Móveis de Valor - Edição 249

ANO 24 • EDIÇÃO 249 • AGOSTO DE 2025 Cozinha Lúmina INFORMA. INSPIRA. TRANSFORMA. O longo caminho até a Indústria 4.0 Móvel é um elo esquecido por políticas dos governos Lojas de rua continuam sendo muito importantes FIMMA mostra soluções que impactam o futuro @moveisdevalor

6 moveisdevalor.com.br Por Inalva Corsi, editora E screvo esse editorial a bordo de um voo da Latam na quarta viagem do mês. Sim, esta é a rotina frenética de quem busca acompanhar pessoalmente os eventos mais importantes do setor para repassar a você, leitor, o que de mais importante acontece no setor. Mas, vamos combinar que temos eventos demais e soluções de menos... Enfim, vamos aos assuntos desta edição. Na MV de agosto você confere como foi a Fimma Brasil, em Bento Gonçalves. O evento, que tem tradição no lançamento de tecnologia e materiais para a fabricação de móveis e colchões, atendeu a expectativa da maioria dos visitantes e expositores, conforme relatos à nossa equipe. O movimento maior, como sempre, foi no pavilhão das máquinas, que contou com muita tecnologia, especialmente chinesa, e diversas opções de automação das plantas industriais. Sobre investimento em equipamentos, Ari Bruno Lorandi destaca, no Cá Entre Nós, que por vezes os empresários investem em carros de Fórmula 1 para andar a 40km por hora, fazendo uma analogia com a baixa produtividade e subutilização do parque fabril brasileiro. Já o tema da automação foi amplamente tratado na editoria MV Observatório, que mergulhou no universo da evolução industrial até a Indústria 4.0. Apesar de sofrer resistência dos tomadores de decisão e da falta de mão de obra qualificada, o conceito de manufatura avançada, proposta pelo conceito 4.0, pode fornecer maior autonomia ao setor, com a utilização de recursos como Big Data, IoT, IA e customização em massa. No Encontro das Indústrias de Colchões, promovido pela Abicol, em Brasília, a IA também foi abordada, junto com outros temas como regulamentação e caminhos para equalizar os altos custos de produção. Nos bastidores, o antidumping de poliol e outros que poderão vir trazendo aumentos de preços das matérias-primas, tomaram conta das conversas. E a cobertura completa deste evento você confere em um caderno com 24 páginas. Na editoria de Economia mostramos que os móveis vêm sendo esquecidos pelas políticas industriais dos governos. E isso fica evidente no levantamento, mostrando que nas últimas nove décadas diversos governos elegeram setores estratégicos e ofereceram subsídios e incentivos fiscais. Mas os móveis permaneceram invisíveis, esquecidos por todos eles. Outra reportagem nesta mesma editoria mostra que a Abimóvel ouviu os empresários e cancelou uma missão aos EUA, como consequência do tarifaço de Trump. Por enquanto o mercado americano se tornou inviável. A editoria de Varejo revela que as lojas de rua continuam muito importantes para o varejo em geral, respondendo por 70% das vendas. Mas o conceito de omnicanalidade já está pautando o futuro do varejo. Esta edição traz mais um case de sucessão familiar. Desta vez, contamos a história de Vitor Guidini, diretor da Cimol Móveis, de Linhares (ES), que segue à risca os ensinamentos do pai, Adelmise, e os valiosos conselhos da tia Anair, fundadores da empresa, para ser "O Sucessor". Aproveite estes e outros conteúdos preparados com cuidado para informar, inspirar e transformar o setor. REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Rua Dep. Estefano Mikilita, 125 - 3º andar CEP 81070-430 - Portão Curitiba – PR – Brasil CONTATO Fone (41) 99912-9877 www.moveisdevalor.com.br moveisdevalor@moveisdevalor.com.br DIRETORES Ari Bruno Lorandi aribruno@moveisdevalor.com.br Inalva Corsi inalvacorsi@moveisdevalor.com.br ADMINISTRAÇÃO/FINANÇAS Juliana Pinheiro financeiro@moveisdevalor.com.br REDAÇÃO Inalva Corsi – 3035 PR Jornalista Responsável inalvacorsi@moveisdevalor.com.br Natalia Concentino – 10431 PR natalia@moveisdevalor.com.br João Caetano Guimarães caetano@moveisdevalor.com.br Guilherme Arruda – 5955 RS Jornalista convidado guilherme@moveisdevalor.com.br DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Bruna Rosário arte@moveisdevalor.com.br ASSINATURAS E CIRCULAÇÃO assina@moveisdevalor.com.br COMERCIAL – SUL Inalva Corsi - (41) 99912-9877 | 99991-2974 inalvacorsi@moveisdevalor.com.br COMERCIAL – SUDESTE Cidinha Leal - (17) 98114-3666 cidinha@moveisdevalor.com.br CARTA DA EDITORA @moveisdevalor Acesse a versão digital desta edição

7 moveisdevalor.com.br SUMÁRIO NOSSA CAPA Ilustra capa desta edição Cozinha Lúmina, da Itatiaia, de Ubá (MG) www.minhaitatiaia.com.br @minhaitatiaia 76 TRILHA ESG Certificações abrem caminho para se alcançar novos mercados 86 BED REPORT Instituto Impulso recebe Prêmio Destaque Boas Práticas SEÇÕES 8 CÁ ENTRE NÓS Ari Bruno Lorandi diz que “Moveleiro compra Fórmula 1 para andar a 40km/h" 10 PONTO DE VENDA Vendas de móveis em junho decepcionaram mais uma vez 30 FEIRAS E EVENTOS Fimma Brasil mostra soluções que impactam o futuro dos móveis 14 ECONOMIA Móveis vêm sendo um elo esquecido por políticas de governo 20 ECONOMIA Abimóvel suspende uma missão comercial aos Estados Unidos 24 VAREJO Lojas de rua continuam sendo muito importantes no Brasil 46 MV OBSERVATÓRIO O longo caminho até chegar à 4ª Revolução Industrial 64 MV OBSERVATÓRIO Fimma Brasil 2025 acelera a corrida pela Indústria 4.0 68 DESTAQUE DE CAPA Da cozinha para a casa toda: a evolução da Itatiaia Eletro e Móveis 72 O SUCESSOR Cautela e organização marcam a chegada de Victor Guidini à Cimol 79 ARTIGO Representantes Comerciais e IA: transformação não substituição 84 NOTAS INDÚSTRIA Unicasa contabiliza prejuízo de R$ 2,2 milhões no 2º semestre 87 ESPECIAL 9ª edição do Enicol debate o futuro do setor colchoeiro em Brasília

