação em junho, os índices estão levemente abaixo dos níveis saudáveis, e as percepções para o futuro seguem incertas. O JP Morgan revisou o risco de recessão para 40%. Já o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) prevê uma pequena recessão, com elevação sequencial negativa no terceiro e quarto trimestres. Essas análises foram feitas antes do anúncio do tarifaço do governo Trump ao Brasil, no início de julho. Daqui para frente será preciso cautela e diplomacia. A adoção de tarifas elevadas é um fator de risco que mantém a classe média americana cautelosa, avalia o IIF, prevendo que esse modelo tarifário tem potencial para elevar a inflação americana. O Goldman Sachs considera que esse padrão é razão para a queda do PIB. Vale citar que o enfraquecimento da demanda de mão de obra também corrobora esse diagnóstico, especialmente em setores ciclicamente expostos. Já no país vizinho, sob o governo de Javier Milei, houve uma evolução de 29,2%, com surpreendentes US$ 47,5 milhões, maior volume de exportaJorge Morgenstern, diretorgeral da consultoria argentina Alberdi Partner
14 moveisdevalor.com.br ção no período desde 2013. O economista Jorge Morgenstern, diretor-geral da Alberdi Partners, consultoria de Buenos Aires, diz que a combinação de pagamentos flexíveis de importação, barreiras tarifárias e não tarifárias mais baixas, além de taxa de câmbio relativamente apreciada e uma recuperação da demanda interna explicam a forte expansão. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 0,8% e o consumo privado 2,9% comparativamente ao trimestre anterior, uma taxa anualizada de 3,2% e 12%, respectivamente. Quanto ao futuro, Morgenstern revela que os salários privados vêm se contraindo em termos reais desde fevereiro e estão abaixo dos níveis observados de janeiro a outubro de 2023 (antes da aceleração acentuada da inflação). Outro fator que deve prejudicar o crescimento é que, durante os anos de inflação crescente, houve fortes incentivos para a compra de bens duráveis para proteção contra a inflação, lembrando que o crescimento do crédito, que foi muito forte no primeiro semestre do ano, vem desacelerando em razão da ascendência das taxas reais de juros. Outros mercados, como Uruguai e Paraguai, ajudaram a impulsionar as vendas, com alavancagem de 10,2% e 27,8% respectivamente. E o que dizer do México, cujas compras subiram de US$ 12,3 milhões em 2024 para US$ 19,5 milhões esse ano (maior volume em duas décadas) e 58,7% de aumento. Até 2023 a média mexicana para o semestre era de US$ 5,0 milhões. Só o polo de Bom Princípio (RS) embarcou US$ 7,1 milhões nesse ano. Atibaia, que em 2024 vendeu US$ 11,9 mil pulou para US$ 4,2 milhões. E Itatiba, que de US$ 6,1 mil foi para US$ 2,0 milhões. SITUAÇÃO NOS POLOS O polo de Santa Catarina totalizou embarques no valor de US$ 138,7 milhões, melhora de 8,6% ante 2024, índice puxado em boa parte pela ampliação de compras dos dez primeiros mercados com os quais tem conexão histórica, como Reino Unido, Porto Rico, Espanha e Chile – e alguns “empates técnicos”, casos de Uruguai, França, Alemanha e Estados Unidos. Da lista de mais de 160 países com os quais costuma exportar, realizou negócios com a metade. Todos os 26 países da Ásia estão em busca de novos mercados para vender seus móveis depois da pressão dos EUA com pesadas tarifas DE FRENTE COM OS NÚMEROS
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16 moveisdevalor.com.br As locomotivas catarinenses não decepcionaram. São Bento do Sul, com US$ 42,8 milhões, Caçador, com US$ 23,5 milhões e Rio Negrinho, com US$ 9,5 milhões, tiveram desempenhos de 8,2%, 5,5% e 27%, nessa ordem, na relação com 2024. A exceção foi Campos Alegre que teve queda de 16%. Vale destacar o trabalho exercido em Jaraguá do Sul, que fechou o primeiro semestre com vendas de US$ 2,9 milhões, crescimento de quase 80% no confronto com mesmo período do ano passado. A média até então era de US$ 400 mil. Após obter um incremento de US$ 7,1 milhões em 2024 na comparação com as exportações de igual semestre do ano anterior, o polo gaúcho recuou US$ 2,2 milhões nesse ano, totalizando US$ 120,1 milhões. Bento Gonçalves encolheu 7,1%, somando US$ 27,2 milhões – menos US$ 2,1 milhões no cotejo com 2024. Já Bom Princípio registrou uma performance excepcional, com