70 moveisdevalor.com.br MV: De que forma a gestão de pessoas pode transformar a falta de mão de obra em oportunidade para as empresas? EB: Quando falamos em contenção de mão de obra (redução ou limitação de contratações), a gestão de pessoas tem papel essencial para evitar queda de produtividade, engajamento ou clima organizacional. Como fazemos isso? Investindo em treinamentos para que colaboradores atuem em mais de uma função (upskilling e reskilling); oferecendo reconhecimento não financeiro, clima organizacional positivo e comunicação transparente, a fim de investir em engajamento e retenção; estimulando Cultura de colaboração e times autogerenciáveis, estimulando equipes a se organizarem de forma mais independente, com menos dependência hierárquica. MV: Vale mais a pena investir no desenvolvimento da equipe do que lidar com a alta rotatividade? Por quê? EB: Como gestor, sim. Investir no desenvolvimento profissional da mão de obra a longo prazo é muito mais eficaz do que conviver com alta rotatividade. Mas, ao pensar em custo, o gestor precisa entender que o treinamento inicial é um investimento e que o colaborador gera retorno crescente ao longo do tempo. Sob o ponto de vista da produtividade, profissionais experientes conhecem processos, reduzem erros e aumentam eficiência. Quando pensamos em inovação, colaboradores desenvolvidos contribuem com ideias, melhorias de processos e inovação contínua. MV: Na era das máquinas autônomas e da IA, quais competências humanas são insubstituíveis? EB: Quando falamos de máquinas autônomas e Inteligência Artificial, o grande diferencial não está apenas no técnico, mas no humano. Além das hard skills, outros aspectos precisam ser desenvolvidos e acompanhados para manter equilíbrio entre tecnologia e pessoas, por exemplo: abertura para aprender novas ferramentas, lidar com mudanças de processos. Isso é importante porque em um ambiente altamente automatizado, quem não se adapta perde relevância rapidamente; apoio para lidar com ansiedade, estresse, insegurança diante da automação. Neste caso, é importante porque automatização pode gerar medo de obsolescência; acompanhamento ajuda a manter a saúde mental; autoconsciência, empatia, autorregulação, motivação, relacionamento interpessoal. Isso é importante porque garante que profissionais lidem bem com pressões, mudanças rápidas e saibam cooperar com equipes diversas. MV: “Reter e desenvolver talentos é tendência ou obrigação inevitável para o futuro das empresas?” EB: Dentro do pilar da Indústria 5.0, a gestão de pessoas deixa de ser apenas uma área de suporte e se torna estratégica para a sustentabilidade do negócio. A preocupação com retenção e desenvolvimento de mão de obra especializada não é apenas uma tendência, ela caminha para ser uma necessidade obrigatória para empresas que desejam se manter competitivas. No futuro próximo, reter e desenvolver talentos não será uma opção, mas um requisito de sobrevivência empresarial. A tecnologia evolui rápido, mas o diferencial humano — criatividade, senso crítico, inovação e valores — será cada vez mais escasso e valioso. “Investir no desenvolvimento profissional da mão de obra a longo prazo é muito mais eficaz do que conviver com alta rotatividade. ” Observatório
RkJQdWJsaXNoZXIy MzE5MzYz