8 moveisdevalor.com.br EMPRESÁRIO MOVELEIRO COMPRA FÓRMULA 1 PARA ANDAR A 40 KM/H Nos últimos anos, o setor moveleiro brasileiro tem vivido uma contradição difícil de ignorar. De um lado, vemos empresários investindo em novas máquinas, muitas delas de última geração, com promessas de automação, eficiência e aumento expressivo da produtividade. De outro, a realidade dos números mostra que, entre 2022 e junho de 2025, o volume de produção do setor cresceu apenas 9% — o que significa pouco mais de 2,5% ao ano, em média. A matemática é simples: se a capacidade produtiva aumenta, mas o ritmo de produção cresce em passos tão lentos, há um descompasso evidente entre o potencial das máquinas adquiridas e a forma como elas são efetivamente utilizadas. O cenário mais comum é encontrar equipamentos de alto valor, capazes de operar em ritmo acelerado e com múltiplos recursos tecnológicos, funcionando apenas em um turno de trabalho. Essa subutilização não só reduz drasticamente o retorno sobre o investimento, como acelera o processo de obsolescência tecnológica: a máquina envelhece antes mesmo de entregar tudo o que poderia. Na prática, isso se traduz em um paradoxo: o capital investido não gera proporcionalmente Por Ari Bruno Lorandi, CEO da Móveis de Valor mais valor. O que deveria ser um ganho real de produtividade acaba virando um custo adicional — tanto na aquisição quanto na manutenção. E, com a velocidade das inovações na indústria de bens de capital, não é exagero dizer que parte dessas máquinas se tornará tecnologicamente ultrapassada antes de atingir sequer metade do seu potencial de operação. Outro ponto que merece atenção é a preferência crescente por equipamentos chineses, como vimos no enorme movimento de empresários nos estandes da China na Fimma Brasil. É inegável que, no curto prazo, o preço mais competitivo seduz e permite ampliar a capacidade instalada com menor desembolso inicial. Mas a economia aparente pode se transformar em dor de cabeça futura. O risco de falta de peças de reposição, a demora na logística internacional e a escassez de assistência técnica especializada no Brasil já se mostram problemas concretos em diversos segmentos. No caso de máquinas de alta complexidade, qualquer parada não planejada pode comprometer prazos, contratos e a imagem da empresa diante dos clientes. O resultado final é um círculo vicioso: investese pesado em tecnologia, mas sem estratégia de produção que maximize seu uso; isso mantém o crescimento da produção em ritmo modesto, enquanto os custos fixos aumentam e a depreciação corre no relógio. É como comprar um avião para voar apenas aos domingos, ou adquirir um carro de Fórmula 1 para rodar dentro da cidade a 40 km/h. O que falta é uma mudança de mentalidade. Antes de modernizar o parque fabril, é preciso modernizar o modelo de gestão. Planejar turnos adicionais, explorar novos mercados, ajustar portfólios e integrar melhor as equipes de vendas e produção são passos essenciais para que o investimento em máquinas se traduza em produtividade real e competitividade duradoura. Caso contrário, a tecnologia continuará sendo mais um troféu de vitrine do que uma ferramenta de crescimento sustentável.

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10 moveisdevalor.com.br CASAS BAHIA MUDA DE DONO E MARCA O FIM DE UMA ERA NO VAREJO A Domus VII Participações S.A., subsidiária da Mapa Capital, concluiu a aquisição de 85,5% da Casas Bahia, oficializando uma transformação histórica no conglomerado varejista. A transação faz parte de um amplo plano de reestruturação financeira, voltado para estabilizar a operação e fortalecer a posição da Casas Bahia no mercado. Com a negociação, a empresa ganha fôlego para reduzir riscos e retomar a confiança dos investidores. VENDAS DE MÓVEIS NO VAREJO DECEPCIONAM EM JUNHO Na comparação de junho com igual mês de 2024, o varejo de móveis despencou, tanto em receita nominal quanto em volume. Foram -6,1% e -9,7%, respectivamente. Este resultado empurrou os índices acumulados do 1º semestre para o terreno negativo, inclusive em receita nominal, com -0,4% e 3,4%, respectivamente. Estes números reduziram os dados positivos na avaliação do varejo de móveis em 12 meses. A taxa anualizada, que em maio estavam em 5,8% em receita e 3,8% em volume, caiu para 4,3% e 2,0%. Três regiões apresentam resultados muito abaixo da média nacional: São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul (veja quadro ao lado). Por outro lado, Rio de Janeiro, Pernambuco e Espírito Santo lideram em alta. MAGALU REFORÇA CAPITAL PARA RETOMADA: “SÓ FALTA O JURO CAIR” O Magazine Luiza está reforçando caixa e estrutura de capital para estar pronto quando o varejo brasileiro voltar a crescer de forma consistente. Com Selic ainda em 15% ao ano, o consumo de bens duráveis segue contido. Mesmo assim, no primeiro semestre a companhia captou US$ 180 milhões com IFC e BID Invest, investindo em tecnologia e fortalecimento do capital. Em junho, tinha dívida bruta de R$ 6,2 bilhões e caixa de R$ 8 bilhões, mantendo posição líquida positiva de R$ 1,8 bilhão. A empresa vê um ciclo positivo quando os juros caírem: aumento nas vendas, ganho de escala, diluição de custos, menor inadimplência e redução de despesas financeiras. IKEA NOMEIA O PRIMEIRO NÃO-SUECO PARA LIDERAR DISTRIBUIÇÃO O espanhol Juvencio Maeztu foi nomeado CEO da maior distribuidora do grupo Ikea, substituindo Jesper Brodin. Trata-se do primeiro não-sueco a liderar o Ingka Group, que representa 90% das vendas da gigante do mobiliário, opera cerca de 400 lojas e está presente em 31 países. Maeztu chega à liderança do Ingka Group num momento em que a varejista sueca se debate com as tarifas dos EUA, as tensões geopolíticas e conflitos em várias parte do globo. A empresa está presente na Europa, China, Índia e EUA. PONTO DE VENDA

