78 moveisdevalor.com.br BED REPORT Governo joga contra setor colchoeiro com pesadas taxas antidumping A Abicol, associação que reúne empresas que representam mais de 70% da produção de colchões no país, reiterou, em nota, o entendimento de que “a aplicação do direito antidumping representa risco concreto de prejuízos socioeconômicos à indústria nacional de colchões e espumas, em especial às micro, pequenas e médias empresas, além de comprometer a competitividade sistêmica do setor frente à concentração da oferta interna de insumos”. A entidade reafirnou que “diante da decisão ora publicada, seguiremos atuando de forma firme e fundamentada para demonstrar ao Governo Federal os impactos negativos da medida sobre a indústria brasileira. Paralelamente, a Abicol dará continuidade, de forma incansável, às ações legais cabíveis no âmbito do processo de avaliação de interesse público, conforme previsto na legislação antidumping brasileira, com vistas à suspensão ou modulação da medida adotada, em defesa da livre concorrência e do equilíbrio da cadeia produtiva nacional”. Ainda não há um levantamento completo sobre os custos que esta lamentável decisão do Governo Federal causarão à indústria de colchões, mas estima-se que aumentará em 5% a 10% o preço dos colchões ao consumidor. Conforme publicação oficial do Governo Federal, publicada no dia 03 de julho, foi determinada a aplicação de direito antidumping sobre as importações de poliol originárias da China e dos Estados Unidos. A medida, por um prazo de até cinco anos, conforme anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), entrou em vigor em 04 de julho, e implica em sobretaxa sobre as importações do insumo. A medida será aplicada inclusive às mercadorias em desembaraço ou em trânsito. Aplicar medidas antidumping em um cenário econômico global desafiador pode gerar distorções no mercado interno, premiando empresas que não estão competitivas e penalizando fabricantes e consumidores que hoje dependem de preços mais baixos de insumos para sobreviver. A defesa da indústria nacional (embora o autor da ação de dumping, a Dow, seja multinacional) deve passar por uma análise estratégica e responsável do papel das medidas de defesa comercial, porque o uso inadequado de tarifas antidumping em um momento de fragilidade econômica pode gerar mais danos que benefícios. É hora de olhar para o todo — e não apenas para o elo mais vocal da cadeia. Por Ari Bruno Lorandi, CEO da Móveis de Valor
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