alta de 58,6%, somando US$ 11,6 milhões, novo recorde – o terceiro em sequência – de negócios em duas décadas. O polo paranaense encerrou o semestre com 3,3% a mais de embarques, totalizando US$ 73,0 milhões, sendo 40% puxados pelo polo de Arapongas, que somou US$ 29,3milhões, aumento de 13,6% sobre igual semestre de 2024 – volume próximo do recorde de US$ 30,9 milhões obtido em 2021. Vale destacar a atuação dos fabricantes de Rio Negro, que em 2024 exportaram US$ 4,9 milhões e nesse ano US$ 7,1 milhões, 44% a mais. Na contramão, Quatro Barras, que em 2023 e 2024 exportou US$ 14,1 milhões e US$ 9,7 milhões, fechou 2025 com apenas US$ 1,0 milhão. DE FRENTE COM OS NÚMEROS
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18 moveisdevalor.com.br FIMMA molda o amanhã das indústrias de móveis Mais do que um encontro para exposição de máquinas, equipamentos e acessórios, a FIMMA é um espaço de provocação e de transformação que desafia os industriais a pensar sobre o futuro da produção de móveis e a responder à nova realidade de consumo, às questões ambientais e à escassez de mão de obra. Na edição desse ano, que acontece entre os dias 4 e 7 de agosto, em Bento Gonçalves (RS), o visitante encontrará novidades sobre digitalização, automação, IA, produção sustentável e conectividade. Ao todo, são cerca de 300 expositores. Euclides Longhi, presidente da Movergs, entidade organizadora do evento, diz com empolgação: “A maneira de fazer móvel no Brasil muda a partir do que ocorre na FIMMA”, e acrescenta sem disfarçar a animação: “Será preciso, no mínimo, dois dias cheios para conhecer toda a feira”. A expectativa é que alguns players globais presentes nas feiras europeias levem para a FIMMA um recorte de inovações em um momento em que a indústria brasileira atravessa um ponto de inflexão em direção à automação, à sustentabilidade e à integração digital. Se na Interzum os destaques foram materiais circulares e soluções bio-based, com superfícies que interagem com ambiente e móveis adaptáveis ao uso em tempo real, na Ligna predominou a automação da produção, com robôs colaborativos, sensores inteligentes e uso de IA para monitoramento e manutenção preditiva. Nomes como Henkel, Homag, Jowat, Rehau, entre outros, têm presenças confirmadas na FIMMA. CERCA DE 300 MARCAS VÃO APRESENTAR ENTRE OS DIAS 4 E 7 DE AGOSTO, EM BENTO GONÇALVES, NOVIDADES EM AUTOMAÇÃO, DIGITALIZAÇÃO, IA, CONECTIVIDADE E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL O SETOR MOVELEIRO TERÁ ACESSO A SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS DE PONTA, DESENVOLVIDAS POR EMPRESAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS QUE AJUDARÃO A APRIMORAR OS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO FEIRAS E EVENTOS Guilherme Arruda, jornalista convidado
19 moveisdevalor.com.br A Homag vai levar softwares disponíveis no mercado brasileiro, focados nas necessidades atuais dos clientes, como o woodWOP, uma interface 3D intuitiva, visual e amigável, que elimina a complexidade da programação tradicional e coloca o poder da usinagem nas mãos da equipe, permitindo mais entrega, com mais qualidade e em menos tempo. A integração completa com CAD/CAM, permite que o projeto seja transferido diretamente para a máquina, o que resulta em uma produção mais ágil e sem retrabalhos. Tem ainda o Cut Rite que extrai o máximo de cada chapa de MDF: o plano de corte é calculado em segundos, com precisão milimétrica, economia real e sem desperdício. E tem o tapio, um marketplace digital que reúne recursos de software da Homag e parceiros internacionais. A plataforma permite que os clientes acessem, avaliem e instalem as soluções diretamente em suas máquinas, aumentando a autonomia, a agilidade e a integração dos processos de produção. A plataforma Homag Intelligence, apresentada na Interzum, que conecta vendas, configuração e produção em uma mesma cadeia de dados, fica para mais adiante. Entre as empresas brasileiras, a Joelini, referência em sistemas deslizantes, ferragens e soluções funcionais para o mobiliário, apresentará um sistema deslizante esperando causar tanto impacto quanto as últimas inovações. Além de seguir a mesma linha do SOFT40 e do SOFT80, com deslize suave e silencioso para portas de correr, o novo sistema batizado de MOOVE