MV Norte & Nordeste 23

19 shopping, nem nos restaurantes durante o período de isolamento, está ajudando a viabilizar a compra de móveis. Porém, paradoxalmente com o aumento da demanda começaram outros proble- mas. As indústrias não tinham estoque de produtos para atender à necessidade imediata das lojas. E os fornecedores de matéria-prima e insumos também não haviam se preparado para a retomada da demanda e muitos, que importam mercadorias, suspenderam momenta- neamente os pedidos. Estava pronta a desorganização perfeita do mercado. INSUMOS EM ALTA E EM FALTA A bem da verdade, ainda faltava um componente para a tempestade perfeita: o aumento no preço dos insumos. Con- forme apuramos junto às indústrias, o reajuste médio no preço dos painéis de madeira até agora chega a 14%, o pape- lão aumentou 12%, ferragens e tintas 10%, em média, e espelhos bem mais de 20%. Mas, o maior problema, segundo alguns empresários, está na restrição do abastecimento. Para Elias Cezar, dire- tor da Colchões Cesar Anatomic, com fábrica em Pombos (PE), o mercado realmente está vivendo um momento complicado. “Alguns fornecedores de tecidos estão aceitando pedidos para entrega só em janeiro”, afirma. Apesar disso, o empresário vê oportunidades. “Sempre fomos pautados pelo vare- jo, que definia o que queria pelo preço que queria. E a indústria, para resolver o problema, passava o desafio para o fornecedor”, afirma, lembrando que este modelo fez com que muitos fabricantes e fornecedores ficassem pelo caminho. “Mas acredito que agora temos a opor- tunidade mudar isso, valorizando todos os elos da cadeia e, claro, satisfazendo melhor o consumidor”, enfatiza. Para Elias Cezar, o fabricante deve bus- car apenas as boas parcerias com o vare- jo, seja ele físico ou digital. “Penso que o abastecimento será regularizado em breve e a demanda de consumo deve permanecer aquecida por mais um pe- ríodo. O importante é valorizar o que produzimos e oferecer ao consumidor boas experiências de compra”, completa. Tiago Engelmann, gerente comercial da Herval Nordeste, também defende que estamos vivendo um momento inco- mum e que se mostra o oposto do que se imaginava no início da pandemia. “Fe- lizmente o consumidor nesse período de isolamento começou a perceber algumas necessidades no lar e passou a investir na qualidade do seu descanso, no con- forto da sala de TV, no escritório, por exemplo”, destaca, lembrando que os in- centivos do governo e a demanda repri- mida ajudaram neste quadro em que as industrias do segmente estão com ocu- pação fabril tomada até o final do ano. Sobre a questão do desabastecimento, Tiago afirma que a Herval está enfren- tando problemas assim como todas as industrias do segmento, gerando peque- nas rupturas e prejudicando a eficiência. “Felizmente ainda não precisamos parar a nossa unidade do Nordeste, uma vez que todas as situações foram administra- ELIAS CEZAR, DIRETOR DA COLCHÕES CESAR ANATOMIC TIAGO ENGELMANN, GERENTE COMERCIAL DA HERVAL NORDESTE das com os fornecedores ou então com “trocas” de matérias primas entre nossas unidades”, enfatiza, acrescentando que a escassez e os aumentos de preços dos in- sumos para produção de espumas, como TDI e Poliol, afetaram a todos. Apesar dos problemas, o gerente comer- cial da Herval Nordeste, destaca que a empresa está conseguindo atender o varejo dentro dos prazos possíveis. “Em julho tivemos um crescimento de 36% nas vendas e devemos fechar agosto com crescimento de 85% em relação ao mesmo período de 2019. E não há como dobrar a capacidade produtiva no cur- to prazo, em especial com restrição de matéria-prima”, pondera. Até porque, na avaliação de Tiago, essa “bolha” de consumo, motivada também pela sobra de recursos das viagens, festas e com- pras não realizadas pelos consumidores, deve seguir até início do ano. “Espera- mos que este ciclo possa se alongar um pouco mais, a depender da macro eco- nomia, especialmente da manutenção dos empregos”, finaliza. Já o especialista de mercado Leonardo Magalhães, que presta serviços para in-

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