62 moveisdevalor.com.br Por Guilherme Arruda, jornalista convidado O menino de Jaci que ousou sonhar Nascido em Jaci, interior paulista, Maic Caneira cresceu entre o barulho das serras e o cheiro da madeira. De uma infância simples, teve a influência do pai marceneiro. Foi com ele que aprendeu o valor do trabalho e a obstinação de quem não tem garantias, só coragem. Em 2005, aos 25 anos de idade, pediu máquinas emprestadas, alugou um modesto barracão e com ajuda de apenas um funcionário, ergueu a Matic com a convicção de que empreender é agir quando o chão ainda não está firme. Duas décadas depois, aquele jovem que atendia telefone, fazia folha de pagamento e consertava máquinas, agora lidera um grupo com aproximadamente 800 funcionários em 70 mil m² de área construída. À frente do Grupo Caneira — que reúne as marcas Matic, Imcal, Robel e a Cargo Move — Maic aprendeu a lição de que empresa nenhuma cresce sem alma. O menino de Jaci é a prova de que o sucesso, às vezes, pode começar num galpão de 600 metros quadrados. Sua essência está alicerçada na harmonia, no equilíbrio, na elegância e diplomacia para se comunicar, sempre de forma ponderada – características encontradas entre os nascidos no primeiro decanato do signo de Libra. É o seu caso (26 de setembro de 1981). É descendente de portugueses que foram para região ao redor de São José do Rio Preto, no noroeste paulista, para trabalhar na roça. Seu avô Euclides Caneira, por exemplo, tomou conta de uma área de café e acabou se fixando em Jaci, sendo um dos fundadores da cidade. Élcio Caneira, um dos filhos de Euclides, exerceu algumas atividades quando jovem, até mesmo em um posto de gasolina, mas desenvolveu a aptidão de mexer com madeira. Levou essa atividade tão a sério que se especializou em entalhes. No início dos anos 1980, ele e o irmão, Delcio, montaram uma pequena marcenaria, que não demorou muito para evoluir: em 1988, resolveram criar uma empresa com mentalidade tipicamente industrial em um galpão de 300 m². É quando nasce a Imcal. SONHO AMERICANO Quando jovem, sua verdadeira paixão era a língua inglesa. Com 11 anos foi estudar inglês em Mirassol, provavelmente, pela ligação do seu nome. “Meu pai sempre gostou de assistir filmes americanos e achava os nomes bonitos. Quando nasci ele tentou me registrar com a letra “K”, mas o cartório não aceitou. Assim, ao invés de Mike ficou Maic”, conta. Na prática, não havia proibição legal explícita ao uso da letra K (nem W ou Y) nos nomes próprios, e sim uma restrição administrativa: até 1997, o registro civil seguia regras ortográficas mais rígidas, e os cartórios eram orientados a evitar letras “estrangeiras”. Maic propôs ao pai que, caso conseguisse concluir o curso de inglês, iria morar nos Estados Unidos. ESSA É A HISTÓRIA DE MAIC CANEIRA, QUE EM DUAS DÉCADAS ERGUEU O GRUPO CANEIRA, UM DOS MAIORES FABRICANTES DE MÓVEIS DE SÃO PAULO, CUJA TRAJETÓRIA É MARCADA PELA RESILIÊNCIA, PROPÓSITO E APRENDIZADO CONTÍNUO DO ZERO AO TOPO
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