MV Norte & Nordeste 26
23 PAULO STORANI, EX-CAPITÃO DO BOPE Especiais, o BOPE. Trata-se de uma orga- nização que reúne pessoas treinadas para atuar no alto desempenho, focadas em objetivos, em conhecimento especializa- do e com pré-disposição para executar missões arriscadas – sem abrir mão de estratégias e táticas. Ex-policial militar do BOPE, ex-diretor de empresa pública, ex- -secretário municipal de segurança (São Gonçalo-RJ), professor de educação físi- ca, antropólogo, consultor de empresas e palestrante, Paulo Storani, é o maior ex- poente dessa onda de disseminação dos conceitos do BOPE no mundo dos ne- gócios. Quando provocado a falar sobre o tema, ele é direto e realista: brasileiro não foi preparado para operar no modo de alta performance. Para chegar a esta conclusão, ele mergu- lhou na formação educacional e consta- tou que nos acostumamos a estudar para passar de ano, e não para aprender. Basta atingir uma média mínima para avançar. Esse sistema faz com que o empenho seja suficiente para obter o necessário. Ou seja, programamos nossa mente para trabalhar no modo médio. “Fomos pre- parados para a mediocridade”, lamenta, após palestrar para quase três mil empre- sas, como Ambev, Grupo Pão de Açúcar, Magazine Luiza, DHL e Mercado Livre, entre outras. “É uma questão cultural”, reforça, em entrevista exclusiva para a Móveis de Valor . Para Storani, as pessoas são capazes de mobilizar suas energias desde que re- conheçam valor nas ações, que tenham causa, propósito. O grupo que atual- mente se encaixa nesse perfil de alta per- formance é o que segura o negócio, faz o seu melhor. Imagina a maioria tendo este comportamento. O sucesso é certo. É possível, então, fazer com que mais pessoas mudem a sua mente? “Sem dúvida. Comece conscientizando sua equipe a estudar para aprender”, vai logo avisando. Aqui entra um compo- nente vital que é fazer a pessoa sair da zona de conforto para o do desconforto. “Desconforto é a única solução para bus- car novas saídas, novos horizontes, novas perspectivas”, adverte. E acrescenta: “É alguém preparado para agir na urgência e decidir na incerteza. De produzir uma nova forma de pensar, estabelecer propó- sito. É superar seus próprios limites”, diz. O treinamento do BOPE é justamente baseado no desconforto e no desafio per- manente (veja box) . É PRECISO FALAR DE PROPÓSITOS Entre os mais variados métodos disponí- veis para converter equipes de venda em times de alta performance oferecidos. Quando o tema é estratégias compor- tamentais, ele divide as pessoas em três grupos: o de vitimização; de figuração, e os protagonistas. O primeiro é alguém que viveu situação de extremo descon- forto (vítima de um crime, uma perda, desastre, sinistro). A questão é saber quando alguém se passa de vítima. Veja o caso do jogador Neymar. Na Copa da Rússia (2018) ele foi criticado pela comu- nidade internacional. Certamente, que ele foi perseguido em campo, mas preci- sava de toda daquela encenação? DA VIOLÊNCIA URBANA PARA O ESTRELATO O filme Tropa de Elite (2007) tornou o BOPE mundialmente conhecido. Atualmente, vários estados contam com batalhões de operações especiais. O enredo dá uma boa ideia de como é o processo para ingresso na corpora- ção. Segundo Storani, a seleção dura 17 semanas. Exemplificando, numa primeira etapa, supondo 300 candida- tos inscritos, apenas 35 são escolhidos e, destes, entre 8 e 12, continuarão nas próximas 16 semanas. “Por que as pessoas pedem para sair? Porque descobrem que não nasceram para operações especiais, mas para outras coisas. Se estiver se sentindo pressio- nado, você está no lugar errado. E se está no lugar errado, vai viver infeliz. Se está infeliz, busque outro lugar para ser feliz. Estamos aqui na Terra em busca de felicidade”, conclui.
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