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14 moveisdevalor.com.br Móveis vem sendo um elo esquecido pelas Políticas Industriais dos governos Política Industrial (PI), entendida como uma ação estratégica de Estado para desenvolver setores produtivos, promover inovação, competitividade e a autonomia econômica, voltou ao centro do debate global. Não são poucas as razões. Em tempos de instabilidade nas cadeias de suprimento, pressão por transições verdes, crises climáticas e acirramento geopolítico, governos têm cada vez mais intensificado o apoio a áreas chaves, como semicondutores, biotecnologia e defesa. Em 2024 foi criado o programa Nova Indústria Brasil, focado em infraestrutura, descarbonização e transformação digital. Setores como móveis, majoritariamente formado por micros, pequenas e médias empresas, com baixa articulação política e presença limitada nas grandes discussões sobre política econômica, ficaram de fora mais uma vez. Nenhuma novidade. Desde 1930, marco inicial do processo de industrialização no Brasil, o móvel foi citado uma vez em uma PI – foi nos anos 2000 e, ainda assim, de forma periférica. Embora conte com instrumentos como o Cartão BNDES, linhas de crédito via Finame, incentivos estaduais e acesso a programas como NAS ÚLTIMAS NOVE DÉCADAS, GOVERNOS ELEGERAM SETORES ESTRATÉGICOS E OFERECERAM A ELES SUBSÍDIOS, INCENTIVOS FISCAIS E APOIO À PESQUISA PARA ALAVANCAR A ECONOMIA INDÚSTRIA MOVELEIRA FICA QUASE INVISÍVEL, SEM FOCO CENTRAL E CONSTANTE NESSAS AÇÕES, SENDO CONTEMPLADA VEZ OU OUTRA COM INSTRUMENTOS PERIFÉRICOS EM MOMENTOS PONTUAIS ECONOMIA Por Guilherme Arruda, jornalista convidado

15 moveisdevalor.com.br o da ApexBrasil, o setor carece de estímulos vigorosos comuns a setores como automobilístico, químico e de fármacos. Apesar de não ter participação robusta no PIB industrial, o móvel é um setor dinâmico, empregador e promissor. O absentismo em uma PI alimenta a sensação de quanto menor a escala e a influência, menores as chances de acessar políticas estratégicas. Fazer parte de uma PI significa vantagens extraordinárias, como regimes especiais de tributação, acesso a crédito subsidiado, incentivos à inovação e previsibilidade para investimentos de longo prazo – embora haja instabilidades devido a trocas de governos e custos para os cofres públicos. Nesse ano, por exemplo, as renúncias fiscais deverão ultrapassar R$ 500 bilhões (Fenafisco), muito próximo de 5% do PIB. Tal volume levanta um questionamento: há geração de emprego, inovação e produtividade a partir disso? A característica comum entre todas as PI é sua descontinuidade. Motivos? Desenhadas de forma genérica, com metas pouco claras e instrumentos desarticulados, falta de coordenação robusta entre órgãos públicos, volatilidade política e econômica, falta de marcos regulatórios mais perenes, carga tributária, infraestrutura deficiente e burocracia excessiva. Tudo isso dificulta uma visão de longo prazo – em muitos casos, são pensadas para obter resultados dentro de um mandato presidencial e não em décadas, como fez a Coreia do Sul. Um exemplo de PI malsucedida foi a tentativa de criar um polo naval na década de 2000, ancorada na descoberta do Pré-sal. O intuito era fornecer plataformas e embarcações à Petrobras. O projeto naufragou diante da crise econômica, instabilidade política, denúncias de corrupção (Lava Jato), flutuação no preço do petróleo e falta de mão de obra especializada. Em pouco mais de uma década foram injetados R$ 25 bilhões via BNDES, além de R$ 130 bilhões de investimento direto da Petrobras. O governo atual voltou a fazer planos para ressuscitar o defunto (sic). UM MODO DE SER OUVIDO Uma forma de o setor exercer pressão para acessar as benesses das Políticas Industriais Um exemplo de PI malsucedida foi a tentativa de criar um polo naval, ancorado na descoberta do Pré-sal Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel: “Frente parlamentar sem força não consegue atingir os objetivos” seria criar grandes corporações, a exemplo de gigantes industriais de outras categorias. Elevaria, sem dúvida, a chance de barganhar atenção, mas essa via é improvável. Outro recurso é constituir uma frente parlamentar, unindo iniciativa privada e congressistas na defesa dos seus interesses. É uma frente, mas podem chamar de lobby, algo bem conhecido nos corredores de Brasília. A ideia não é nova. Em novembro de 2019 foi criada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria do Mobiliário (Fremob), unindo Abimóvel e mais de 200 deputados e senadores, para atuar no Congresso Nacional “em prol de Deputado Guilherme Pasin, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro Gaúcho