foi pensado para ambientes onde o design prevalece, elevando o nível do projeto e proporcionando qualidade em forma de sofisticação ao ambiente. Ou seja, atender projetos mais exigentes e de alto padrão. O sistema oferece alta performance, acabamento impecável e uma experiência de uso superior. E tem a Koria, que apresentará ao vivo as etapas do processo de pintura moveleira, incluindo a operação da cabine pressurizada. A proposta é mostrar, de forma didática e aplicada, a cabine ideal para cada tipo de pintura, associada ao equipamento de aplicação mais indicado para o processo. Além disso, será possível conhecer Softwares Homag: tapio, Homag IX, woodWOP, Cut Rite e iVP Sistema deslizante da Joelini
20 moveisdevalor.com.br associadas ao Brazilian Furniture/Vertical e visa conectar indústrias de componentes, fornecedores e máquinas a potenciais compradores internacionais, por meio de agendamento de rodadas de negócios. Outro projeto para fomentar negócios é o Procompi, similar ao realizado na Movelsul desse ano. Os importadores estão convidados a participar de rodadas com micro e pequenas empresas. As MPEs gaúchas expositoras da feira recebem consultorias individuais antes e depois da FIMMA, ajudando os participantes a se prepararem para o mercado externo. O projeto tem apoio da CNI, Sebrae, Fiergs, Unisind e Sindmóveis Bento Gonçalves. A 17ª edição da FIMMA Brasil dá um passo em sua agenda ESG. Toda a energia utilizada no período de montagem, durante os quatro dias de feira e na desmontagem das estruturas terá origem 100% renovável – com rastreabilidade garantida por meio da certificação internacional IREC (International REC Standard), reconhecida globalmente por atestar a procedência limpa e sustentável da energia elétrica utilizada. “Mais do que uma ação da FIMMA, é uma escolha com efeitos para a cadeia moveleira e para reputação ambiental dos nossos expositores e visitantes”, diz Longhi. A FIMMA nasceu em 1993 do espírito visionário de empresários que enfrentavam barreiras para acessar tecnologia no exterior, como dólar, passagens caras, dificuldades com passaporte e idioma. Daí surgiu a ideia de trazer o que havia de mais moderno em máquinas, equipamentos, acessórios e matérias-primas. Não por acaso, o tema foi “Um Novo Mundo de Negócios”. Em mais de três décadas, se firmou como um evento catalisador de mudanças. o ecossistema completo que envolve uma pintura eficiente e segura, como sistemas de exaustão, filtragem, EPIs e acessórios. “Estar na FIMMA com a nova identidade é mais do que uma participação, é a afirmação do nosso propósito. É o momento de mostrar ao mercado como evoluímos, mantendo a essência técnica e inovadora que nos trouxe até aqui”, comenta Renato Nunes, diretor da Koria. RODADAS DE NEGÓCIOS Até o fechamento dessa edição o Projeto Comprador, iniciativa do Brazilian Furniture – parceria entre Abimóvel e ApexBrasil – não havia fechado o número total de importadores convidados. Esse espaço é exclusivo para empresas FEIRAS E EVENTOS
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22 moveisdevalor.com.br UMA PRAÇA COM INOVAÇÃO AO ALCANCE DE TODOS Uma das grandes novidades deste ano é a Praça da Inovação, um espaço vibrante para circular, interagir e descobrir o futuro do setor. "A Fimma é um grandioso encontro de inovação e negócios, mas a Praça é um projeto totalmente diferente de tudo o que a feira já mostrou em mais de 35 anos. Tenho certeza de que será um dos pontos altos desta edição", aposta Renato Bernardi, diretor de Inovação da Movergs. "A ideia é descomplicar a inovação, promover conexões entre o público e discutir os assuntos mais relevantes do momento", complementa. Localizada estrategicamente próxima ao hall do Pavilhão A, a Praça foi desenhada para oferecer um percurso dinâmico e interativo, explorando diferentes facetas da inovação. Um dos grandes atrativos do espaço é a programação de palestras gratuitas, com nomes de peso já confirmados, como Priscilla Bencke (cofundadora da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura) e Ricardo Lemos (treinador de vendas e motivação de equipes – palestra oferecida pelo Sebrae RS). O espaço também sediará a edição pocket do projeto Indústria Delas, realizado pelo Simecs. A realização da Praça da Inovação conta com o valioso apoio