MV Norte & Nordeste 26

32 Aprenda a contornar obstáculos que surgem na hora da venda Desperdiçar uma chance de venda custa mais caro do que você imagina, confira dicas para aprimorar seus dotes como vendedor O cheiro do hálito de café com a imagem de uma figura alta e careca que usava óculos de aro grosso. Essa é a primeira lembrança que me vem a mente quan- do penso em Geraldo Frota. Apesar da imagem expressiva que se concretiza em meus pensamentos quando esse nome reaparece em meio a uma conversa coti- diana, já se passaram três décadas desde que eu conheci essa figura. “Você fechou a venda?”, ouço sua voz se aproximando até parar a aproxima- damente cinco centímetros do meu rosto. Geraldo era o gerente da loja, ele beirava os 60 anos na época e era o me- lhor vendedor da loja na qual eu havia sido recentemente contratada. Aquela havia sido minha primeira opor- tunidade de emprego. No auge dos meus 18 anos, precisei ir em busca de uma ren- da a mais para ajudar minha família. Não são muitas as oportunidades que surgem para uma jovem tão nova e sem expe- riência em nenhuma área. Mas a Loja Bom Sonho abriu suas portas para mim. Em meu primeiro dia de trabalho, apro- ximei-me de um casal de clientes que passeava pela loja. Logo, ouvi deles: “es- tamos apenas olhando”. Em seguida, me retirei e voltei para ao lado do caixa da loja. Nesse momento, vi Geraldo vindo em minha direção. Seus olhos rotineira- mente azuis tornaram-se acinzentados e pude notar suas veias quase saltando para fora do pescoço. “O que é que acabou de acontecer aqui?”, ele falava tão alto e tão próximo a mim que eu podia sentir as gotículas de sali- va no meu rosto. Prontamente respondi: “eu os abordei, como o senhor me orien- tou, mas eles estavam só olhando...”. Ao contrário do que eu estava esperando, minha resposta o enfureceu ainda mais. “Sua idiota! Todos falam que…”. Nos 40 minutos seguintes recebi uma aula de como recepcionar um cliente. Geraldo me educou como vendedora. Com seu olhar de fúria voltado para mim, ele fez todas as perguntas que eu deveria ter feito aos clientes que eu ha- via acabado de perder. Apesar do medo que senti ao vê-lo tão próximo a mim e gritando daquele jei- to, hoje, quando olho para trás, percebo o quanto aquele momento foi crucial para a minha carreira como vendedora. Na época, nunca pensei que algum dia eu diria isso, mas sou eternamente gra- ta por ter conhecido Geraldo logo no início da minha jornada nessa profis- são. Tudo o que ele me ensinou carrego comigo até hoje. Há 30 anos eu não conseguia compreen- der o motivo de tamanha fúria de Geral- do “apenas por uma venda perdida”. Na época, eu nem imaginava que permitir

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