MV Norte & Nordeste 23

36 Quanto mais tempo em casa, mais as pessoas reparam em seus móveis, suas funcionalidades e aparência. Isso já estamos cansados de falar e mostrar a oportunidade que o isolamento social trouxe para as indústrias moveleiras. Porém, o que precisamos investigar é como estão sendo mobiliados os lares brasileiros, entender se o que a indús- tria está produzindo supre as nossas necessidades ou não. Assim como também devemos ficar atentos à ori- gem dos móveis que são comprados pelos brasileiros. As casas e os apartamentos construí- dos no Brasil seguem medidas padrão, que foram desenvolvidas por meio de estudos e regras de ergonomia para que as pessoas consigam colocar os móveis básicos e ainda terem um es- paço de circulação. Isso não é novida- de para ninguém, mas o que chama a dor não precise depender só dos mo- dulados e planejados”. Fernanda diz que o arquiteto sempre pensa no que é melhor para o espaço, mas o cliente ainda visa muito o preço dos móveis. “Nós fazemos orçamentos e sugerimos algumas opções para subs- tituir, caso o cliente queira economizar mais. Lógico que existem aqueles que moram em casas ou apartamentos de alto padrão que buscam móveis feitos por designers de renome, que se encai- xam em seus cômodos mais espaçosos, mas mesmo esse tipo de construção tem alguns espaços menores que exi- gem móveis adequados em termos de tamanho e funcionalidade”. GANCHO PARA MUDANÇAS Logo que a pandemia do coronavírus alcançou o Brasil, a Abimóvel (As- sociação Brasileira das Indústrias de Mobiliário) lançou uma campanha em prol da valorização do móvel nacional. A entidade quer fortalecer o setor e incentivar a compra dos móveis pro- duzidos aqui, o que pode ser um bom momento para o fabricante nacional entender melhor e avaliar quais são as novas necessidades do consumi- dor local, afinal, a briga com a China pode se intensificar ainda mais com a pandemia, com os asiáticos precisan- do vender para o mundo e reduzindo ainda mais os preços. “A nossa campanha iniciou em meados de maio, ou seja, durante a intensificação Sempre existe uma diferença entre o que é ideal e o que é possível de se fazer. Mas como ficam os móveis nacionais nesse meio? Como estão sendo mobiliadas as casas brasileiras? FERNANDA LANZARIN, SECRETÁRIA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E CULTURAL DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ARQUITETOS E URBANISTAS atenção é que as pessoas fazem opção pelos móveis planejados em diversas situações. Uma das explicações vem de Fernanda Lanzarin, secretária de comunicação, educação e cultural da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas. “Nós vemos muitos mó- veis que não dialogam com as casas e são feitos para vender, no geral. Por isso, são feitos os apartamentos deco- rados nas construções, por exemplo, para que o cliente possa ver que, por menor que seja o apartamento, é viá- vel mobiliá-lo”, explica. Em outras edições da revista já fala- mos sobre móveis multifuncionais, espaços reduzidos e tudo que está surgindo com cada vez mais força no mercado brasileiro. Mas um ponto ainda pode ser melhorado para que todos saiam ganhando nesse aspecto. “Seria interessante ter uma conver- sa com os fabricantes de móveis para trocar uma ideia sobre as moradias e o que está sendo produzido para mo- biliá-las. Nós ainda vemos um movi- mento muito independente nesse as- pecto”, avalia a arquiteta. Levando tudo isso em consideração, Fernanda Lanzarin diz que as indús- trias precisam prestar mais atenção na tendência dos espaços menores, dos micros apartamentos e estúdios. “Tem muitos móveis que não se encai- xam bem nesses espaços; volto a falar que falta diálogo para que as empresas pensem mais nisso e que o consumi-

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