de: Sebrae RS, Senai-RS, Inova RS, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Instituto Hélice, Tecno UCS e InovaBento. CONEXÕES ESTRATÉGICAS: ARQUITETOS E IMPORTADORES Reconhecendo a importância dos arquitetos como especificadores chave para o setor, a direção da feira preparou uma programação exclusiva para esses profissionais. O roteiro inclui visitas guiadas a estandes de empresas que desejam recebê-los, além de visitas a fábricas de expositores parceiros. A agenda se completa com um jantar de relacionamento, promovendo networking de alto nível. Os arquitetos convidados terão acesso privilegiado ao Lounge VIP, situado no final do Pavilhão A. IMPORTADORES: AMPLIANDO HORIZONTES INTERNACIONAIS Dividindo o espaço no Lounge VIP, um grupo seleto de dez importadores convidados pela Movergs marcará presença. Eles vêm de grandes mercados para a indústria, como Uruguai, México, Colômbia, Guatemala, Bolívia e Argentina, conforme destaca Ana Maria Schneider. Esta iniciativa é direcionada especificamente para expositores interessados em recebê-los em seus estandes, diferenciando- -se das tradicionais rodadas de negócios. A programação para os importadores também inclui visitas a fábricas locais e um jantar de relacionamento, fortalecendo laços e gerando novas oportunidades. FEIRAS E EVENTOS
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24 moveisdevalor.com.br Conemov tem recorde de público e reafirma a força do Nordeste A VII edição do Congresso Moveleiro do Nordeste, realizado no Recife, dias 3 e 4 de julho, recebeu público recorde. Além das palestras abordando temas importantes como estratégias para vender mais e desenvolver pessoas para o futuro do setor, associativismo e uso de tecnologias, como IA, em favor das empresas, o evento contou com rodadas de negócios, realizadas pela Abimóvel e Apex. Os mais de 200 participantes do Conemov também fizeram visitas técnicas a indústrias locais e conheceram o Porto Digital, principal distrito de inovação da América Latina, além de contatos com produtos e serviços nos estandes montados paralelos ao evento. “Foi uma grande imersão em temas importantes, além do networking e exemplos inspiradores mostrados durante o Conemov”, destaca o presidente do Sindmóveis Pernambuco, Guilherme Brito, enfatizando sua satisfação com a grande entrega feita nessa primeira edição do evento fora da Paraíba. “A sensação é de missão cumprida. Agora passamos a bola para os colegas do Rio Grande do Norte, que vão realizar a VIII edição, ano que vem”, pontua. CULTURA E CONHECIMENTO Realizado no novíssimo Recife Expo Center, o Conemov foi aberto ao som de ritmos locais como frevo, maracatu, forró e manguebeat, deixando claro o orgulho do nordestino por suas raízes. Após as boas-vindas do presidente do Sindmóveis, Guilherme Brito, o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz, destacou a importância do Conemov para o Nordeste e para o Brasil, e aproveitou para convidar a todos para o Congresso Nacional Moveleiro, que acontece em Curitiba (PR), nos dias 01 e 02 de outubro. Irineu também ressaltou a receptividade do povo nordestino e a força do mercado local. Terminado o protocolo, Marcos Batista subiu ao palco para falar como as empresas podem incorporar inovações tecnológicas sem perder o foco nas pessoas, sejam colaboradores ou clientes. Para ele, ao falar de A VII EDIÇÃO DO CONGRESSO MOVELEIRO DO NORDESTE, REALIZADO EM RECIFE, RECEBEU PÚBLICO RECORDE, COM APRESENTAÇÃO DE TEMAS DE INTERESSE REGIONAL ALÉM DAS PALESTRAS E RODADAS DE NEGÓCIOS, OS PARTICIPANTES VISITARAM INDÚSTRIAS LOCAIS E CONHECERAM O PORTO DIGITAL, PRINCIPAL DISTRITO DE INOVAÇÃO DA AL FEIRAS E EVENTOS Por Inalva Corsi, editora, de Recife/PE
