Móveis de Valor - Edição 249

15 moveisdevalor.com.br o da ApexBrasil, o setor carece de estímulos vigorosos comuns a setores como automobilístico, químico e de fármacos. Apesar de não ter participação robusta no PIB industrial, o móvel é um setor dinâmico, empregador e promissor. O absentismo em uma PI alimenta a sensação de quanto menor a escala e a influência, menores as chances de acessar políticas estratégicas. Fazer parte de uma PI significa vantagens extraordinárias, como regimes especiais de tributação, acesso a crédito subsidiado, incentivos à inovação e previsibilidade para investimentos de longo prazo – embora haja instabilidades devido a trocas de governos e custos para os cofres públicos. Nesse ano, por exemplo, as renúncias fiscais deverão ultrapassar R$ 500 bilhões (Fenafisco), muito próximo de 5% do PIB. Tal volume levanta um questionamento: há geração de emprego, inovação e produtividade a partir disso? A característica comum entre todas as PI é sua descontinuidade. Motivos? Desenhadas de forma genérica, com metas pouco claras e instrumentos desarticulados, falta de coordenação robusta entre órgãos públicos, volatilidade política e econômica, falta de marcos regulatórios mais perenes, carga tributária, infraestrutura deficiente e burocracia excessiva. Tudo isso dificulta uma visão de longo prazo – em muitos casos, são pensadas para obter resultados dentro de um mandato presidencial e não em décadas, como fez a Coreia do Sul. Um exemplo de PI malsucedida foi a tentativa de criar um polo naval na década de 2000, ancorada na descoberta do Pré-sal. O intuito era fornecer plataformas e embarcações à Petrobras. O projeto naufragou diante da crise econômica, instabilidade política, denúncias de corrupção (Lava Jato), flutuação no preço do petróleo e falta de mão de obra especializada. Em pouco mais de uma década foram injetados R$ 25 bilhões via BNDES, além de R$ 130 bilhões de investimento direto da Petrobras. O governo atual voltou a fazer planos para ressuscitar o defunto (sic). UM MODO DE SER OUVIDO Uma forma de o setor exercer pressão para acessar as benesses das Políticas Industriais Um exemplo de PI malsucedida foi a tentativa de criar um polo naval, ancorado na descoberta do Pré-sal Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel: “Frente parlamentar sem força não consegue atingir os objetivos” seria criar grandes corporações, a exemplo de gigantes industriais de outras categorias. Elevaria, sem dúvida, a chance de barganhar atenção, mas essa via é improvável. Outro recurso é constituir uma frente parlamentar, unindo iniciativa privada e congressistas na defesa dos seus interesses. É uma frente, mas podem chamar de lobby, algo bem conhecido nos corredores de Brasília. A ideia não é nova. Em novembro de 2019 foi criada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria do Mobiliário (Fremob), unindo Abimóvel e mais de 200 deputados e senadores, para atuar no Congresso Nacional “em prol de Deputado Guilherme Pasin, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro Gaúcho

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