16 moveisdevalor.com.br melhorias do ambiente de negócios, otimização da competitividade e internacionalização da cadeia de madeira e móveis de forma estratégica”. A iniciativa criada na 56ª legislatura não foi renovada na atual e não fará parte da agenda da Abimóvel para 2026, segundo nossa apuração. “Criamos a Fremob, mas vimos que ter uma frente parlamentar sem força não se consegue atingir os objetivos. Preferimos usar os canais já existentes, como os contatos com as federações industriais estaduais e a CNI. Quando for tema em nível federal, vamos recorrer à Frente Parlamentar da Agricultura (FPA)”, informa Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel. “Se cada setor tiver uma frente parlamentar, vamos ter 40 frentes, e não sei como funcionaria”, pensa o dirigente. A FRENTE DOS PAMPAS Instituída em 2023 pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Movergs, a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro Gaúcho tem o mérito de obter algumas conquistas, como o decreto (renovado) que garante o diferimento parcial do ICMS nas vendas internas de painéis de madeira (MDP), medida que busca impulsionar a produção de MDP no estado. A regra amplia o benefício para casos em que a carga tributária exceda 7% — antes, o limite era de 12%. O objetivo é aliviar o fluxo de caixa das empresas e fortalecer a indústria gaúcha frente à concorrência de outros estados da Região Sul. “O intuito é garantir que a indústria gaúcha tenha condições justas para crescer e competir”, diz o deputado Guilherme Pasin, presidente do movimento. Outra pauta é a ampliação do crédito presumido de ICMS para operações logísticas. “Estamos trabalhando junto com entidades representativas do setor para garantir a ampliação do crédito presumido para essas operações. Esse é um ponto que mexe muito com a economia da madeira e do móvel no Rio Grande do Sul”, informa o parlamentar. “O Pasin está fazendo um excelente trabalho. Fez o mesmo pelo vinho gaúcho, que é nosso símbolo”, elogia Euclides Longhi, presidente da Movergs. BENEFÍCIOS INDIRETOS PARA OS MÓVEIS Embora fabricantes de móveis não tenham sido o foco principal das grandes Políticas Industriais, podem se beneficiar de algumas das ferramentas e políticas existentes de forma mais horizontal ou indireta: • Crédito Direcionado (BNDES): O banco oferece diversas linhas de crédito incluindo capital de giro, financiamento de máquinas e equipamentos (BNDES Finame) e projetos de modernização. PMEs podem acessar essas linhas, desde que atendam aos requisitos específicos de cada programa. • Incentivos Fiscais (Setoriais ou Regionais): Embora não haja grandes programas de incentivos fiscais federais direcionados especificamente para esses setores, existem incentivos fiscais estaduais ou municipais em alguns estados, para crescimento e expansão, assim como, para o desenvolvimento industrial em determinadas regiões onde esses setores são relevantes. • Tarifas de Importação: Embora não sejam uma política direcionada para o setor, a existência de tarifas sobre a importação de móveis e colchões pode oferecer alguma proteção à indústria nacional contra a concorrência estrangeira, influenciando indiretamente a competitividade do setor no mercado interno. Tarifas de importação para alguns tipos de mobiliário podem variar. • Apoio à Exportação: A ApexBrasil oferece programas de apoio à exportação para diversos setores, incluindo o setor de móveis, através do projeto Brazilian Furniture, em parceria com a Abimóvel. Os interessados em expandir suas vendas para o mercado internacional podem se beneficiar desse programa, que inclui inteligência de mercado, participação em feiras, projetos compradores e missões comerciais. Importante: Não há informações disponíveis sobre programas de subsídios federais diretos destinados especificamente aos fabricantes de móveis e colchões, tampouco de crédito direcionado com condições favoráveis. ECONOMIA

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18 moveisdevalor.com.br POLÍTICAS INDUSTRIAIS EM QUASE 100 ANOS Primeira Fase: 1930-1956 A crise de 1929 e a necessidade de diversificar a economia dependente do café, motivou o governo Vargas (a partir de 1930) a implementar medidas como controle cambial, tarifas protecionistas e incentivos à produção nacional de bens de consumo não duráveis e logo depois o foco na produção de bens duráveis com ingresso de capital estrangeiro. Segunda Fase: 1956-1964 O governo JK criou o Plano de Metas, que visava o desenvolvimento em setores como energia, transportes, indústria de base, educação e alimentação. Houve grande influxo de investimento estrangeiro e a instalação de indústrias automobilística, naval e de bens de capital. A revolução de 1964 marcou uma mudança no modelo de desenvolvimento, embora a industrialização ainda fosse relevante. Terceira fase: 1964-1979 O regime militar, com políticas de incentivo à indústria nacional, subsídios, crédito facilitado e grandes projetos estatais obteve um crescimento econômico expressivo, impulsionado pela expansão da indústria de bens de capital e de bens intermediários. A crise do petróleo de 1973 e o aumento da dívida externa começaram a minar o modelo. O final da década de 1970 marca a desaceleração do crescimento. Quarta fase: 1980-1990 A chamada década perdida foi marcada pela crise da dívida externa, alta da inflação e instabilidade econômica. As políticas industriais foram fragmentadas e inconsistentes. A abertura comercial e a estabilização macroeconômica no início da década de 1990 (Plano Collor e, posteriormente, Plano Real) sinalizaram uma mudança de paradigma, com menor intervenção estatal direta na indústria. Quinta fase: 1990-2000 Abertura comercial, privatizações e foco na estabilidade macroeconômica. Houve redução das tarifas de importação e uma maior exposição da indústria nacional à concorrência estrangeira. Foi o início de debate sobre a necessidade de uma nova política industrial para enfrentar a desindustrialização e promover a competitividade. Sexta fase: 2000-2016 Iniciativas buscaram retomar papel mais ativo do Estado na promoção do desenvolvimento industrial, com foco em setores específicos, inovação e competitividade. A crise econômica de 2014-2016 e as mudanças políticas levaram a uma descontinuidade e revisão dessas políticas, com um retorno a uma postura mais liberal em alguns setores. Sétima fase: 2016-aos dias atuais Cenário de instabilidade política e econômica, com políticas industriais fragmentadas e com menor prioridade. Há um debate em curso sobre a necessidade de uma nova estratégia para a reindustrialização do país, especialmente diante dos desafios da transição ecológica e da indústria 4.0. ECONOMIA

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20 moveisdevalor.com.br Abimóvel ouve empresários e suspende missão comercial aos Estados Unidos O móvel brasileiro exportado para os Estados Unidos ficou de fora da parcela de itens isentos da tarifa de 50% e isso atinge um grupo de 180 fabricantes brasileiros – sendo 1/3 de Santa Catarina – que tem o mercado norte-americano como destino em diferentes níveis de dependência. A Abimóvel começou a ouvir todas as empresas para saber mais detalhes e, seja qual for a decisão, ela será tomada em conjunto com todos os envolvidos, afirma a diretora executiva da entidade, Cândida Cervieri. O mercado norte-americano é o principal destino das vendas de móveis no mercado externo, concentrando atualmente 28% de todas os embarques. Considerando a lista de setores incluídos no tarifaço, o moveleiro participa com apenas 0,9% sobre o volume total desse grupo, conforme levantamento efetuado pela Folha de São Paulo. Antes de entrar em vigor, a tarifa média dos produtos importados do Brasil era de 1,9% - elevou para 32,2%. Em relação à concentração, Santa Catarina vendeu US$ 117,9 milhões aos EUA em 2024, 47% de tudo o que o Brasil enviou. São Paulo aparece na segunda posição (25,4%) e Rio Grande do Sul em terceiro (17,8%). Os polos ENTIDADE CANCELA IDA A WASHINGTON E AVALIA REDIRECIONAR AS EXPORTAÇÕES PARA MERCADOS, COMO ORIENTE MÉDIO E GOLFO PÉRSICO, COMO ALTERNATIVA ESTRATÉGICA A IMPOSIÇÃO DE SOBRETAXAR AS IMPORTAÇÕES DO BRASIL EM 50% AFETA 180 FABRICANTES, COM FORTE IMPACTO EM SANTA CATARINA, QUE RESPONDE POR 47% DO TOTAL ECONOMIA Por Guilherme Arruda, jornalista convidado