25 moveisdevalor.com.br inovação é preciso falar da realidade e entender a mudança de era. Na sua opinião, o excesso de informação e de exposição na mídia gera angústia. “Quanto mais conectados estamos, mais vulneráveis ficamos; quanto mais possibilidades temos, mais angústia sentimos. Muitas vezes ficamos à espera da fórmula perfeita, da receita ideal, mas isso não existe”, sentencia, acrescentando que o empresário deve olhar para a tecnologia, mas sem esquecer de trabalhar o ativo humano, e encontrar o equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e espiritual. E finalizou dizendo que “riqueza, sucesso e felicidade são valores universais”. O consultor Anderson Rios mostrou em sua palestra como eliminar a escassez de mão de obra com inteligência artificial no setor moveleiro, de forma prática, tanto nas marcenarias quanto nas indústrias. Marcelo Villin Prado, apresentou números e análises sobre o mercado de móveis, destacando dimensões, desafios e tendências para marcas brasileiras. Déa de Paula, da Adepe – Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, falou sobre o fomento às indústrias que já estão em Pernambuco e as oportunidades de negócios para quem deseja se instalar no estado, como incentivo fiscal, apoio e espaço em polos industriais. O conteúdo do dia foi concluído com a apresentação de Davidson Pujoni, da Universidade Moveleira, que abordou o tema: Do caos à previsibilidade: como montar uma equipe comercial que bate meta. Mas, o evento teve outra atividade, a entrega do Prêmio Vikentios, em homenagem ao empresário pernambucano Vikentios Kakakis, que por mais de 20 anos esteve à frente do Sindmóveis PE, até falecer em 9 de maio de 2023. Além da família, que recebeu o prêmio em nome de Vikentios Kakakis (in memorian), foram agraciados os jornalistas Inalva Corsi e Ari Bruno Lorandi, diretores da Móveis de Valor, pelos serviços prestados ao setor do Brasil e especialmente do Nordeste; e o empresário Carlos Brito, fundador da Móveis São Carlos, o primeiro associado do Sindmóveis PE. No segundo dia, o evento teve palestra de Débora Fernandes, que falou sobre marca empregadora que atrai talentos: O segredo das empresas mais desejadas da indústria moveleira. A executiva mostrou como transformar colaboradores em fãs e clientes em embaixadores da sua marca. Na sequência, um painel sobre associativismo mostrou o case da Placas do Brasil, apresentado por Luís Soares Cordeiro, fundador e presidente da Placas do Brasil, que mostrou como o desejo de empresários do polo moveleiro de Linhares (ES) em ter uma fábrica de painéis de madeira se tornou realidade. “O trabalho em conjunto é sempre mais poderoso do que o trabalho solitário”, disse. A jornalista Inalva Corsi, editora da revista Móveis de Valor, falou sobre a parceria como aliada do associativismo e mostrou diversos projetos realizados ao longo de quase 30 anos de parceria com o Sindmóveis de Pernambuco, destacando que as parcerias estratégicas podem fortalecer negócios, reduzir custos e aumentar a competitividade. Guilherme Brito, presidente do Sindmóveis Pernambuco Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel Projeto Comprador, realizado pela Abimóvel/Apex, teve 246 rodadas de negócios e US$ 30,1 milhões em negócios nos próximos 12 meses
26 moveisdevalor.com.br políticas para reter talentos em suas corporações e ponderaram que o cenário mudou e que ambos, empregador e empregado, precisam se adaptar. “Compete aos empresários construir uma empresa onde todos queiram trabalhar”, disse Cenacchi. Agnelo Seger, que mantém uma indústria de espumas e colchões em Pernambuco há 10 anos, enfatizou sua crença no Nordeste. “A região tem grande potencial de consumo e mais oferta de mão de obra, se comparado ao Sul do Brasil, onde fica nossa matriz”, disse. Cândida Cervieri, diretora executiva da Abimóvel; Virgínia Sampaio, CEO da Interiores Móveis; e Adeilton Pereira, vice-presidente da Abimóvel e fundador do grupo Officina Móveis, comandaram o painel sobre Exportação, mostrando como empresas de todos os portes podem alcançar o mercado internacional. Além de mostrar o caso de sucesso da Cabanna, empresa paraibana, que investe em design e autenticidade e já teve seus móveis expostos em Milão, a diretora executiva da Abimóvel compartilhou os resultados das rodadas de negócios realizadas durante o Conemov, mostrando na prática um dos caminhos para exportar com resultados. Por último, Paulo Sales, presidente do conselho da Rede Moura, compartilhou a história da Baterias Moura, uma empresa pernambucana de grande sucesso no mundo. Segundo ele, é preciso trabalhar com afinco para criar uma empresa referência no país em um cenário de tanta competitividade. Sua palestra teve alto impacto e certamente inspirou os presentes para novas atitudes de empreendedorismo e crescimento. Antes de encerrar, o evento contou com mais uma entrega