81 moveisdevalor.com.br transporte de materiais, o excesso de inventário, e os defeitos e retrabalhos, que juntos respondem por mais da metade dos desperdícios, além de maquinário subutilizado e, principalmente, a elevada rotatividade de mão de obra. A outra metade corresponde a esperas e processamento inadequado. Inventário significa excesso de estoque, que pode ser de produtos acabados, produtos intermediários, produtos obsoletos ou produtos que saíram de linha. Nas micro e pequenas fábricas (maioria do setor) os desperdícios costumam variar entre 25% e 40% da capacidade produtiva total e isso inclui horas paradas, falhas de sincronização e o citado retrabalho. Tiago Portz, coordenador de Serviços de Inovação e Tecnologia do Senai-RS é testemunha de dois casos de como é possível reduzir o lead time (o tempo que demora para transformar matéria-prima em produto), um de 39% e o outro de 29%. “O impacto é direto no fluxo de caixa, pois troca um processo de 30 dias por um de 18 dias, ou seja, são 12 dias livres”, atesta. “Isso é uma enormidade”, aponta, enumerando vantagens como vender mais cedo, faturar antes e liberar o espaço produtivo. Em suma, desperdício aparece sob a forma de tempo, dinheiro e confiança. O segredo, para ele, está em compreender a relação entre processo e método. São dois passos. O primeiro é mapear o fluxo de valor. “É necessário uma imersão para entender onde estão os bloqueios e desperdícios”, ensina. O segundo é fazer o gerenciamento diário: reunir as equipes no início de cada turno para discutir os resultados do dia anterior e planejar o dia seguinte. “Equipes alinhadas significam problemas resolvidos antes que eles cresçam, além de ter decisões baseadas em fatos e não em percepções”, complementa. MÓVEL DEVOLVIDO E O RETRABALHO ESG, economia circular e produção limpa viraram moda, mas para muitas fábricas esses conceitos ainda ficam no discurso. De que adianta investir em ações ambientais se no chão de fábrica chapas de MDF são cortadas com sobras acima de 10%, restos de espuma vão para o lixo e o retrabalho consome horas de produção? Não só encarece o custo final, como Tiago Portz, coordenador de Serviços de Inovação e Tecnologia do Senai-RS Desde 2004, a Escola de Marcenaria da Leo Madeira, em Barueri (SP), já formou mais de 11 mil profissionais em cursos que vão da marcenaria básica à montagem de planejados. Segundo Thiago Portes, gerente da escola, o maior desafio hoje é a falta de mão de obra qualificada para o chão de fábrica — e, ao mesmo tempo, o desinteresse de parte dos jovens pela área. “Nosso foco é estimular o empreendedorismo. Muitos alunos saem daqui prontos para abrir o próprio negócio”, afirma. Antes voltada ao viés social, a escola passou a integrar o ecossistema de negócios da Leo Madeira em 2024, com fins lucrativos e planos de expansão. Em 2024, formou 980 alunos, e a previsão é chegar a 1,3 mil em 2025, com novas unidades em estudo. Um dos cursos mais procurados é o de montador de planejados, cuja renda pode chegar a R$ 15 mil por mês. Segundo Thiago, 34% dos alunos buscam a marcenaria como hobby, enquanto os demais veem o setor como porta de entrada para o empreendedorismo e a indústria 4.0. QUERO SER EMPRESÁRIO, NÃO EMPREGADO destrói valor ambiental e financeiro. Cada resíduo gerado representa energia, tempo e matéria-prima desperdiçados, o oposto do que pregam as boas práticas de economia circular. Retrabalho, por exemplo, é consequência de uma “não qualidade” (inconformidade). É consenso que um móvel é resultado das ideias de um designer ou de um cliente, que exige um processo produtivo em condições de entender e estar de
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