21 moveisdevalor.com.br de São Bento do Sul, Campo Alegre, Caçador, Fraiburgo e Rio Negrinho são os mais atingidos pelo tarifaço. Na média, eles concentram entre 36 e 64% de suas vendas para os EUA. A Abimóvel prevê a perda de 9 mil postos de trabalho ao longo de toda cadeia. “Estamos falando de uma produção específica para um mercado, com características, medidas, certificações e homologações próprias para os Estados Unidos. Ou seja, não tem como colocar na Europa ou Oriente Médio”, ressalta a diretora-executiva, acrescentando que além de Santa Catarina há outros polos impactados, citando o de São Paulo, que tem modelos de negócios de produção no Brasil e lojas nos Estados Unidos. Em relação às ações previstas no mercado norte-americano, no âmbito do Brazilian Furniture, a primeira medida foi suspender uma missão comercial prevista para acontecer entre os dias 22 e 24 de outubro, em Washington. “Agora é acompanhar de perto e analisar se permanecemos ou não com os Estados Unidos. Se não der, teremos que adequar as exportações para novos mercados. Daí, a importância de chamar as indústrias, conversar com cada uma para que digam quais são os novos mercados”, reforça Cândida, lembrando que o diálogo se estende a indústria da madeira. NOVOS RUMOS DE SANTA CATARINA A Abimóvel está trabalhando em conjunto com a Federação das Indústrias de Santa Catarina, mais precisamente com a Câmara de Comércio Exterior da entidade. “Estamos fazendo trabalho no sentido de fazer ações conjuntas”, diz Cândida Cervieri. “Nós identificamos a possibilidade de trabalhar outros mercados a partir de um estudo de inteligência comercial e apresentamos oportunidades no Golfo Pérsico, Oriente Médio, Arábia Saudita e Emirados Árabes”, informa Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC. “Já importamos móveis para esses mercados, mas em menor escala e eles são reconhecidos pela alta qualidade”, diz a dirigente, reconhecendo que o mercado americano continuará sendo o preferido dos produtores locais. “Já percebemos interesse bem alto deles de trabalhar com outros mercados. Temos um proCândida Cervieri, diretoraexecutiva da Abimóvel Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC

22 moveisdevalor.com.br grama de internacionalização que possui uma plataforma com avaliação de maturidade, estudo de inteligência comercial, realização de missões, participação em feiras e tudo aquilo que seja necessário para a abertura de novos mercados”, conta Maria Teresa. AVALIANDO ALTERNATIVAS A orientação neste momento é de prudência e planejamento, pede Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel. “Recomendamos que as empresas avaliem junto a seus parceiros comerciais, alternativas de negociação e ajustes temporários de volume e prazos, enquanto mantemos uma intensa agenda institucional para tentar adiar e, se possível, reverter essa medida”, observa. “E que as indústrias busquem diversificação de mercados de exportação, aproveitando iniciativas como o Brazilian Furniture e outras ações de promoção comercial que temos em parceria com a ApexBrasil. Nosso objetivo é manter as portas abertas nos EUA sem deixar de explorar novas oportunidades internacionais”, enfatiza. A Abimóvel trabalha em três frentes junto ao governo federal para atenuar as dificuldades: 1. Diplomacia comercial ativa — solicitar que o Brasil busque, em diálogo direto com o ECONOMIA

23 moveisdevalor.com.br governo norte-americano, um adiamento de pelo menos 90 dias na entrada em vigor da tarifa, para dar tempo às empresas de se adaptarem; 2. Medidas emergenciais de apoio (linhas especiais de crédito para capital de giro e financiamento à exportação, desoneração temporária de insumos e apoio à participação em feiras e rodadas internacionais); 3. Inteligência de mercado — atuação conjunta para identificar novos destinos e nichos que possam absorver parte da produção, reduzindo o impacto econômico e social desta medida. “Estamos mobilizados para oferecer dados técnicos e soluções concretas, reforçando ao governo a relevância estratégica do nosso setor para a balança comercial”, afirma Munhoz, que se considera realista com viés otimista em uma eventual reversão do quadro. “Estamos em contato direto com o Comitê Interministerial para buscar alternativas. Nossa postura é de resiliência e ação: trabalhar intensamente para minimizar danos, sem perder de vista a possibilidade de uma solução negociada”, conclui.

24 moveisdevalor.com.br Lojas de rua continuam sendo muito importantes para o varejo brasileiro Mesmo com crescimento do e-commerce nos últimos anos, o varejo físico continua sendo o pilar principal do comércio brasileiro, respondendo por cerca de 70% das vendas, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Além disso, as lojas de rua foram responsáveis por impulsionar, por exemplo, as vendas do varejo no mês de maio, com um crescimento de 1,86% no movimento de visitantes em lojas físicas em relação ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com o Índice de Intenção de Compra no Varejo (IICV Seed), provando que os consumidores gostam de recorrer ao varejo físico em datas comemorativas, como foi o caso do Dia das Mães. Diante desses números totalmente favoráveis em pleno 2025, resolvemos entender melhor o que faz com que o varejo físico continue sendo tão atrativo ao consumidor, mesmo com todas as facilidades e descontos oferecidos nas compras online. “O fato, mesmo depois da pandemia quando houve o aumento das compras online, mostra que é uma questão cultural do brasileiro. Isso reflete a pluralidade do nosso mercado, em que muitos consumidores ainda valorizam a experiência pessoal, o contato com os produtos, o relacionamento humano e a confiança no atendente ou lojista”, explica Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL. Daniel lembra que em cidades de pequeno e médio portes as lojas físicas desempenham VAREJO Por Natalia Concentino, jornalista O VAREJO FÍSICO – ESPECIALMENTE DE MÓVEIS – AINDA É RESPONSÁVEL POR 70% DAS VENDAS DO COMÉRCIO, MOSTRANDO TODA A SUA FORÇA EM PLENO ANO DE 2025 AS DATAS COMEMORATIVAS SE MOSTRAM MUITO IMPORTANTES PARA ESSE TIPO DE COMÉRCIO, QUE SABE APROVEITAR A URGÊNCIA DE COMPRA DO CONSUMIDOR O CONCEITO DE OMNICANALIDADE NÃO ESTÁ TOTALMENTE EM PRÁTICA, MAS A COMPLEMENTARIDADE ENTRE FÍSICO E DIGITAL SERÁ O FUTURO DO VAREJO

