MV Norte & Nordeste 23
41 mento que começam a aparecer as co- branças dos credores e isso passa a pe- sar no orçamento, por isso a tendência de aumentar o número de pedidos de RJ nesse segundo semestre”. Aliás, o comércio já teve crescimento nos pedidos de falência depois do início da pandemia. Se compararmos os últimos dados trimestrais com os do mesmo período de 2019, percebemos que o setor do comércio era o que tinha menor número de pedidos de falência e agora ocupa a segunda posição no ranking, passando de 26,4% para 29,8%, claramente influenciado pelas medidas de restrição. “Os pedidos de falência e de recuperação judicial do comércio tiveram uma alta em maio e junho, diminuindo somente em julho. Isso é reflexo do desempenho das vendas do setor, que devem melhorar até novembro e dezembro, chegando um pouco mais próximo dos anos anteriores, mas ainda abaixo do período pré-pandemia”, explica Flávio Calife, economista da Boa Vista, responsável pelo levantamento dos dados que você encontra na tabela acima (referente ao segundo trimestre de 2020). “O que nós vemos é que o setor de indústria foi o que se saiu melhor nesses aspectos, porque grande parte delas não precisou nem ficar fechada, continuou produzindo, sendo menos afetada e trocando de posição com o comércio no ranking. Já em relação ao setor de serviços, o que vemos é que ele já vinha tendo dificuldades para se recuperar das crises econômicas e agora na pandemia isso se acentuou”, esclarece o economista. Mas há um fator em comum entre os pedidos de falência e RJ de todos os setores, os pequenos empresários foram os mais afetados e a discrepância de pedidos entre as pequenas empresas e as médias e grandes ficou bem evidente nos últimos meses, como você pode observar na tabela abaixo: FLÁVIO CALIFE, ECONOMISTA DA BOA VISTA O especialista Alexandre Temerloglou aponta um dos motivos que acabaram dificultando a sobrevivência financeira das pequenas empresas. “As linhas de crédito não chegaramnos pequenos, as instituições financeiras não quiseram assumir esse ‘risco’. Agora que estamos vendo que o BNDES está assumindo esse papel para oferecer crédito, sendo uma das medidas do governo para ajudar essas empresas, mas isso chegou umpouco tarde para alguns”. O economista Flávio Calife comenta que existem alguns escritórios de advocacia que estão até estimulando seus clientes a pedir recuperação judicial. “Vemos alguns advogados que estão convencendo seus clientes a pedir RJ para evitar a falência, só que isso pode não ser o suficiente para salvar esses pequenos e médios empresários”. Alexandre tem a mesma visão de Calife e ainda vai além. “A recuperação judicial funciona bem quando a empresa apresenta uma recente queda na receita e está sem fluxo de caixa para poder pagar suas dívidas. Esse grande volume de dívidas exige umplano de reestruturação que esteja dentro da realidade da empresa, pois elas ficam congeladas por 180 dias e podem ser renegociadas, porém terão de ser honradas”, explica. Exatamente por esses motivos que ambos acreditam que muitas empresas que estão em RJ devem decretar falência em breve. “Algumas não voltarão devido a uma situação muito
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