do prêmio Vikentios, agraciando o empresário Alexandre Magno Barros de Brito, pela trajetória à frente da Magno Móveis; Marcelo Cenacchi, pelas relevantes contribuições e incentivo ao setor de móveis do Nordeste e do Brasil; e Reginaldo Galvão Cavalcanti, por sua trajetória no setor de móveis, através da Associação dos Fabricantes de Móveis e Artefatos de Madeira da Paraíba (AMAP), e por ser um dos criadores do Conemov. Em 2026, o Conemov segue seu modelo itinerante e será realizado no Rio Grande do Norte. Marcelo Cenacchi, CEO da Renner Sayerlack, e José Agnelo Seger, presidente do Grupo Herval, participaram do painel Retenção de Talentos com mediação de Carla Botelho A jornalista Inalva Corsi recebeu o prêmio Vikentios em seu nome e em nome de Ari Bruno Lorandi, pelos relevantes serviços prestados ao setor A mensagem final do painel, mediado pelo presidente Guilherme Brito, destacou a necessidade de unir forças para impulsionar o crescimento na indústria moveleira. José Henrique Malaquias Vieitez, analista do Sebrae Pernambuco, explicou o projeto Sebrae em Ação, e representantes do Banco do Nordeste falaram sobre as linhas de crédito disponíveis para atender o setor moveleiro. O painel Retenção de Talentos contou com os empresários Marcelo Cenacchi, CEO da Renner Sayerlack, e José Agnelo Seger, presidente do Grupo Herval. Com mediação de Carla Botelho, da Universidade Moveleira, Marcelo e Agnelo abordaram as FEIRAS E EVENTOS
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28 moveisdevalor.com.br 4º VEX Gazin reúne grandes nomes do varejo em agosto Entre os dias 20 e 22 de agosto acontece a 4° edição do Varejo Experience Brasil (VEX25), em Foz do Iguaçu (PR) – um dos maiores eventos do setor na América Latina, que reunirá alguns dos principais palestrantes do país, para compartilhar suas experiências e insights com os empresários do setor. Entre os nomes já confirmados estão Mário Gazin, fundador do Grupo Gazin; Augusto Cury, psiquiatra, escritor e professor; Claudio Duarte, palestrante e escritor; Zeina Latif, economista; Lars Grael, atleta e gestor esportivo; Natalia Beauty, empresária; Caio Copolla, comentarista político; Tony Ventura, palestrante; Thiago Concer, empresário e especialista em vendas; Murilo Diniz, jovem com apenas 15 anos que tem como mentor o fundador do grupo Gazin; Érica Belon, gestora empresarial e neurocientista; José Roberto Marques, empresário, escritor e palestrante; André Zen, empresário, entre outros. Nesta edição, o Varejo Experience Brasil abordará temas e tendências como: Insights: novas ferramentas e tecnologias, com cases que já dão certo no varejo nacional. Tendências: para entender o que está por vir e encontrar novas oportunidades de negócio. Networking: conectar-se com outras mentes dos mais variados segmentos no varejo Brasileiro. UM DOS MAIORES EVENTOS DE VAREJO NA AMÉRICA LATINA, O VEX VAI DEBATER TEMAS COMO NOVAS FERRAMENTAS, TECNOLOGIAS E TENDÊNCIAS, ALÉM DE PROPORCIONAR ÓTIMO AMBIENTE PARA NETWORKING FEIRAS E EVENTOS
29 moveisdevalor.com.br Para Mário Gazin, o VEX 25 é mais do que um evento; é um movimento liderado por pessoas que buscam conhecimento, inovação e transformação no varejo brasileiro. “São palestras com profissionais renomados discutindo o varejo atual e do futuro, seus impactos na sociedade, na geração de lucro e, claro, a rápida transformação do segmento devido às tecnologias, novos formatos de compra e relacionamento com o cliente. Dessa forma, os participantes do Varejo Experience Brasil podem evoluir, inovar, melhorar suas performances e entregar mais valor aos seus clientes, contribuindo dessa forma com o fortalecimento do varejo brasileiro e o desenvolvimento do Brasil”, destaca Mário Gazin. E, na sua opinião, o evento se justifica porque o varejo é um dos setores mais dinâmicos e desafiadores. Segundo dados divulgados na Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no comércio cresceram 0,5% na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000. O recorde anterior foi em outubro de 2024. Quatro das oito atividades investigadas na pesquisa avançaram em fevereiro deste ano. Dentre elas, os destaques foram os setores de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,1%) e de móveis e eletrodomésticos (0,9%). Ainda de acordo com