25 moveisdevalor.com.br um papel muito importante na economia local, tanto no aspecto da geração de empregos quanto por serem uma referência de compra para itens básicos, sazonais ou locais. “A gente pode dizer, sem medo de errar, que o varejo físico não é apenas um canal de vendas, mas também um espaço de convivência, de construção de vínculos e de relacionamento da comunidade”, acrescenta. O gerente executivo da CNDL elenca três fatores essenciais para que as lojas físicas ainda sejam tão queridas pelos consumidores, principalmente em datas comemorativas: 1. Muitos consumidores ainda se sentem mais seguros comprando pessoalmente, especialmente itens como vestuário e calçados. O brasileiro quer ver pessoalmente esses produtos, tocar e experimentar, isso gera mais satisfação e segurança e, também, gera menos risco de errar. 2. Urgência e vontade de levar logo o produto. Principalmente em datas comemorativas como Natal, Dia das Mães e Dia dos Pais existe essa urgência de adquirir o produto e isso favorece as lojas físicas, levando em consideração que o brasileiro costuma deixar para fazer as compras sempre na véspera. Levar o presente na hora é muito importante e a loja física permite isso. 3. A questão da socialização, pois os consumidores brasileiros encaram o ato de comprar em uma loja física como uma experiência social. Passear em lojas, shopping, mercado e ruas de comércio tem um significado que vai além da compra em si, para muita gente isso faz parte da cultura e do lazer. Porém, Daniel Sakamoto observa que houve uma mudança no comportamento do consumidor nos últimos cinco anos, impulsionado principalmente pela pandemia, que acelerou muito o crescimento do comércio eletrônico. “A gente viu que Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL A loja deve ser atrativa para o consumidor e, para isso, existem estratégias que podem ser implementadas

26 moveisdevalor.com.br entre os anos de 2020 e 2022 houve uma queda significativa no comércio de rua por conta da pandemia e o eletrônico realmente ganhou força, mas desde 2023 o varejo físico voltou a ganhar relevância e a gente vê isso pelo volume de compras nesse meio. Os consumidores valorizam cada vez mais as experiências que eles têm nas lojas, gostam desse relacionamento humano, e, cada vez mais, a gente vê os lojistas investindo nesse sentido”, observa. De acordo com Sakamoto, os lojistas estão mais criativos e investem em ações e iniciativas para atrair o público às suas lojas. “Podemos dizer que o comércio de rua segue como um dos pilares principais do varejo, especialmente em regiões que não têm muita penetração do digital, ou que não estão tão próximas dos grandes centros, e isso mostra a importância de equilibrar as inovações com as características do mercado”, lembra. Ele acrescenta que a sociedade vem mudando e, consequentemente, as ações de consumo também, por isso é preciso que os empreendedores se adaptem. “O brasileiro gosta muito de frequentar as lojas físicas, mas também está feliz com a comodidade de poder fazer compras sem sair de casa, então, acredito que o futuro do varejo esteja na complementariedade entre o físico e o digital”. Isso nos faz questionar o gerente executivo da CNDL sobre a omnicanalidade no varejo brasileiro, que ele acredita estar em uma fase intermediária por parte dos empreendedores, apesar de o conceito já estar presente no varejo brasileiro há muito tempo. “Embora muitos consumidores já transitem por muitos canais, seja pesquisando online e depois indo nas lojas físicas ou fazendo o caminho contrário, o avanço dessa omnicanalidade ainda enfrenta alguns desafios naturais, seja em tecnologia, logística e até gestão. Muitos lojistas ainda não oferecem uma integração perfeita entre os canais, o que gera um atrito entre o físico e o digital”, opina, lembrando da barreira geracional, que faz com que os consumidores mais maduros ainda tenham uma preferência pelas lojas físicas. 2º SEMESTRE PROMETE BONS RESULTADOS Com a chegada do segundo semestre, temos ainda mais datas comemorativas para o coSegundo semestre conta com importantes datas comemorativas para movimentar o varejo VAREJO

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28 moveisdevalor.com.br mércio aproveitar, o que faz com que lojistas fiquem otimistas e façam planejamento para aproveitar esse movimento da melhor forma possível. “Nossa expectativa está alta para esses últimos seis meses do ano, já que acompanhamos os resultados mensais divulgados pelo IBGE e, também, das empresas de cartão de crédito e meios de pagamentos, além das pesquisas de intenção de compras que costumamos fazer, e todos são promissores. As projeções do mercado apontam um crescimento de 3% a 5% nas vendas das lojas físicas em 2025 em relação a 2024”, afirma Sakamoto. Ele aponta que, apesar das turbulências que estamos enfrentando e os desafios estruturais brasileiros, dá para se notar uma ligeira melhora em algumas questões de economia e empregabilidade. “Observamos melhorias no indicativo econômico desse primeiro semestre de 2025, a inflação está num patamar alto, mas está controlada. E a gente tem uma leve recuperação do poder de compra de classes mais baixas, que deve influenciar o consumo em segmentos como moda, brinquedos, eletrodomésticos, móveis e alimentos”, comenta, adiantando que no aspecto sazonal o segundo semestre apresenta datas comemorativas importantes como Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal. “O foco agora deve ser em estratégias que unam promoções, experiências de compra e fidelização, esse é o tripé estratégico para garantir um segundo semestre bastante positivo. Por isso, é importante que o lojista faça um bom planejamento, com organização de estoque, uma vitrine que chame a atenção e campanhas promocionais organizadas com antecedência. Também aposte muito na comunicação via redes sociais, WhatsApp, e-mail marketing. Crie promoções temporárias, descontos progressivos, saia da rotina, datas comemorativas exigem que você faça algo diferente”, explica. Por fim, Sakamoto lembra que é preciso sempre facilitar a experiência de compra do cliente, para que não haja atritos. “Hoje em dia, a facilidade de pagamento é fundamental, o cliente quer alternativas, parcelamento no cartão, pagamento à vista, PIX com desconto... tudo isso é fundamental e o consumidor valoriza muito”. 5 ESTRATÉGIAS PARA MANTER SUA LOJA DE RUA ATRATIVA 1. Aprimorar a experiência de compra: uma loja bem organizada, iluminada e com vitrine atraente faz toda a diferença. Além disso, é importante investir tempo e recursos no treinamento da equipe, isso é fundamental. 2. Desenvolver relacionamentos pessoais: o consumidor valoriza cada dia mais um atendimento próximo. Descontos exclusivos para clientes fiéis, envio de mensagens personalizadas em datas comemorativas, aniversário, lançamento de novas peças e ações de pós-venda são muito importantes para criar vínculo com esses clientes, o que vai fazer toda a diferença na hora que o consumidor vai às compras. 3. Investir em sustentabilidade: hoje em dia há embalagens ecologicamente corretas e práticas que reduzem desperdício. Comunicar essas ações relacionadas à sustentabilidade, de certa maneira, costuma atrair os consumidores atuais, especialmente os mais novos, que valorizam muito esse aspecto do meio ambiente, da economia circular, da sustentabilidade como diferencial na hora de escolher uma marca em detrimento da outra. 4. Importância de se promover e elaborar promoções criativas: eventos, sorteios, atividades e promoções direcionadas a um público específico podem gerar tráfego na loja e aumentar o ticket médio das compras. A gente sabe que lojas "instagramáveis" e promoções que viralizam tem sido ótimas estratégias para algumas lojas que têm conseguido se destacar. 5. Integrar a loja física ao contexto digital: não dá mais para deixar de aproveitar o potencial do comércio eletrônico e dos canais de comunicação como WhatsApp, Facebook e Instagram. De maneira geral, isso tem sido uma boa estratégia para levar os clientes até a loja física como também ajudam a fortalecer as vendas dos canais digitais. *Por Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL VAREJO

