MV Norte & Nordeste 23
38 O setor industrial avança sobre o varejo para interagir direto com o consumidor em um movimento que tende a se acelerar nos próximos cinco anos Os intermediários estão perdendo espaço 1990 com o segmento de móveis plane- jados e tem agora a chance de avançar mais nessa direção. O exemplo mais recente do avanço da indústria foi dado pela gigante Unile- ver, que por meio da marca de sabão em pó OMO, adquiriu 123 lojas da rede Acerte, dona da Quality e Prima Clean. Marcos Hirai, sócio-diretor da GS&BGH e CEO da startup Omnibox, informa que esta ação faz parte da es- tratégia global da Unilever de ampliar a exposição ao setor de saúde e de higie- ne pessoal, acelerada com a pandemia da Covid-19. Em 2018, o Brasil já tinha sido escolhido pela Ariel, que abriu sete lojas em São Paulo. Fred Rocha, um dos mais renomados especialistas em varejo, ressalta que desde o início da humanidade os con- sumidores buscam as indústrias e que eliminar intermediários é uma carac- terística natural do capitalismo. “Não estamos vivendo uma onda passageira”. A tendência é crescer. O ponto forte é a relação de custo – a indústria tem me- lhor caixa, melhor margem na compo- sição de preço por produto, que pode chegar mais barato ao consumidor ao pular o intermediário e com uma per- cepção melhor de valor porque ela con- segue investir”, diz Rocha, chamando a atenção para o e-commerce. “A Inter- net só fez acelerar o processo ao criar facilidades de vender e comprar produ- tos de forma muito prática e cômoda, apenas com alguns cliques”, explica. Observando as mudanças sob uma perspectiva histórica, ele cita as viagens feitas 20 anos atrás quando eram pro- Não é de hoje que a cadeia produtiva tem procurado excluir os canais inter- mediários do seu caminho. O alvo é claro: assumir o varejo usando as suas marcas mais famosas como alternativa para oferecer atendimento personali- zado, mirar uma performance melhor do faturamento, das margens de lucro e, claro, visar o fortalecimento da pró- pria marca. Os exemplos estão aí: Adi- das, Samsung, Havaianas, Hering, Ar- tex, Malwee, Lupo e Nike. Todas com seus próprios pontos de venda. O setor moveleiro, diga-se, pegou carona nessa onda utilizando o sistema de franquias e lojas próprias no fim da década de
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