o IBGE, as vendas no varejo fecharam 2024 com alta de 4,7%. melhor desempenho desde 2012, quando houve uma expansão de 8,4%. Além disso, foi o oitavo ano consecutivo com crescimento no volume vendido. Em 2023, o varejo tinha expandido 1,7%. VOCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO O Varejo Experience Brasil nasceu em 2022 da visão e da vontade de um dos maiores varejistas do país, o fundador do Grupo Gazin, Mário Valério Gazin. Apaixonado pelo setor, com verdadeira vocação por empreendedorismo e vendas, Seu Mário, como é carinhosamente chamado, também é um entusiasta do conhecimento e participante assíduo dos maiores eventos mundiais do varejo. Foi a partir disso que decidiu criar um evento inesquecível no Brasil. “Eu acredito que não VAREJO EXPERIENCE BRASIL 2025 SERVIÇO Datas: 20, 21 e 22 de agosto Local: Rafain Palace Hotel & Convention Endereço: Avenida Olímpio Rafagnin, 2357. Foz do Iguaçu (PR) podemos medir esforços para desenvolver o varejo brasileiro, porque ele é a escola de todos nós, gerador de empregos e riqueza. Por isso, precisamos compartilhar conhecimento, aprender e aplicar em nossas empresas e em nossa vida”, conclui. Os ingressos e programação completa podem ser conferidos no site do evento. www. varejoexperience.com.br
30 moveisdevalor.com.br Veja como moveleiros podem ganhar com a geração prateada De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2025 o Brasil vai atingir 35 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 16% da população. Esse número mostra um crescimento de 2 milhões de pessoas idosas em relação a 2023. Um movimento totalmente natural se levarmos em consideração o último censo demográfico feito pelo IBGE ainda em 2022, em que a pirâmide etária brasileira já mostrava aumento da população idosa, diminuição do número de jovens até 19 anos e faixas mais largas em seu meio, o que indica maior quantidade de pessoas em idade ativa de trabalho, que corresponde à população de 20 a 59 anos. Mas o que isso tem a ver com os móveis? Tudo. Afinal, a chamada Economia Prateada (pessoas acima dos 50 anos) está cada vez mais movimentando os mercados, inclusive, o de móveis. E é por isso que vamos trazer uma reflexão sobre como lidar com esse público e como atender as demandas dessas pessoas, que já começam a apresentar algumas dificuldades por conta da idade, porém continuam muito ativas. Se olharmos ainda mais a fundo, vamos ver que daqui 15 anos, cerca de 50% da população brasileira será composta por pessoas com 50 anos ou mais, segundo análise feita pela MV Marketing, agência digital especializada nesse público, o que A PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA ESTÁ COMEÇANDO A FICAR COM A BASE MAIS ESTREITA E O MEIO MAIS LARGO, O QUE MOSTRA QUE DAQUI ALGUNS ANOS O PAÍS SERÁ DE PESSOAS MAIS VELHAS O SETOR DEVE ABRIR OS OLHOS PARA A CHAMADA ECONOMIA PRATEADA, COMPOSTA POR PESSOAS COM MAIS DE 50 ANOS, E QUE VAI MOVIMENTAR CADA VEZ MAIS O MERCADO BRASILEIRO EMPRESAS QUE FORNECEM FERRAGENS, MOLEJOS E MECANISMOS JÁ ENXERGARAM ESSA NOVA REALIDADE E OFERECEREM SOLUÇÕES EM PRODUTOS PENSADOS PARA ESSE PÚBLICO Por Natalia Concentino, jornalista Observatório
31 moveisdevalor.com.br vai impactar diretamente no mercado consumidor e também deve mudar o perfil de produto oferecido pelos fabricantes. Bete Marin, pesquisadora do tema Economia Prateada e fundadora da MV Marketing, aponta que o setor moveleiro nacional tem diante de si uma oportunidade histórica com a janela demográfica: desenvolver móveis que combinem design, ergonomia, segurança, praticidade e beleza para atender a um público maduro, exigente, e economicamente relevante. “Nossas análises de mercado mostram que ainda existe um grande vácuo no mercado quando falamos de mobiliário adequado e adaptado às necessidades da maturidade. As marcas que saírem na frente terão uma vantagem competitiva importante nos próximos cinco anos”, afirma. Com consumidores acima dos 50 anos, movimentando globalmente US$ 22 trilhões por ano – no Brasil somando cerca de R$ 2 trilhões –, a chamada Economia Prateada se apresenta como o próximo grande motor de crescimento para o setor. Na visão de Flavia Ranieri, geroarquiteta parceira da MV Marketing, mais do que criar móveis bonitos, o futuro exige soluções que ofereçam