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30 moveisdevalor.com.br FIMMA mostra soluções que impactam o futuro dos móveis Máquinas inteligentes, automação total e integração de processos e de gestão com IA chamaram a atenção na FIMMA 2025, realizada em Bento Gonçalves (RS). São, pelo menos, três motivos: serem cruciais para reduzir os custos, aumentar a produtividade e ampliar mercados. Se for imaginar o número de produtos mostrados, incluindo chapas de revestimento, tecidos, tintas, componentes e acessórios, facilmente ultrapassa 200 itens. Ficou evidente que a oportunidade de transformar tecnologia em poder competitivo, dados em lucro e velocidade em diferencial, está aberta. A estimativa de negócios, de R$ 1,7 bilhão – confirmada pela Movergs – considera um percentual de investimentos das empresas em relação ao seu faturamento previstos até a próxima FIMMA, que vai acontecer entre 9 e 12 de agosto de 2027, explica Euclides Longhi, acrescentando que metade das transações desse ano é resultado de vendas antecipadas de máquinas. Como ilustração, 90% do maquinário exposto do Pavilhão E já tinham donos. Detalhe: 90% são de origem chinesa. O total estimado de 15 mil visitantes ficou quase 40% acima do anunciado antecipadamente pelos organizadores – embora na visão de muitos expositores tenha ficado abaixo da edição anterior. Foram 31 países representados e pela primeira vez nos últimos anos, o evento reuniu um número expressivo de representantes de empresas da Ásia, em especial, da China oferecendo produtos direcionados majoritariamente às marcenarias. Com ou sem ajuda de tradutores, o inglês foi a segunda língua mais falada. MÁQUINAS INTELIGENTES E INTEGRAÇÃO COM IA MARCARAM O EVENTO, AMPLIANDO OPORTUNIDADES PARA TRANSFORMAR TECNOLOGIA EM COMPETITIVIDADE COM VISITANTES DE 31 PAÍSES E PARTICIPAÇÃO EXPRESSIVA DE EXPOSITORES DA ÁSIA, O EVENTO REFORÇOU O BRASIL COMO REFERÊNCIA MOVELEIRA INTERNACIONAL TENDÊNCIAS VISTAS EM MILÃO APARECERAM EM CORES DE TECIDOS E ACABAMENTOS, CONFIRMANDO A CONEXÃO ENTRE DESIGN, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA APLICADA FEIRAS E EVENTOS Guilherme Arruda, jornalista convidado

31 moveisdevalor.com.br APROVAÇÃO QUASE UNÂNIME Rangel Martins, gerente de negócios da Killing é direto: a feira foi excelente. “Superou todas as expectativas com uma visitação intensa e de qualidade. Foi um momento de extrema importância para nós da Killing/Kisafix, para reforçar a conexão com clientes importantes e apresentar a ampliação do nosso portfólio com a aquisição da LRB Química, consolidando a Kisafix como portfólio mais completo para o mercado moveleiro”, comemorou o executivo. A avaliação de Marcelo Cenacchi, da Sayerlack, também é positiva. “Recebemos muitos clientes de várias partes do Brasil e apresentamos centenas de opções de acabamentos. Foi uma ótima oportunidade para fazer negócios e estreitar o relacionamento com nossos clientes”, salientou. Ao analisar o desempenho da Sayerlack no ano, disse estar um pouco acima em relação ao ano passado. Reconheceu uma leve desaceleração nas exportações para os Estados Unidos, devido ao tarifaço, mas acredita que o impacto será temporário. “Imagino que isso deve ser resolvido em 30–45 dias”, projeta. Gustavo Bertolini, diretor criativo da Bertolini, não economizou elogios: “Gostei muito. Me surpreendeu por não ser focada só em produto, mas também em tecnologia e concepção de design. Serviços, Inteligência Artificial, não só na manufatura. E consegui me conectar com outras empresas que não vinham há muito tempo”, declarou. Juliano Carlos, CEO da C-Core, classificou a mostra como muito boa. “Temos vários clientes fabricantes de móveis para área externa”, indicou. “É notável ver novidades interessantes mostradas por fornecedores com os quais trabalhamos e que favorecem a nossa criação”, surpreendeu-se Mauricio Faria, arquiteto e designer, de Novo Hamburgo (RS). “Foi surpreendente, com ferragens, componentes com mais tecnologia do que havia em anos anteriores”, endossa David Bonetto, que trabalha com desenvolvimento de produtos. Grazielle Farenzena, projetista, viu muita confirmação de tendências vistas em Milão. “Em cores, em tecidos e acabamentos”, disse. PRAÇA TRANSBORDA CONHECIMENTO O primeiro contato com as novas tecnologias apareceu na Praça de Inovação, logo na entrada da feira, que reuniu empresas de TI e startups, como Easypro Tech, Energia das Coisas, Meu Resíduo, Trashin, Vib Master, CLL Dados, AKR Sistemas, Neo Point/ Speedy Factory, Cool Tea, IIOT, Evolutur, MGZPROD e a Orya, que possibilitou o acesso imediato a resumos e insights personalizados das palestras com uso de IA. Dois painéis aguçaram o público. Um foi “Como lidar com a escassez da mão de obra na indústria moveleira”. O outro foi do futurista Tiago Mattos que causou euforia ao falar sobre os impactos da IA. Para ele, o futuro é híbrido, com empresas “do futuro” aumentando protagonismo pela adoção tecnológica, e outras presas ao passado caminhando para obsolescência. E recomendou: não invista energia tentando competir com a IA em tarefas que ela fará melhor em poucos anos. “É focar no desenvolvimento das habilidades que a IA não consegue replicar. E a única coisa que ela não faz é

