56 moveisdevalor.com.br Em entrevista a Móveis de Valor, Marcos Müller, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para Madeira – CSMEM, explica por que a personalização da produção em série se tornou um diferencial competitivo e destaca os desafios dessa transformação e as oportunidades que ela oferece ao setor moveleiro. Móveis de Valor – Quais as principais diferenças entre os modelos de produção personalizada e seriada? Marcos Müller – A produção personalizada permite atender com precisão os desejos do cliente, entregando exclusividade e valor agregado. No entanto, exige mão de obra altamente qualificada, tem custos elevados e prazos mais longos. Já a produção seriada oferece escala, processos otimizados e preços competitivos, mas carece de diferenciação e traz riscos com estoques elevados, especialmente em um setor como o moveleiro, que lida com produtos volumosos. MV – O que justifica a adoção da personalização em massa pelas indústrias? Müller – São três fatores principais. Primeiro, o comportamento do consumidor mudou, especialmente o público mais jovem, que busca produtos que expressem sua identidade. Segundo, a evolução tecnológica permite hoje produzir peças personalizadas em escala, graças a equipamentos como CNCs e sistemas integrados. E, por fim, a competitividade exige diferenciação — quem não se destaca vira commodity. MV – Que novos desafios esse modelo impõe? Müller – Os desafios tradicionais continuam, como gestão de estoque e controle de qualidade. Mas a personalização em massa adiciona Tecnologia e estratégia para um novo perfil de consumo complexidade, exige integração de sistemas automatizados para lidar com milhares de variações em tempo real, além de uma cadeia de suprimentos mais diversa e especializada. A qualificação da equipe também precisa acompanhar essa flexibilidade e domínio de novas tecnologias. MV – É possível manter a exclusividade com preços mais acessíveis? Müller – Sim, desde que se personalize com inteligência. A ideia é manter uma base padronizada e variar acabamento, cores e detalhes. Plataformas digitais que permitem ao cliente configurar o produto ajudam a reduzir custos operacionais. E com automação, dá para variar sem parar a produção. Ainda assim, não será tão barato quanto a produção em massa tradicional, mas o valor percebido pelo consumidor compensa, pois ele paga mais por exclusividade. MV – Qual o futuro da personalização em massa no setor moveleiro? Müller – A tendência é de crescimento gradual. Nos próximos anos, será mais comum em nichos como móveis planejados e produtos de maior valor agregado. Mas à medida que a tecnologia se popularizar, o modelo deve se expandir. Acredito que teremos três formatos coexistindo: produção em massa para itens básicos; personalizada para luxo e arte; e personalização em massa como um meio-termo eficiente. Quem conseguir equilibrar custo, escala e exclusividade vai se destacar. Marcos Müller, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para Madeira – CSMEM INDÚSTRIA
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