acessibilidade, conforto, autonomia e segurança. “Pensar na ergonomia, na facilidade de uso e na estética sem estigmatizar o envelhecimento, é o caminho para conquistar o consumidor maduro – seja para atender construtoras que desenvolvem empreendimentos para esse público ou para o consumidor final que busca adaptar sua casa”, defende, acrescentando que investir nesse novo consumidor sênior é também assumir um compromisso com a inclusão, a diversidade e a sustentabilidade social. Mas, Bete Marin, lembra que, apesar dessa oportunidade de mercado, no setor moveleiro as iniciativas ainda são pontuais. “As marcas não estão investindo como deveriam no público maduro por falta de conhecimento aprofundado sobre o potencial desse consumidor. Existe uma lacuna importante de dados, de pesquisas de comportamento e, principalmente, de especialistas em Gerontologia dentro das equipes de desenvolvimento de produto, design e marketing”, opina. Ela ainda reforça que a Gerontologia traz uma visão profunda e multidisciplinar sobre o Bete Marin, pesquisadora do tema Economia Prateada e fundadora da MV Marketing Flavia Ranieri, geroarquiteta parceira da MV Marketing A população está envelhecendo e precisa de móveis que proporcionem uma vida confortável e que atendam suas necessidades
32 moveisdevalor.com.br Observatório é que a comunicação e a estratégia das marcas ainda deixam esse público de fora”, enfatiza. De acordo com essa mesma pesquisa citada por Bete, 4 em cada 10 consumidores brasileiros acima de 55 anos afirmam sentir falta de produtos e serviços pensados para eles. “O que o mercado moveleiro precisa é de uma verdadeira mudança de paradigma. Envelhecer não é sinônimo de limitação, é sinônimo de novas fases de vida, com novas formas de habitar e interagir com os espaços. Móveis que considerem a longevidade são soluções inteligentes que beneficiam todas as gerações”, comenta a especialista, acrescentando que não se trata apenas de criar móveis para pessoas idosas, mas de projetar soluções com propósito, que atendam um público cada vez mais diverso em idade, estilo e comportamento. Para a geroarquiteta Flávia Ranieri, não se trata apenas de pensar em mobilidade reduzida na hora de desenvolver esses móveis, mas é preciso entender que o envelhecimento impacta todos os sentidos do copo. “Por isso, quando falamos em investir em mobiliário adequado para o público maduro, estamos falando de criar peças que ofereçam conforto físico, segurança emocional e que respeitem as novas formas de viver na maturidade. Móveis com quinas arredondadas, altura adequada para facilitar o sentar e levantar e superfícies agradáveis ao toque são fundamentais para garantir a segurança física e o acolhimento emocional dos moradores”, esclarece. Flávia ainda cita outros exemplos que podem ser adotados pelas indústrias de móveis. “No caso do declínio auditivo, soluções acústicas como revestimentos apropriados e o posicionamento inteligente de móveis – que favoreçam a leitura labial e o contato visual – fazem toda a diferença. Pequenas tecnologias, como caixas de som posicionadas atrás de sofás e camas, ajudam a reduzir a necessidade de volumes excessivos na TV e contribuem para evitar o isolamento social, muitas vezes causado por dificuldades de audição”. A geroarquiteta fala sobre outro aspecto que já está sendo explorado pelos fabricantes, mas que pode ser adaptado para a realidade desse público. “Também merece atenção a tecnologia embarcada Sistema F-Line44, da Häfele envelhecimento, o que pode ajudar a mapear, de forma estratégica, como as inovações em mobiliário podem facilitar o dia a dia dessas pessoas acima dos 50 anos. “Isso significa criar soluções que promovam segurança, conforto e design. Porque sim, o público maduro também busca estética e beleza e não apenas funcionalidade”, acrescenta. A fundadora da MV Marketing acredita que os fabricantes de móveis precisam compreender, de fato, o tamanho e o potencial de consumo desse público. “Em breve, 35% de todo o consumo domiciliar privado do país será gerado por essas pessoas. Estamos falando de uma fatia de 24% do consumo total dos lares brasileiros, segundo pesquisa feita pelo Data8. Um mercado que nenhuma indústria pode (ou deve) ignorar. O paradoxo
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