32 moveisdevalor.com.br de e até apoiar decisões estratégicas, como investimentos e otimização de custos. Usando WhatsApp é possível identificar gargalos, vícios e oportunidades de melhoria em tempo real. IMPORTADORES Foram realizadas cerca de 270 rodadas de negócios em nível nacional. O coordenador setorial moveleiro da Movergs, Andrei Carletto, comenta que esses encontros reforçam o papel estratégico que o Sebrae e a Movergs exercem no fortalecimento da cadeia moveleira. “Para as pequenas empresas, representam uma ponte concreta com o mercado, possibilitando acesso a novos canais de comercialização e conexão direta com compradores de diferentes regiões do país”, salienta. No Projeto Comprador do Brazilian Furniture, a Abimóvel-ApexBrasil levou 10 importadores de oito países, e 250 rodadas de negócios no âmbito do Brazilian Furniture Vertical, criado em dezembro do ano passado, e que possui 40 empresas que fornecem produtos para a indústria moveleira, como Artecola, Farben, Joelini e Lidear. “Estamos trabalhando com toda a cadeia”, informa Cândida Cervieri, diretora executiva da Abimóvel. “Conseguimos comprar máquinas e revestimento de melamina para fazer móveis planejados de alto padrão”, conta Vanessa Moia, da Muebles Deutschland, da Bolívia. “Antes de vir temos o hábito de fazer reuniões prévias por telefone e quando chegamos terminamos de fechar negócios”, revela. Segundo ela, o mercado de alto padrão está crescendo no seu país e há poucas empresas que atuam nesse nicho. “O Brasil é uma referência em móveis”, relatou Jorge Alvarez, da Colômbia. Outra ação com rodadas de negócios foi o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), que reuniu 15 micros e pequenas empresas gaúchas de setores como ferragens, tecnologia, embalagens e vidros, entre outros, e 12 importadores da América Latina. Foram 92 encontros. As empresas nacionais receberam consultoria antes da feira e que será mantida após. “Os importadores deram um feedback muito positivo”, comemora a coordenadora, Ana Schneider. Outra ação foi a vinda de 15 arquitetos de seis estados brasileiros, convidados. “Eles enfatizaram o salto em inovação e qualidade”, concluiu Ana. autoconsciência — a capacidade humana de imaginar o futuro para si mesmo e agir estrategicamente baseado nisso”, avisou. A ONIPRESENÇA DA IA Quase duas dezenas dos expositores foram desenvolvedores de softwares com várias soluções baseadas em IA. A Gabster levou um modo para acelerar as vendas das indústrias moveleiras, que conecta fabricantes, arquitetos e lojistas por meio de bibliotecas digitais com cadastro de informações sobre acabamentos, chapas e cores atualizadas, otimizando o processo comercial. “Mais do que empilhar peças, o empresário precisa aprender a empilhar vendas”, afirmou Cleandro Nilsson, CEO da empresa. “Tecnologia e tempo vão virar commodities”, prevê. A Cyncly levou o Novo Promob com interface redesenhada, renderização aprimorada por IA, importação de arquivos skp e navegação mais intuitiva. A nova plataforma está disponível para as versões Plus, Maker e Studio. A Pontto, mostrou uma IA treinada com a cultura de cada cliente. Integrada ao banco de dados, que interpreta históricos de vendas, consumo e lucratividaFEIRAS E EVENTOS Diretores da Muebles Deutschland, da Bolívia

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34 moveisdevalor.com.br POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE, DA C-CORE A C-Core, de Minas Gerais, levou para a feira sua placa tridimensional de polietileno de alta densidade – substitui a espuma de poliuretano convencional – ideal para aplicações industriais que exigem espuma lavável, respirável e 100% reciclável. Com baixíssimo índice de deformação, o material não prolifera ácaros nem bactérias, tornando-se perfeito para ambientes hospitalares, como colchões de CTI, ao contribuir para aliviar o sofrimento de pacientes acamados. Também é eficaz em móveis externos, colchões para bebês, cadeiras de roda, entre outras aplicações. Inovador e sustentável, o produto se insere na economia circular, alinhando conforto, higiene e responsabilidade ambiental às exigências da indústria moderna. COLEÇÃO VELURE, DA CORTTEX A Corttex apresentou um produto da coleção Veluri. É um tecido tramado que combina design sofisticado com alta funcionalidade. Com textura marcante - que rompe com padrões lisos do mercado - é ideal para estofados, almofadas e poltronas. Seu grande diferencial é a repelência à água, superior à impermeabilização tradicional, permitindo que a espuma interna respire mesmo quando molhada. Lançado com excelente receptividade no mercado, está disponível em tons terrosos, verdes suaves e pratas elegantes, alinhando estética e praticidade. É uma solução versátil e moderna para ambientes residenciais e comerciais, oferecendo conforto, durabilidade e estilo. PADRÃO FREIJÓ IMPERIAL, DA COLEÇÃO AURA, DA DURATEX O destaque da Duratex foi o Freijó Imperial, padrão da Coleção Aura. Inspirado na madeira nativa brasileira. O lançamento reproduz fielmente suas catedrais largas, nuances douradas e acabamento com brilho sutil, evocando a elegância da lâmina natural da madeira. A textura tátil valoriza o toque e acrescenta profundidade aos móveis, enquanto a paleta quente dialoga com diferentes estilos, do rústico ao contemporâneo. Produzido em MDF de manejo sustentável, o padrão combina estética e responsabilidade ambiental, refletindo a tendência por superfícies que transmitem aconchego e conexão com a natureza. No estande, o Freijó Imperial foi aplicado em elementos vazados, reforçando sua versatilidade em projetos residenciais e comerciais. FEIRAS E EVENTOS DESTAQUES DE PRODUTOS NA FIMMA

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